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terça-feira, 30 de outubro de 2012

É de tirar o chapéu. Lula conseguiu

Cabe aqui neste espaço, hoje, uma conversa que tive, na Redação da Gazeta, há cerca de quatro meses, com o também jornalista Rafael Sereno num plantão de sábado, sobre as possibilidades eleitorais. Ao discutir as locais, avançamos à região e capital paulista, quando o petista Fernando Haddad caminhava lento, em seus poucos mais de 3% nas pesquisas. Haddad foi "indicado"  por Lula em São Paulo, em lugar da senadora Marta Suplicy, também do PT, que aparecia nas primeiras pesquisas, ainda sem as oficializações dos nomes, bem à frente do próprio tucano José Serra, Celso Russomano, do PRB, entre outros nomes.
Não fiz previsão nenhuma, mas sugeri, ao Sereno, que estava vislumbrando um novo efeito Dilma, agora no município mais importante do País. E comentei, também, que se Lula conseguisse eleger o ex-ministro da Educação, seria preciso reconhecer sua liderança e tirar o chapéu a ele. Embora não tenha discordado, ele me alertou sobre a diferença de tempo entre os dois momentos. O nome de Dilma já figurava nas disputas políticas havia cerca de um ano antes, naquele período. E Haddad estava a pouco mais de 100 dias da eleição, enquanto Celso Russonamo e Serra cresciam, o candidato petista patinava nos porcentuais, figurando entre os últimos. Em quarto ou quinto lugar, se não me engano. O candidato da Igreja Universal, que aparecia como o novo, roubava votos justamente de Haddad.
Assim que a campanha eleitoral teve início, mesmo que tímidas, eram perceptíveis as mudanças de comportamento do eleitorado. O escolhido de Lula começava a crescer, embora não ameaçasse os líderes, já inspirava atenção dos concorrentes. Até as vésperas do primeiro turno, ele figurava em terceiro e nem iria ao segundo. Aí veio a mudança, findo o pleito do dia 7 de outubro, lá vão Fernando Haddad e José Serra ao segundo turno. Brilhou, então, a estratégia e a estrela - sem trocadilhos - do ex-presidente. As primeiras pesquisas já assustaram os tucanos, mostrando o petista mais de 16 pontos  à frente do peessedebista. E assim foi até o último domingo, com a vitória de Haddad, por pouco mais de 11 pontos porcentuais à frente de seu oponente. Mérito de Lula? Sim. Vitória de Lula? Sim. E uma derrota da própria gestão Gilberto Kassab (PSD) umbilicalmente ligada ao tucano.
Como na maioria dos municípios, gestões reprovadas não conseguiram reeleger - ou eleger - seus sucessores. É uma análise lógica, desse tipo de eleição. Muito particular, mesmo sob a influência de lideranças nacionais. Em Campinas, Lula não conseguiu eleger Pochmann: o PT estava vinculado à administração dr. Hélio e teve gestões desastrosas, como a de Izalene Tiene. Em Recife e Belo Horizonte, o partido de Lula cometeu erros estratégicos e saiu derrotado, assim como em outras capitais, nas quais desprezou aliados no PSB, o partido que mais cresceu nessas eleições. Salvador é um alerta claro. É preciso pensar nisso. Como é preciso tirar o chapéu para Lula. Ele é amado e odiado, porém não pode - e não deve - ser subestimado, pois arrogância não ganha eleição. Penso que ele aprendeu isso também.

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