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quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Pela ciência. E pela vida!

O mês de agosto deve marcar mais um debate ferrenho entre o anacronismo das igrejas católica, evangélica e outras confissões religiosas - e associações que se intitulam pelo direito à vida - contra argumentos científicos de irrefutável comprovação, que farão do Supremo Tribunal Federal (STF) um ringue, numa contenda inútil. É que o Supremo deve decidir, neste mês, sobre a interrupção da gravidez de fetos sem cérebro, uma anomalia congênita grave e letal em 100% dos casos, conhecida como anencefalia. Por que a contenda? A resposta é tão óbvia quanto à improcedência desse ranço religioso em ter direito a decidir sobre as necessidades humanas: a igreja não quer perder o domínio sobre o que e a quem ela acha que deve ter. Um dogma tão antigo e ultrapassado, quanto sua postura em assuntos que não lhe dizem respeito. O direito ao livre- arbítrio é um deles! Daí o anacronismo de sua postura, citado por mim no início deste texto.
Não sou e numa serei favorável ao aborto pelo aborto. Aquele que leva milhares de mulheres - jovens ou não - a clínicas que são açougues de fetos, conduzidas por médicos, verdadeiros carniceiros do jaleco branco. Sou contra o aborto de adolescentes bem-nascidas, que querem expulsar de seu corpo uma vida concebida numa transa de fim de noite, pós-balada, bebidas e drogas. Nem tampouco para que marmanjos - riquinhos ou não - fujam de suas responsabilidades, por uma sedução bem-sucedida. E menos ainda, por uma gravidez indesejada de mulheres que conhecem a prevenção, sabem como usá-la, mas acabam se esquecendo delas na hora do prazer. A camisinha, que tem veto da igreja, é uma delas! Tudo isso acaba se tornando uma questão de saúde pública, com consequências danosas às mulheres que buscam por esse tipo de serviço e ao próprio sistema público de saúde! É nisso que se tem que pensar, e não na defesa de uma tese sem qualquer razão lógica.
É isso que a igreja tem que levar em consideração. Não fomentar o terror religioso e julgar-se acima do bem e do mal, para decidir o que é certo ou errado. Em especial quando se trata de uma decisão de foro íntimo. É desumano obrigar uma mulher a gerar um bebê que se sabe condenado: para a mãe, que não poderá ter seu filho nos braços e para o bebê, que não viverá mais que segundos. Talvez minutos. E se deputados e senadores se deixam levar apenas pela falácia populista-religiosa, para não perder preciosos votos, e não se resolvem sobre a legalização formal do aborto, que o STF decida. Como vai acontecer. Neste caso, apenas sobre a questão da anencefalia. Espera-se que seja uma decisão pela ciência. Não há fogueiras e nem bruxas a serem queimadas. Trata-se apenas de um voto por respeito à vida!

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