A pressão que vem do povo é algo a se considerar. Ela expurga interesses políticos e pessoais, para que não haja sensação de dúvida, impossibilitando vacilos danosos contra o que é da própria vontade popular. Esse pequeno comentário é fundamental para uma análise mais profunda dos acontecimentos que abalaram - e ainda estão abalando - Campinas nos últimos dias. Desde o movimento dos caras-pintadas (que precedeu a cassação do então presidente Fernando Collor de Mello), não se via tamanha mobilização popular quanto a ocorrida no vizinho município, pela moralização da política. Uma tomada de atitude clara e inequívoca, que refletiu numa decisão, quase unânime da Câmara Municipal, em cassar o prefeito Hélio de Oliveira Santos (PDT), ou doutor Hélio, como gosta de ser chamado. O voto isolado do vereador do PCdoB, Sérgio Benassi, pela manutenção do mandato do pedetista, é algo a se considerar, mas que só ele pode explicar. Se tiver como!
Guardadas as devidas proporções do período pré-impeachment, ocorrido entre os meses de agosto e setembro de 1992 e que teve alcance nacional, o descontentamento da população campineira, a partir das primeiras denúncias do Ministério Público (MP), foi aumentando à proporção do desmonte do aparato infiltrado em secretarias e autarquias do governo do Dr. Hélio. A mídia também não se furtou a mostrar, com riqueza de detalhes, tão intrincada operação de ganhos desproporcionais. A eficiência do MP em suas investigações, que a cada dia fazia desmoronar um vultoso esquema de corrupção e benefícios a integrantes do primeiro escalão da administração, amparada pela livre informação, teve papel fundamental na insatisfação popular, que "explodiu" assim que os vereadores decidiram ler e votar a cassação do prefeito.
Outro ponto a se considerar neste momento, é que o dr. Hélio foi eleito e reeleito com expressiva votação e agora é da mesma forma reprovado por sua conduta, que se não teve participação direta na ação de seus homens de confiança - entre essas pessoas sua própria mulher - nada fez para evitar o danoso esquema. Se foram os vereadores que apearam Hélio de Oliveira Santos do poder, porque é de competência legal deles tal ação, só o fizeram porque sentiram a força da opinião pública, ávida por uma resposta afirmativa a seus anseios. Uma lição tão básica quanto clara e que está ao alcance de quem quiser aprendê-la. E aos menos avisados um recado, mais claro ainda, da importância de não se deixar levar por interesses pessoais ou de barganha política e troca de favores. Uma oportunidade que, quando bater à porta, deve ser aproveitada com sabedoria. A história é cruel com aqueles que deixam passar o seu bonde sem aproveitar a carona. Mais direto, impossível!
terça-feira, 23 de agosto de 2011
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