Se algum analista político se surpreendeu com os resultados da nova rodada da pesquisa eleitoral para a presidência da República da CNT/Sensus, divulgada ontem, é porque desconhece a política enquanto ciência dinâmica, que reflete o momento em que a amostragem foi colhida e, por consequência, pode - ou não - traçar o caminho a ser percorrido pelos candidatos até o dia em que o eleitor fará sua opção e apertará a tecla “Sim” na urna eletrônica.
Ao mostrar um empate técnico entre a petista Dilma Rousseff e o tucano José Serra, colocando a ex-ministra à frente nos porcentuais tabulados, a pesquisa indica que a partir de agora o eleitor já tem uma definição dos candidatos. E de quem estará apoiando quem. Ou seja, ao deixar o Ministério da Casa Civil e se mostrar como a ungida por Lula na corrida presidencial, ela já tirou a diferença que a separava do principal candidato da oposição, que tem as bênçãos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Ou como a própria pesquisa está apontando, Lula transfere seus votos em patamar mais elevado que FHC.
Não pretendo analisar aqui os porcentuais dessa pesquisa, mas fazer um balanço prático e bastante realista daquilo que todos já esperavam, mas ainda tinham receio em admitir. A performance do ex-metalúrgico e líder sindical, que foi guindado pelo voto popular ao cargo máximo da Nação e seus índices de avaliação positivos (tanto o pessoal como o de seu governo) o credenciam, sim, a uma transferência de votos ainda não percebida, desde que o País está escolhendo livre e diretamente o principal mandatário. Até ontem, um presidente transferia voto para seu candidato se este fosse o próprio no exercício da função, ou seja, candidato à reeleição. Foi assim em 1998, com FHC e em 2006, com Lula. FHC foi reeleito, mas não conseguiu emplacar Geraldo Alckmin; Lula foi reeleito, desbancando o tucano José Serra. Agora, pelo andar da carruagem, Lula parece que vai emplacar Dilma. Não dá para afirmar mais que isso!
E a comprovação vem dos números - não sou eu quem está afirmando, mas o resultado da amostragem. Até mesmo na espontânea, onde o eleitor escolhe um candidato de sua preferência, sem nenhum nome apresentado, Dilma está batendo Serra. Nesse caso já fora da margem de erro, ou seja, do empate técnico. E mais uma prova dessa avaliação positiva do presidente Lula e de seu governo é que a petista aparece como vencedora, também sobre o tucano, nas simulações de segundo turno.
E não há indícios, no agora da política, que mostrem uma reação de Serra. Como afirmei no início deste texto, a política reflete o momento. E o momento é de Dilma. Embora a definição esteja lá na frente e há toda uma campanha a ser desenvolvida, inclusive com o horário eleitoral obrigatório. Nenhum deles ousará cantar vitória antecipada. Nenhum analista poderá afirmar que esse ou aquele será o vencedor. A única certeza é que Lula e seu carisma podem, de fato, definir essa eleição!
Antonio Claudio Bontorim
terça-feira, 18 de maio de 2010
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