O governo com certeza já esperava, mas a oposição sonhava com mais e acabou, de certa forma, frustrada pelos números apresentados pelo Datafolha, no último sábado, 5, em mais uma rodada de pesquisas eleitorais a presidente da República. A luz laranja acendeu para Dilma e o PT, e um balde de água fria foi jogado sobre o senador tucano Aécio Neves e o ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), que sonhavam com índices melhores. O cenário apontado pelo instituto, ligado ao jornal Folha de S. Paulo, com Dilma aparecendo ainda à frente e com vitória em primeiro turno, não é e nem deve ser comemorado pelo governo federal. Ao contrário, requer uma ampla e criteriosa análise política, em virtude da queda da presidente, de 44% apontada em pesquisa de fevereiro, para 38%, agora no início de abril.
Ainda há folga, porque a oposição não empolga (a rima foi espontânea). Os dois candidatos patinam em seus porcentuais, e praticamente nada ganharam com a queda de Dilma. Aécio manteve os 16% e apenas Eduardo Campos cresceu 1%, subindo para 10%. Ou seja, a impressão é que o eleitor, a população de uma maneira geral, quer mudanças – e o País precisa, de fato, de mudanças, tanto estruturais como políticas – mas titubeia em querer mudar os protagonistas. Esse quadro já foi mostrado em outras pesquisas, em especial no ano passado, quando das manifestações de junho e, de lá para cá, nada mudou. Os dois principais candidatos da oposição não conseguiram, depois de nove meses, quando o povo foi às ruas, qualquer alteração em suas situações. Não capitalizaram o descontentamento popular em benefício próprio, porque também não apresentaram propostas que indiquem justamente uma nova maneira de governar.
Se o senador mineiro, candidatíssimo à sucessão de Dilma, até agora mostrou apenas um discurso de desconstrução da administração federal, o socialista Campos tenta colar seu nome a Lula e fala muito em melhorar o que já foi feito. Ou seja, aposta na continuidade de um governo do qual fez parte, e que abandonou por suas ambições políticas. Note-se, entretanto, que Aécio tenta capitalizar o legado de Fernando Henrique Cardoso, esquecido pelos também tucanos Geraldo Alckmin e José Serra em suas campanhas eleitorais. Se FHC é corretamente reinventado no cenário político, não custa lembrar, também, que ele deixou o governo, em 2002, com índices de popularidade bem menores que os da atual presidente.
Como Aécio e Dilma já estão em campanha há muito tempo, Eduardo Campos agora tem um excelente trunfo a utilizar: Marina Silva, que deve ser a vice na chapa do PSB e que, por ironia, é a única que poderia levar a eleição a segundo turno, conforme o próprio Datafolha. Sem constar na lista de presidenciáveis, ela tem, sozinha, a soma de Aécio e Campos e mais um ponto de sobra (27%). Se ela vai transferir seu eleitorado a Campos, é outra história. Se conseguir, pelo menos em parte, coloca até o tucano na berlinda. E o PT ainda teria Lula. Faltando pouco mais de cinco meses para as eleições e sem nenhuma candidatura oficializada, cada um faz sua leitura dentro daquilo que é possível acontecer. E todas elas prováveis. Por enquanto, os números são esses.
terça-feira, 8 de abril de 2014
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