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domingo, 6 de abril de 2014

A história reescrita não muda a história passada

Nesta última semana, matéria publicada pela Gazeta, da jornalista Érica Samara da Silva, acabou causando um certo desconforto a muitos leitores, temerosos com as alterações de rumos na história recente do Brasil. Nada tão polêmico que mereça tanta preocupação, mas acabou mexendo com algumas pessoas. Trata-se de um projeto da vereadora Erika Monteiro (PT), acompanhada pela bancada do partido, que muda regras para denominação de vias e logradouros públicos e abre precedentes para possíveis mudanças de nomes, em locais já batizados. Especialmente aqueles que façam a apologia de pessoas e autoridades relacionadas com o golpe militar ou qualquer outro tipo de crime. Fruto evidente das lembranças do cinquentenário do próprio golpe. Li comentários nas redes sociais e recebi e-mails sobre o assunto, mostrando temeridade com o que esse tipo de projeto possa acarretar do ponto de vista histórico. Não vejo implicações dessa natureza na propositura da vereadora. A história reescrita apenas insere informações, mas não muda seu curso.

Não é o que parece
Nem tudo, naquilo que acreditamos, representa, de fato, uma verdade insofismável. Há variáveis que são desprezadas, mas acabam vindo à luz para corrigir desvios, muitas vezes despercebidos e que podem causar desconforto num primeiro momento, quando trazidos à nossa consciência. Ora, assim é a história. Assim é o conhecimento passado de geração a geração, por livros escritos. Ou de boca em boca.

Muita coisa mudou
Exemplos concretos desse reescrever já fazem parte dos livros de história. Do Brasil, e também mundial. O que aprendi sobre a Independência e o herói dom Pedro, sobre a proclamação da República e o corajoso marechal Deodoro, meus filhos aprenderam de forma diferente. Recontado por descobertas, que foram sendo incorporadas aos fatos, mas não mudaram os acontecimentos e nem quem os fizeram.

É confusão à vista...

Nesse caso de mudança de nomes de ruas e outros logradouros, o risco é a confusão que isso deve causar. No reordenamento de endereços e dados cadastrais à disposição dos serviços de entrega dos Correios, nos documentos públicos e no tempo que se vai levar para entender que “meu endereço mudou”. Mas não mudou. Apenas a sua denominação. A história vai continuar sendo contada da mesma forma. Não tem como apagar.  

Para que borracha?
Todo esse preâmbulo foi necessário para afirmar que estamos banalizando o debate. E nossos queridos vereadores – ou seriam edis? – estão incentivando essa banalização. Com discursos intensos, porém, vazios. Sou ferrenho crítico do golpe militar. Mas o simples fato de apagar de uma placa o nome de um ditador, não vai eximi-lo da culpa pelos crimes cometidos. Nem mesmo vai reescrever essa recente história de horrores. 

E o fim da história
As prioridades do município passam ao longe de discussões dessa natureza. Por isso é importante que esse discurso contemple as necessidades reais e imediatas de Limeira, para a construção de um futuro melhor.

Por falar em futuro
Depois dos anúncios da redução da mortalidade infantil e da queda da fila na busca por creche, que devem, sim, ser interpretadas de forma positiva, a semana marcou também um novo compromisso do poder público com a população. A revisão do sistemas de semáforos na área central, que começa a operar amanhã com nova programação. Os temporizadores, segundo a Secretaria dos Transportes, levarão em conta as características do trânsito em cada período do dia. E que são de fato diferentes, levando em conta o horário, o dia da semana ou outras variantes. E que têm deixado os motoristas irritados com fluxo inconstante e lento do tráfego, tendo os semáforos como vilões.

E... que assim seja
Lembre-se que a questão do trânsito na área central do município está um caos. E as promessas – e compromissos – assumidos pelas autoridades do setor têm resultado em praticamente nada de melhorias. Vem de longe a falta de sincronismo nos semáforos, que, quando parecem ter solução iminente, dá-se dois passos atrás. Os últimos governos têm passado batido sobre o problema, a despeito de toda a pompa com que prometem.

Colaboração geral
Se de fato essas melhorias saírem do papel à prática, haverá um enorme ganho para todos aqueles que se utilizam da região central para seus afazeres. Trabalho, compras, busca por serviços, entre outros, poderão se tornar menos penosos, como é hoje. Quem precisa desse deslocamento diário sente as dificuldades e a falta de fluxo contínuo nas ruas centrais, servidas por semáforos. É preciso, entretanto, que o motorista e os pedestres também contribuam para essa melhoria. Não retardando saída nos sinais verdes ou atravessando as ruas de forma atabalhoada e fora das faixas de segurança.

Pergunta rápida
O movimento "Volta, Lula" pode se fortalecer às eleições presidenciais ainda neste ano?

Mais fisiologismo

O novo ministro das Relações Institucionais do governo Dilma Rousseff (PT), Ricardo Berzoini, disse que é preciso fazer mais concessões para reduzir “a temperatura entre o Planalto e o Congresso”. Aécio Neves (PSDB) se alinha e busca apoio no DEM de César Maia, no RJ. Campos renuncia, inaugurando obras inacabadas em Pernambuco. O que mais de tão ruim pode acontecer na política nacional, que não sabemos ou estamos cansados de ver, ler e ouvir? Que ninguém espere renovação política em 2014. Se mudar de mosca, vai tudo continuar na mesma. Para não dizer outra coisa. Enquanto as reformas não vierem, nada de novo vai acontecer.

Nota curtíssima

A indiferença é arma eficiente contra os que buscam debates com ataques pessoais.

A sessão promete
A sessão ordinária da Câmara Municipal de Limeira promete, para esta segunda-feira. Não por conta de projetos polêmicos ou leitura de pedidos de comissão processante e afins. É que o vereador André Henrique da Silva, o Tigrão (PMDB) afirmou a esta Gazeta, em matéria publicada na última sexta-feira, que vai, sim, assinar pela instauração da CPI da Consultoria, que atinge diretamente o secretário Mauro Zeuri. Ele foi bastante claro, ao dizer que pretende assinar o documento em plenário. Se vai mesmo, é uma outra história. Tigrão quer garantir mídia ao seu mandato, da pior forma possível. 

Frase da semana

"Não me encoxa que eu não te furo". Escrito em saquinho contendo alfinete, distribuído por um grupo feminista às mulheres, em porta de estação do Metrô em São Paulo. Sexta-feira, 4. Na Folha de S. Paulo.

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