Na semana passada, em meu artigo da terça-feira nesta coluna ("O desperdício da não continuidade", que pode ser acessado através do link http://colunatextoecontexto.blogspot.com.br/2013/03/o-desperdicio-da-nao-continuidade.html) tracei um perfil das administrações municipais que descontinuam obras de administrações passadas, principalmente de governos de outros grupos políticos, mesmo que sejam importantes e de interesse público. Citei exemplos, como também dos serviços públicos de baixa qualidade. Hoje quero mostrar uma outra faceta do setor, aqui denominado público: o simbolismo político. Ou seja, das denominações de programas ou serviços, que mesmo se tornando verdadeiras marcas, com logotipos e tudo o mais, são substituídas ao bel-prazer da administração sucessora, tudo para não deixar nada que possa lembrar o passado. Para mim trata-se apenas de uma questão de vaidade e esse descontinuismo se tornou obsessão, independentemente de sigla partidária ou coloração ideológica. Em vez de construir a própria marca, o administrador quer destruir a que já existia.
É um entra e sai...
Essa questão de marca política não é tão antiga assim, mas de governo em governo cada reformulação faz com que a sociedade perca as referências do próprio serviço público, do qual desfruta. O exemplo mais recente é aqui de Limeira mesmo, como o fim da Empresa Fácil e a entrada em funcionamento da Sala do Empreendedor. Denominações diferentes para um mesmo tipo de serviço.
Primeira mudança
É, em apenas 75 dias de novo governo, a primeira substituição, para entrar no currículo da nova administração. O Centro Vocacional Municipal foi o primeiro a ser desativado. Inclusive com anúncio oficial. Não me surpreenderia se, mais à frente, o Restaurante do Trabalhador também mudasse seu nome. Tudo desnecessário, diga-se. O fim é o mesmo, porém é preciso mudar a marca. Egocentrismo.
E como está... fica
No caso da Sala do Empreendedor, sua função também será a de facilitadora para novos empresários e novas empresas. Já era assim com o Empresa Fácil. E é bem provável que uma próxima administração também mude tudo novamente. Em vez de bons serviços prestados, é um desserviço à própria comunidade. Desde que foram criadas, entretanto, duas marcas que hoje não significam mais nada, teimam em se perpetuar por aqui: Emdel e Codel, cuja função para as quais foram criadas era idêntica. O que valeu, nesse caso foi, mais uma vez, a questão da vaidade pessoal, na alternância dos governos Paulo D'Andréa e Jurandyr Paixão.
O tempo não apaga
Por mais que tente dar cara própria a cada troca de administração (que é importante também), penso que não há necessidade de se desmanchar o que já está pronto. A cara própria se dá através da criatividade de criar novos empreendimentos ou serviços. Sem, entretanto, precisar extinguir o que já funcionam.
Prioridades reais
Já que o tema é administração municipal, aqui vai um problema, que usuários estão enfrentando no Ambulatório de Saúde Mental: a falta de medicamentos. Segundo alguns deles, a situação se complicou a partir de janeiro. São remédios controlados e de uso contínuo que, em muitos casos, não podem ter interrupção na prescrição. Também havia denúncias sobre a falta de leite especial, para crianças com refluxo, mas na semana passada a Secretaria da Saúde anunciou que está solucionando o problema. Ficam o registro e a esperança daqueles que dependem do poder público esses tratamentos.
Pergunta rápida
Qual será o próximo alvo do programa "Esse bairro é meu", depois dos incidentes no Odécio Degan?
Notícia da semana
Sem dúvida alguma, o assunto desses dias, desde a última quarta-feira, foi a eleição do novo papa. Favorito em conclaves anteriores, segundo vaticanistas, desta vez o arcebispo de Buenos Aires, o cardeal Jorge Mario Bergoglio, 76 anos, chega ao Trono de Pedro e será o comandante da Igreja Católica Apostólica Romana, até que não mais poder. Rompeu as barreiras do eurocentrismo e dá à América Latina o primeiro papa na história do catolicismo. Bom ou ruim? Difícil analisar de imediato, a não ser o fato de também ser da ala conservadora da igreja. Cada um que tire sua própria conclusão.
Sem boas-vindas
Aclamado pelos católicos argentinos e latino-americanos pelo ineditismo na eleição, o papa Francisco - o nome que o cardeal escolheu para seu pontificado - é para o bispo auxiliar da Arquidiocese de São Paulo, dom Edmar Péron, um desconhecido. Parece mais ciumeira dos seguidores de dom Odilo Scherer. Faz parte.
Ditadura na mão
Na Argentina, dom Jorge Mario Bergoglio é acusado de ter sido cúmplice da ditadura militar, entre 1976 e 1983. A Associação das Mães da Praça de Maio é quem o acusa. O cardeal (agora papa) também é acusado de facilitar o sequestro dos sacerdotes jesuítas, fato que virou livro do jornalista Horacio Verbistky, especialista no tema. Bergoglio também se recusou a depor, inclusive sobre os bebês sequestrados, que foram entregues à adoção para famílias de militares.
O Vaticano nega
Nos últimos dias a Santa Sé tem se apressado em negar e desmerecer as denúncias, que se forem de fato verdade, será o primeiro problema que o papa Francisco terá que enfrentar com a opinião pública. Sobre seu pontificado é preciso que se espere por suas primeiras ações, para poder conhecer o caminho que seguirá. Se o das reformas ou se o da continuidade. Reformas são necessárias, com urgência e em todos os sentidos, para o próprio futuro do catolicismo.
Nota curtíssima
Tem muita gente, entre os que defendem ferrenhamente a liberdade de expressão, que ainda não aprendeu a respeitar a opinião alheia.
Frase da semana
"A igreja não funciona mais". Do cardeal brasileiro dom Claudio Hummes, pedindo mudanças estruturais na instituição. Ontem na Folha de S. Paulo-Mundo.
domingo, 17 de março de 2013
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