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domingo, 31 de março de 2013

Quase cem dias, mas ainda sem nada

A administração Paulo Hadich (PSB) está prestes a completar cem dias. Normalmente, pelo simbolismo que o número representa, é associado a alguma marca importante, quando se fala em início de novas administrações públicas. Há sempre, mas isso não é uma regra - e também não chega a ser exceção - uma meta traçada para que o novo gestor possa dar feição própria ao seu trabalho. É um marco que vai definir as linhas traçadas e os caminhos a serem seguidas. Costumo afirmar, que o prazo para um novo prefeito, governador ou presidente da República se mostrarem deve ser de seis meses. E para mostrarem quais serão as metas programadas pelos quatro anos de mandato. Os cem dias, entretanto, é importante. Não conheço, nesse sentido, nenhum propósito de balanço desses cem dias iniciais. Não é obrigação do novo prefeito apresentá-lo, mas é uma forma de dizer à comunidade e aos eleitores que nele confiaram, que ele está presente; que vai seguir o programa e os compromissos assumidos em campanha pelo bem comum. Ainda não há uma nenhuma indicação clara nessa direção. O dia 8 é o "dia D".

A cara do novo
Para Limeira, Hadich deveria representar a "cara do novo". A entrada do PSB-PT no poder é uma quebra do conservadorismo, que tem a idade do próprio município. E como tal, tem a obrigação de ser um pouco mais ousado, mesmo com os problemas deixados por seus antecessores, que também ninguém sabe quais são, pois não foram anunciados. Se foram auditados, também, ninguém sabe.

Fazer a história
Essa ruptura de tradição, de administrações conservadoras e voltadas à direita, precisa ser marcada de forma concreta e, dessa forma, dar demostrações de que pode, sim, ser benéfica ao município e seus habitantes, com inovações nunca antes sentidas, mas sempre desejadas. E o Orçamento Participativo, recentemente lançado, pode ser o início das mudanças, como marca política. É preciso mais.

Parece que vai...
...mas à vezes trava. Se o caminho é o da inovação, o governo não pode hesitar entre a prática conservadora e uma proposta progressista. Isso não existe. Ou se assume como fonte de renovação política ou se rende à prática do "deixa estar para ver como é que fica". Que é muito mais confortável, porém, perigosa e por que não dizer desastrosa às próprias pretensões políticas.

Está nas mãos  
A oportunidade foi dada lá em outubro, quando pela primeira vez Limeira elevou ao poder um segmento governista mais à esquerda, com propostas sociais claras e objetivos definidos. Pelo menos no papel estava assim. Para se chegar a isso, entretanto, é preciso coragem de levar a teoria à prática. Nesse caso o meio termo não existe. Se essa nova administração não demarcar seus espaços, não ter convicção para afirmar categoricamente a que veio, corre o risco de se tornar apenas mais um grupo político no poder, com as mesmas práticas recorrentes de sempre.

No meio público
Um dos maiores entraves ao desenvolvimento de uma nação é a corrupção, que provoca enriquecimento ilícito de agentes públicos (com cargos eletivos ou não), seus intermediários e também fornecedores de obras, matérias-primas e serviços. A corrupção mina a função social do estado, desvia dinheiro de serviços essenciais para uma maioria, para os bolsos de uma minoria privilegiada por suas próprias influências. É uma doença crônica e contagiosa, tratada a conta-gotas.

Fonte preciosa
O combate à corrupção, entretanto, deve começar na sua origem. Na iniciativa privada, na qual se fabricam os corruptores, que invariavelmente criticam essa prática nos órgãos públicos, mas sempre pagam por ela. Para obter suas próprias vantagens e garantir benefícios à custa do dinheiro público. Isso sem contar que ela, a corrupção, também campeia livre intramuros das grandes organizações empresariais, também garantindo enriquecimento ilícito a empresários, diretores e até mesmo a níveis em escalões inferiores. Igualzinho ao serviço público. Uma questão digna de reflexão, no sentido do "faça o que eu falo, mas não faça o que faço"...

Poder pastoral
Entidades religiosas estão ganhando o direito de contestar, no Supremo Tribunal Federal, algumas legislações. É que foi aprovada uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC), na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, que dá poderes às denominações religiosas de contestar leis, que não lhe sejam do agrado. A PEC é do tucano João Campos (PSDB-GO), que integra a bancada evangélica daquela Casa. Mais uma proposta risível, cujo objetivo é satisfazer interesses desconectados com os avanços da civilização. Assim como a PEC 37, essa também precisa ser combatida. Somos um estado laico e assim devemos permanecer. Esse é um perigoso caminho para o fundamentalismo religioso. Vade retro.

Em moedinhas
O passe do eterno candidato tucano, José Serra, está mesmo em baixa. A Justiça acaba de arbitrar, em primeira instância, a indenização que o jornalista Amaury Ribeiro Jr. e a editora Geração, do livro Privataria Tucana, terão que pagar, por ofensas morais. O valor indenizatório proposto pelo juiz é de R$ 1.000,00. Se eu fosse o autor e a editora pagava com prazer. E tudo em nota de R$ 1,00.

Pergunta rápida
Alguém se lembra o que se comemorou muito na data hoje, 31 de março?

Nação madura
Se ninguém se lembra mais, felizmente o 31 de março foi esquecido pelo País. Eu que passei minha infância e adolescência, nos bancos escolares, fazendo loas à revolução do 31 de março (tudo assim, escrito em letras minúsculas mesmo), cantando o Hino Nacional, hoje comemoro a democracia e todas as liberdades que foram privadas aos brasileiros, de 1964 a 1985. Os saudositas têm direito de também expressar suas opiniões. Que fiquem, de fato, apenas na saudade.

Nota curtíssima
Já é hora de o deputado-pastor Marco Feliciano (PSC) pedir para ir ao banheiro e deixar a presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Federal.

Frase da semana
"Dilma se entregou à lógica da reeleição". Do senador tucano Aécio Neves (MG), durante Procissão do Enterro, em São João Del Rey. Ontem, na Folha de S. Paulo-Poder.

quinta-feira, 28 de março de 2013

É para valer ou...
... apenas fogo de palha? Os vereadores têm adotado uma postura interessante sobre os assuntos do Poder Executivo. Como uma Câmara deve mesmo ser. As discussões sobre a questão salarial dos servidores mostrou que todos, mesmo os da bancada situacionista, estão assumindo uma posição. Não de confronto, mas de debate em torno do tema, que é muito sensível. Bem diferente de gestões anteriores, quando a maioria governista só fazia o que o prefeito mandava.

Função primeira
A atitude dos vereadores não poderia ser diferente. O "sim senhor" comum na gestão Félix tinha que acabar. E que este seja o momento. Pelo menos parece que é.

Populismo chulo
Pena que alguns vereadores ainda teimem em se enveredar pelo populismo, na hora de seus discursos. Alguns precisam se atualizar e perceber que ninguém mais é bobo, diante da retórica velha, ultrapassada e que cheira a naftalina. E precisam, acima de tudo, perceber quais as prioridades locais antes de se enveredarem pelo pantanoso terreno do "querer cavar espaço" na mídia.

O tempo é cruel
A história não perdoa quem tripudia com a verdade. Vários vereadores não reeleitos caíram rapidamente no esquecimento político. Não há nada mais duro - e justo - do que o julgamento popular. 

Velho conhecido
Quando pensamos que há avanços efetivos, o fantasma do passado nos assola e nos assusta. Estou falando de um manjado discurso, muito utilizado nas gestões Pedrinho Kühl-Pejon (PSDB), Félix (PDT) e Zovico (sem partido): o do interesse político. Agora chegou a vez de Paulo Hadich (PSB) lançar mão dessa retórica. E isso com apenas três meses de governo, ou seja, afirmar que "há conotação política no movimento reivindicatório dos servidores". Seria bom que poupassem nossos ouvidos e paciência com essas teorias conspiratórias.

Tanque flexível
Os documentos que estão sendo levantados pela CPI do SAAE mostram que falta tanque e sobra combustível  

A última de hoje
E assim caminha a humanidade. Depois dos dólares na cueca, agora querem contrariar leis básicas da física, como fazer 100 litros caberem num recipiente para 50...

terça-feira, 26 de março de 2013

Quando o debate vira bate-boca

A busca de espaço na mídia tem levado a equívocos risíveis, muitas vezes simplórios e até mesmo contrariando qualquer lógica previsível, o que tem contribuído para, antes de ser positiva, enveredar pelo caminho da chacota. E esse tipo de atitude não isenta ninguém de, ao menos uma vez na vida, ter buscado a glória de uma página de jornal ou revista; ou os  holofotes das TVs e microfones de rádios. Desde uma autoridade ao cidadão comum, que veem na possibilidade de figurar entre "estrelas", uma oportunidade de se tirar do próprio anonimato do dia a dia. Situação comum entre políticos e pseudonotórios, das mais variadas castas.
E mesmo com o surgimento da internet, que encurtou as distâncias aos centímetros que separam o usuário de seu monitor e os toques contínuos nos teclados, a mídia convencional é aquela que de fato marca. Que dá visibilidade a pessoas e ideias, e as perpetuam. O advento das redes sociais aproximou a todos (em todos os sentidos) de um estrelato momentâneo, que se perde logo nos minutos seguintes, caso não recebam comentários, visibilidade, compartilhamentos e retuítes. O que se escreveu e foi  postado se perde na própria volatilidade dessas redes. Que são velozes e, na maioria das vezes, superficiais. E até instrumentos de agressões verbais e ameaças veladas, que acabam por manchar a relevância dessas ferramentas e dão uma falsa sensação de liberdade. Porém, longe de qualquer responsabilidade.
A mídia convencional - a comunicação de massa -  às vezes também se presta a esse tipo de jogo, quando há interesses próprios encravados na mente de seus profissionais, como se fossem uma verdade única e indivisível. A imprensa, de uma maneira geral, quando mal explorada ou intencionada, cai também na mesma armadilha, que Twitter e Facebook armam para seus frequentadores mais assíduos. A palavra é tão ou mais afiada que uma lâmina de sabre.
Por que estou escrevendo isso? É simples. Tem-se notado - principalmente por quem está na mídia, no meio jornalístico - leituras fragmentadas de textos opinativos, que se não contextualizadas dentro de seu próprio conteúdo, as transformam em meia informação que, a partir desse ponto, é utilizada nas redes sociais para tentar desvirtuar toda uma ideia, que muitas vezes não tem nada a ver com esses fragmentos. E a impressão que se tem é que essas pessoas não sabem ler jornais e revistas, nem ver TV ou ouvir rádio, por inteiro. Não conseguem distinguir o que é opinião do que é informação (notícia), muito embora a opinião sempre vá conter uma informação, mas que é própria de quem as escreve. Ou as apresenta. E que pode, ou não, ter a concordância da direção desses meios. É a tal da liberdade de expressão, que flui de boca em boca, porém, sem o devido entendimento. E com a notícia acontece a mesma coisa. Ela é inteira, não seccionada por períodos. Por frases. Há um contexto que precisa ser observado, justamente para evitar equívocos. A troca de ideias e o debate são proveitosos. O simples querer aparecer, entrentanto, vira bate-boca inútil.

domingo, 24 de março de 2013

Quando não há bom senso, todos brigam

Salvo entendimentos e acertos de última hora, funcionários públicos municipais vão à greve amanhã, pelo não acordo com o Poder Executivo, que até aceitou pagar o aumento pedido, porém, em três parcelas. Trabalhadores, representados pelo Sindsel, querem em parcela única, já em abril. Será um grande teste para o governo Paulo Hadich (PSB), que tem em sua base o PT (com o vice-prefeito e força na Câmara Municipal), que por sua vez apóia o sindicato da categoria, cuja diretoria é formada também por petistas. No plano nacional, quando confrontado pela CUT, de forte formação petista, o ex-presidente Lula também não deu muita trégua e não se deixou pressionar. Assim como a presidente Dilma, na última greve das universidades federais. É a prática comum do morde-assopra. Dá com uma mão e tira com outra. Faz parte do jogo, para que nenhum dos lados se sinta com tanto poder, tornando-se hegemônico. Exageros à parte, vejo na atitude do Sindisel um pouco de preciosismo em decretar a greve, assim como o Poder Público em querer fracionar o reajuste. E ninguém gosta de ceder para não parecer fraqueza.

Por outro ângulo
Penso que há um confronto desnecessário neste momento. Se vai pôr em risco a base política do próprio prefeito, não acredito. Se os políticos não estão amadurecidos para esses embates, não deveriam assumir responsabilidades. O que põe em risco a própria política, tão desacreditada em tempos de transparência e de uma mídia mais atenta e atuante. E não há saída possível, senão o diálogo. 

O fundo do poço
Às vezes, os interesses são tantos e tão centralizados, que não se leva em consideração a parcela de cidadãos que será afetada. E nesse caso, quando envolve os serviços públicos, esse número é consideravelmente alto. Praticamente toda a população. A greve é uma ferramenta justa em qualquer segmento. Deve, porém, ser a última medida, quando não houver mais nada a fazer. Parece que não é o caso.

Acerto de contas
A fonte de todo problema, envolvendo condomínios horizontais e loteamentos fechados e que agora terão que cumprir o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) para reabri-los à circulação pública, está justamente em que aprovou esses empreendimentos. Se não estavam em acordo com a lei, por que foram autorizados? Quem foram os responsáveis por essas autorizações e chancelou tudo isso? Quanto cu$$$$tou essas liberações? Questões inerentes à administração pública municipal, que é quem deve decascar esse abacaxi. Como os outros, que vou descrever nas próximas notas.

É falta de respeito
Os leitores voltam a reclamar contra a situação do trânsito em Limeira. Principalmente pela falta dos agentes, para que possam controlar algumas situações mais críticas, como acidentes, por exemplo. Na última quarta-feira uma leitora enviou e-mail à Redação, relatando um acidente na Praça Luciano Esteves, na esquina com o Banco do Brasil, no início da tarde em pleno Centro, e não se viu um agente para tentar disciplinar o trânsito, que segundo ela, ficou caótico.

Irresponsabilidade
A leitora relatou, também, a falta de sensibilidade de motoristas, que não abrem caminho para viaturas, como a do SAMU, por exemplo, que atendeu à ocorrência. Isso, infelizmente, é comum aqui em Limeira. Mal-educados em seus celulares e ao volante, que também podem provocar acidentes. Situação que eu já presenciei.

Consciência zero
Ainda nessa linha da falta de consciência, mais uma leitora resolveu denunciar outra situação, que é recorrente como tema desta coluna: o uso de vagas especiais de estacionamento, por quem não tem essa necessidade. E muito menos o direito em ocupá-las, como as exclusivas para idosos e pessoas portadoras de necessidades especiais. Desta vez essa leitora fez fotos do desrespeito. Como esta coluna não publica fotos, vou descrever o seu constrangimento, em frente de uma clínica de fisioterapia. Um cidadão que insiste em estacionar sua pick-up, obstruindo guia rebaixada, para utilização por cadeirantes. E isso porque há placas de aviso no local.

E não é só por lá
A leitora relata o drama da mãe, que depende de cadeira de rodas para locomoção e sempre que vai à fisioterapia, o rebaixo da guia está obstruído pelo veículo. Ela conta que já conversou com o proprietário, pediu para que ele deixasse livre o acesso, mas nada adiantou. E fica sempre sob as placas de aviso de "proibido estacionar e uso exclusivo para cadeirantes". O problema é que a falta de educação é crônica. No Centro da cidade é comum ver veículos de robustas e belas senhoras e de jovens sadios, utilizando-se dessas vagas. E a fiscalização... deve estar trancanda em alguma sala da burocracia oficial.

Pergunta rápida

Quem vai ser o candidato do PSDB à presidência da República em 2014?

Nota curtíssima
Quem não tem capacidade para resolver problemas, não deve assumir compromissos e muito menos prometer o paraíso.

Frase da semana
"O papa não teve nada a ver com a ditadura. Não foi cúmplice da ditadura, não colaborou com ela. Preferiu uma diplomacia silenciosa". Do Prêmio Nobel da Paz, o também argentino, Adolfo Perez Esquivel. Na quinta-feira, 21, UOL Notícias-Internacional.

quinta-feira, 21 de março de 2013

Manter o status
Apesar de ter endereço certo, o desagravo ao Ministério Público de São Paulo (MP-SP) e ao promotor Luiz Alberto Segalla Bevilacqua, vem carregado de simbolismos. De apoio ao trabalho investigativo da instituição e seus resultados práticos, principalmente em Limeira, que desbaratou verdadeira quadrilha no serviço público.

Impunidade não
E que possa servir como um recado claro aos ministros do STF, que estão julgando a constitucionalidade da PEC 37 que, se aprovada, tirará todo esse poder do MP, passando-o à Polícia, que sabemos não está tão aparatada para tanto e é morosa demais. Não se pode institucionalizar a impunidade.

É campo minado
O ato, que reuniu o alto comando do MP e associações da classe, inclusive de magistrados, não é, entretanto, foro para se discutir o direito à liberdade de expressão, que é uma garantia constitucional. Para os chamados crimes de informação temos uma outra instância: o Códio Penal, que prevê sanções contra esses tipos de delito. Ninguém está imune a críticas.

Ninguém merece
Fiquei impressionado com o nível dos debates entre os vereadores na última segunda-feira, durante a sessão da Câmara Municipal.

Quem pode mais...
...chora menos. Esse parece ser o propósito do projeto do Executivo enviado à Câmara, para cobrança em cartório de débitos municipais. O pequeno devedor será protestado e o grande devedor estará livre para continuar devendo, conforme mostrou a Gazeta ontem.

Comunicação falha
Ainda ontem, após publicação da matéria da jornalista Érica Samara da Silva o secretário de Negócios Jurídicos da Prefeitura, Rivanildo Pereira Diniz, diz que falhou na comunicação e todas as dívidas serão cobradas dessa forma. É o chamado efeito coelhinho da Páscoa. Uns acreditam, outros não...

A última de hoje
Para atrair de volta os fiéis, a Igreja Católica Apostólica Romana terá que mudar suas estruturas e rever seus dogmas seculares, ultrapassados e irreais. É uma questão interna. Outros temas, como aborto, pesquisas com células-tronco embrionárias e diversidade sexual não precisam de aval da Igreja. O Estado é laico e tem autonomia para legislar sobre esses assuntos.

terça-feira, 19 de março de 2013

Antecipar 2014. A quem interessa?

Na semana passada mais um indício de que 2014 foi definitivamente antecipado. A reunião do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB) com empresários, tecendo críticas à gestão Dilma Rousseff (PT) entram, definitivamente, no clima pré-eleitoral. Embora a impressão seja de que o dirigente nacional do PSB esteja apenas esboçando uma chantagem política ao seu tradicional parceiro (pois ainda faz parte da base aliada do governo federal) para ganhar mais espaço e ministérios, Campos é uma força a ser respeitada. Mostrou isso nas eleições municipais do ano passado, mesmo que seu cacife nacional ainda seja uma incógnita para entrar numa disputa, que vai alinhar outros caciques partidários no embate ao adversário a ser vencido. No caso o PT, de Dilma e Lula.
Nesse rol de candidatos entra também o senador Aécio Neves, ex-governador de Minas Gerais, que deve ser mesmo o escolhido do PSDB - partido que vem polarizando as últimas eleições com o próprio PT - à disputa presidencial no ano que vem, porém, com indícios de enfraquecimento, pela derrota de José Serra para Fernando Haddad à prefeitura paulistana, que pode significar, também, o fim da hegemonia tucana no Estado de São Paulo. Basta uma gestão técnica de Haddad (sem se esquecer da política) e que agrade aos paulistanos, para aumentar o temor dessa perda, que pode ser irreparável aos peessedebistas e o fim de uma liderança de mais de 16 anos. Aécio e o governador pernambucano são muito conhecidos em seus estados de origem, fica a dúvida dessa amplitude na esfera federal.
Outro que não pode ser descartado e ainda sonha diariamente com a principal cadeira do Palácio do Planalto, é o próprio José Serra, apesar de suas consecutivas derrotas e a antipatia que angariou nas últimas eleições que disputou, pelo rumo com que dirigiu suas próprias campanhas. Se será pelo próprio PSDB, situação quase improvável, ou por outro partido, é um nome de destaque nesse cenário. Tanto que a primeira pesquisa eleitoral à Presidência da República, a ser tabulada, segundo alguns analistas, traria o nome de Serra. Os mesmos analistas que indicam sua saída do PSDB com destino a outro partido, para essa disputa. E o PPS, de Roberto Freire, poderia ser o novo ninho do ainda tucano. São, porém, especulações que podem sim, se transformar em fato consumado.
Candidatíssima à reeleição, a presidente Dilma Rousseff tem a seu favor a máquina administrativa e seus índices de popularidade altíssimos e um cabo eleitoral afiado e pronto para a briga, que é o ex-presidente Lula. Quem antecipou a campanha, entretanto, é o que menos importa. Aécio Neves diz que foi Dilma, que rebate acusando o mineiro no mesmo tom. Pelo menos agora o PSDB faz a opção correta em não deixar o debate para a última hora, como vinha fazendo. E o PT e Dilma sabem, também, que essa antecipação lhes é favorável, no sentido de conhecer seus adversários. E torce por essa pulverização, tendo Eduardo Campos, Aécio Neves e José Serra nas urnas eletrônicas. Seria quase uma reeleição garantida. Ainda é cedo para prever. O quadro político, porém, está pintado com essas cores.

domingo, 17 de março de 2013

Obsessão e vaidade. Marcas do agente público

Na semana passada, em meu artigo da terça-feira nesta coluna ("O desperdício da não continuidade", que pode ser acessado através do link http://colunatextoecontexto.blogspot.com.br/2013/03/o-desperdicio-da-nao-continuidade.html) tracei um perfil das administrações municipais que descontinuam obras de administrações passadas, principalmente de governos de outros grupos políticos, mesmo que sejam importantes e de interesse público. Citei exemplos, como também dos serviços públicos de baixa qualidade. Hoje quero mostrar uma outra faceta do setor, aqui denominado público: o simbolismo político. Ou seja, das denominações de programas ou serviços, que mesmo se tornando verdadeiras marcas, com logotipos e tudo o mais, são substituídas ao bel-prazer da administração sucessora, tudo para não deixar nada que possa lembrar o passado. Para mim trata-se apenas de uma questão de vaidade e esse descontinuismo se tornou obsessão, independentemente de sigla partidária ou coloração ideológica. Em vez de construir a própria marca, o administrador quer destruir a que já existia.

É um entra e sai...

Essa questão de marca política não é tão antiga assim, mas de governo em governo cada reformulação faz com que a sociedade perca as referências do próprio serviço público, do qual desfruta. O exemplo mais recente é aqui de Limeira mesmo, como o fim da Empresa Fácil e a entrada em funcionamento da Sala do Empreendedor. Denominações diferentes para um mesmo tipo de serviço. 

Primeira mudança
É, em apenas 75 dias de novo governo, a primeira substituição, para entrar no currículo da nova administração. O Centro Vocacional Municipal foi o primeiro a ser desativado. Inclusive com anúncio oficial. Não me surpreenderia se, mais à frente, o Restaurante do Trabalhador também mudasse seu nome. Tudo desnecessário, diga-se. O fim é o mesmo, porém é preciso mudar a marca. Egocentrismo.

E como está... fica
No caso da Sala do Empreendedor, sua função também será a de facilitadora para novos empresários e novas empresas. Já era assim com o Empresa Fácil. E é bem provável que uma próxima administração também mude tudo novamente. Em vez de bons serviços prestados, é um desserviço à própria comunidade. Desde que foram criadas, entretanto, duas marcas que hoje não significam mais nada, teimam em se perpetuar por aqui: Emdel e Codel, cuja função para as quais foram criadas era idêntica. O que valeu, nesse caso foi, mais uma vez, a questão da vaidade pessoal, na alternância dos governos Paulo D'Andréa e Jurandyr Paixão.

O tempo não apaga

Por mais que tente dar cara própria a cada troca de administração (que é importante também), penso que não há necessidade de se desmanchar o que já está pronto. A cara própria se dá através da criatividade de criar novos empreendimentos ou serviços. Sem, entretanto, precisar extinguir o que já funcionam.

Prioridades reais
Já que o tema é administração municipal, aqui vai um problema, que usuários estão enfrentando no Ambulatório de Saúde Mental: a falta de medicamentos. Segundo alguns deles, a situação se complicou a partir de janeiro. São remédios controlados e de uso contínuo que, em muitos casos, não podem ter interrupção na prescrição. Também havia denúncias sobre a falta de leite especial, para crianças com refluxo, mas na semana passada a Secretaria da Saúde anunciou que está solucionando o problema. Ficam o registro e a esperança daqueles que dependem do poder público esses tratamentos.

Pergunta rápida

Qual será o próximo alvo do programa "Esse bairro é meu", depois dos incidentes no Odécio Degan?

Notícia da semana
Sem dúvida alguma, o assunto desses dias, desde a última quarta-feira, foi a eleição do novo papa. Favorito em conclaves anteriores, segundo vaticanistas, desta vez o arcebispo de Buenos Aires, o cardeal Jorge Mario Bergoglio, 76 anos, chega ao Trono de Pedro e será o comandante da Igreja Católica Apostólica Romana, até que não mais poder. Rompeu as barreiras do eurocentrismo e dá à América Latina o primeiro papa na história do catolicismo. Bom ou ruim? Difícil analisar de imediato, a não ser o fato de também ser da ala conservadora da igreja. Cada um que tire sua própria conclusão.

Sem boas-vindas
Aclamado pelos católicos argentinos e latino-americanos pelo ineditismo na eleição, o papa Francisco - o nome que o cardeal escolheu para seu pontificado - é para o bispo auxiliar da Arquidiocese de São Paulo, dom Edmar Péron, um desconhecido. Parece mais ciumeira dos seguidores de dom Odilo Scherer. Faz parte.

Ditadura na mão
Na Argentina, dom Jorge Mario Bergoglio é acusado de ter sido cúmplice da ditadura militar, entre 1976 e 1983. A Associação das Mães da Praça de Maio é quem o acusa. O cardeal (agora papa) também é acusado de facilitar o sequestro dos sacerdotes jesuítas, fato que virou livro do jornalista Horacio Verbistky, especialista no tema. Bergoglio também se recusou a depor, inclusive sobre os bebês sequestrados, que foram entregues à adoção para famílias de militares.

O Vaticano nega
Nos últimos dias a Santa Sé tem se apressado em negar e desmerecer as denúncias, que se forem de fato verdade, será o primeiro problema que o papa Francisco terá que enfrentar com a opinião pública. Sobre seu pontificado é preciso que se espere por suas primeiras ações, para poder conhecer o caminho que seguirá. Se o das reformas ou se o da continuidade. Reformas são necessárias, com urgência e em todos os sentidos, para o próprio futuro do catolicismo.

Nota curtíssima
Tem muita gente, entre os que defendem ferrenhamente a liberdade de expressão, que ainda não aprendeu a respeitar a opinião alheia.

Frase da semana
"A igreja não funciona mais". Do cardeal brasileiro dom Claudio Hummes, pedindo mudanças estruturais na instituição. Ontem na Folha de S. Paulo-Mundo.

quinta-feira, 14 de março de 2013

E para onde vai
Palpite simples: a Comissão Processante (CP) para cassar o mandato do vereador Edmilson Gonçalves (PSDC) vai continuar, conforme pedido do relator, o também vereador Jorge de Freitas (PPL). Na opinião deste articulista está cheirando a naftalina. Ou seja, o fundo da gaveta. Como política é política, futebol é futebol e religião é religião, trata-se apenas de uma visão de futuro. Porém, não tão distante assim.

Queremos mídia
A CPI do SAAE está com problemas de egos. Dois de seus componentes só se apresentam ao trabalho quando é para aparecer. Na mídia principalmente. Ler e estudar os processos e documentos, nem pensar. Fato narrado por integrante da própria CPI.

São ratazanas...
...ou ratos de laboratório. A manchete da terça-feira, desta Gazeta, tem várias interpretações. "Ratos invadem cabines de pedágio e danificam fiação". Cada leitor entenda como quiser.

As coincidências 
Às vezes se tornam evidências. No mesmo dia em que publicava o artigo "O desperdício da não continuidade", na coluna Texto&Contexto desta Gazeta, a própria edição diária do jornal trazia a notícia de afundamento de asfalto em rotatória do anel viário. Só para fortalecer a opinião deste colunista. E nos próximos dias novas obras públicas com problemas serão notícia na mídia local.

Em falta, em falta
Ainda está para nascer um administrador público que se preocupe, de fato, com o uso racional do dinheiro público. Sem desperdícios, com obras bem fiscalizadas, sem dar oportunidade para empreiteiras cobrarem material de primeira e usar o de segunda.

A última de hoje
Quem está triste com a não eleição do cardeal de São Paulo, dom Odílo Scherer, para suceder a Bento 16, é o governador Geraldo Alckmin (PSDB). É que Scherer é considerado por muitos analistas como tucano de carteirinha e amigo íntimo de Alckmin. Seria uma ótima bandeira às eleições de 2014.

terça-feira, 12 de março de 2013

O desperdício da não continuidade

Já tratei desse assunto em outras oportunidades, mas não custa retomá-lo, pois envolve dinheiro público, gasto às expensas do contribuinte. De quem paga seus impostos em dia e merece o mínimo de respeito possível da administração pública. De quem controla esses gastos, transformados, se não forem bem empregados, em entulho ou construções fantasmas. Estamos cheios de exemplos de obras malconduzidas ou que se desgastam rapidamente, porque não foram fiscalizadas e, portanto, sem o devido dimensionamento no uso do material ou, o que é pior ainda, abaixo das especificações técnicas assumidas em contrato. O novo viaduto Prefeito Paulo D'Andréa, já teve um afundamento na pavimentação asfáltica em uma das alças. E faz pouco tempo que foi aberto ao tráfego.
Essa é apenas mais uma, às quais me referi acima. Agora vem o custo do reparo. O retrabalho desnecessário, que não aconteceria caso sua execução estivesse dentro das normas técnicas exigidas para tanto. Não é ponto de que pretendo tratar, mas fica também como mais um sinal desse descaso.
Quando falo do desperdício da não continuidade, refiro-me à falta de interesse em dar prosseguimento a obras herdadas da administração - ou administrações - anterior, como se não fosse obrigação entregá-las prontas, inaugurá-las e, principalmente, colocá-las à disposição da população, que pagou por elas, mas não vê o seu resultado final. Prefeitos - não são todos - têm verdadeira ojeriza por tocar realizações de seus antecessores, pelo simples fato de não querer creditar politicamente na conta do outro. Que pode ser do mesmo grupo político ou não.
A nova sede da Biblioteca Municipal João de Souza Ferraz, no antigo Pavilhão de Exposições da Facil que depois virou Ceprosom, foi entregue pronta ao apagar das luzes da curtíssima gestão de Orlando José Zovico (sem partido) como prefeito. Não deu tempo de inaugurá-la e supõe-se, pela importância da obra e o público que deve atingir, fosse inaugurada rapidamente para dar um espaço melhor e mais adequado a quem frequenta (por necessidade ou prazer da leitura) uma biblioteca. Um espaço nobre, de conhecimento, que não pode ficar onde está hoje. Principalmente porque já tem local novo, próprio e amplo para desenvolver suas atividades.
Quem costuma frequentar o Parque Cidade, onde se encontra o prédio da biblioteca, observa uma obra visualmente e arquitetonicamente bonita e, se prestar um pouco de atenção, funcional e atraente, porém, em completo abandono, com vidros já quebrados pelo vandalismo e partes do forro externo se desprendendo.
Ele está lá, prontinho para ser usado. Porém, quanto mais demorado for o seu uso efetivo, mais vandalismos sabemos que sofrerá. Espera-se que a atual administração tenha sensibilidade suficiente para perceber essa situação e, enfim, inaugurar o novo espaço destinado à biblioteca. Que continue o que foi começado, sem se importar com créditos políticos. O bem-estar da população é muito mais importante que isso.

domingo, 10 de março de 2013

Tempos difícieis nas teses ultrapassadas da fé

Não se pode confundir crença, fé, religião, sei lá como podemos chamar esse conjunto de normas que nos leva a algum Deus, com as nossas atitudes em relação ao mundo de hoje. A não ser em países de fundamentalismo exacerbado, quando Igreja e Estado se fundem num só corpo, a doutrina religiosa, qualquer que seja ela, não pode - e não deve - interferir nos destinos da sociedade civil. Tem o direito, sim, de emitir suas opiniões, exercer a liberdade para propagar seus ensinamentos e arrebanhar fiéis através de seus discursos, porém, não pode arrogar para si o destino e a consciência das pessoas. E se quiser sobreviver no futuro, terá que assumir os anseios populares e aceitar os avanços da ciência e todos os seus benefícios, assim como combater a ignorância, que muitas vezes é um instrumento de dominação sobre seus próprios seguidores. E isso é mais assustador ainda, quando se percebe que pastores, padres e ministros laicos usam de sua influência em defesa de teses, que não se sustentam mais neste Terceiro Milênio. Ou que nos leve de volta às relações inquisitoriais, de triste passado e muitas histórias conhecidas. 

A volta ao passado
Usar o manto da fé para acobertar atos hediondas, como a pedofilia, a homofobia, o racismo e tantos outros crimes de ódio, é o mesmo que assinar e dar um cheque em branco nas mãos de um ladrão. E elevar ao exercício do poder e tomada de decisões, os useiros dessas práticas, é um retorno lá ao Século XII, quando teve início a inquisição. Guardadas as devidas proporções, um grande risco.

Uma nova ordem
Sob escândalos, a Igreja Católica está prestes a eleger um novo papa; enquanto em nome de Allah ainda se comentem as maiores atrocidades contra a vida humana. E no Brasil, um pastor evangélico, que também é deputado, foi eleito para presidir a Comissão de Direitos Humanos da Câmara Federal, tendo em seu currículo denúncias de homofobia, racismo e estelionato. Que Deus nos ajude.

Está complicando
O mês de março teve seu início marcado pelo incidente e morte de um adolescente, supostamente por um GCM, na região do Odécio Degan, após ocupação pelo poder público, que levou uma força-tarefa composta por diversos níveis de segurança ao local, na tentativa de empurrar a marginalidade para fora do bairro, devolvendo a tranquilidade à população. É preciso, de fato, uma ação no sentido de derrubar o poder paralelo do tráfico, que dá ordens à população civil, para que possam manter seu status de dominação. As ações tiveram um certo grau de trapalhadas, mas as reações posteriores mostram que o caminho está na direção certa.

Tema indigesto
A questão da morte do adolescente, o local, as circunstâncias e finalmente, a apresentação de uma conclusão pela Polícia Civil, que caminham na direção do GCM indiciado tomou, praticamente, tempo e espaço diário na mídia e também nas redes sociais e ainda serão tema para outras reportagens. O caso ainda vai repercutir muito e se tem ligação ou não com a ação oficial no bairro em questão, está inconcluso. É preciso que ninguém chame para si a condição de justiceiro, mas que se faça cumprir simplesmente a Justiça.

E deve continuar
Não fossem algumas pirotecnias de marketing, coisa ultrapassada e que já não se usa mais, talvez os resultados pudessem ter sido melhores. E agora iniciadas, essas ações não podem ser interrompidas e precisam chegar a outros bairros em situação de risco também.

Ferroadas à vista
O secretário da Administração, Tércio Garcia, não sabe em que fria está se metendo ao não dar atenção às reivindicações e acordos prévios à categoria dos servidores municipais. Ele vai sentir o que é colocar as mãos dentro de uma caixa de marimbondos. Como não é da cidade, ele desconhece os protocolos de intenção que o próprio candidato de seu partido em Limeira - hoje prefeito - assinou durante a campanha eleitoral. Ou então está recebendo instruções nesse sentido. Uma lua de mel que pode rapidamente se transformar em divórcio.

Pergunta rápida
A quem interessa a "desestabilização" da ordem pública e social?

A boa surpresa
Recebi, no início desta semana, minha primeira conta de energia com a redução tarifária. Confesso que fiquei surpreso com o novo valor, que foi signficativo dentro da proposta do governo federal de cortes em taxas, tarifas e impostos. E que venham mais reduções, pois sabemos que é possível um corte até maior, que com certeza vai reverter em crescimento econômico para o País. Que está precisando.

E efeitos à parte
Será uma grande bandeira política para 2014. Principalmente porque governos estaduais como os de São Paulo, Minas e Paraná, que são comandados pelo PSDB, não participaram desse processo. Negaram-se a aderir com suas estatais do setor, justamente com medo do uso político futuro. Foi, mais uma vez, um tiro no pé. Agora, além da propaganda favorável ao governo federal, haverá uma outra, desfavorável, àqueles que não aderiram à ideia. Alguém duvida disso? 

Nota curtíssima
Não há pedido de desculpas no mundo, que desfaça um mal feito.

Arrogância até...
...na hora da morte. Depois de ser aventada a possibilidade de Hugo Chávez ser enterrado no Panteão Nacional no centro de Caracas, onde está sepultado Simón Bolívar, o vice-presidente Nicolás Maduro anunciou que ele será embalsamado e ficará em urna de cristal à visitação pública, no Museu da Revolução, ainda a ser construído. Ele segue o destino de líderes como Mao Tsé-Tung, Lênin e Ho Chi Minh. Se a moda pega vai faltar cristal para embalar os egos de muita gente...   

Frase da semana
"'Vá chafurdar no lixo". Do ministro Joaquim Barbosa, presidente do STF, ao se dirigir ao jornalista Felipe Recondo, do jornal "O Estado de S. Paulo". Terça-feira, 5, na Folha - Poder.

quinta-feira, 7 de março de 2013

Efeito colateral
Se alguém esperava que a ação do poder público para tentar devolver e valorizar a vida em alguns bairros fosse passar incólume, ou é inocente demais ou otimista ao extremo. O poder paralelo, às vezes, é mais forte e organizado. Cabe às forças de segurança e, principalmente à sociedade, mostrar que não. Que já não tolera mais conversa de bandido, que se faz passar por Robin Hood. É preciso reagir.

Todos por todos
Essa história de pacificação nos bairros em situação de risco, como o Odécio Degan e o próprio revide do tráfico ainda vão dar muito o que falar. É uma luta que até mesmo a oposição tem que se engajar. Se os erros forem corrigidos e os extremismos - e estrelismos - deixados de lado, tem tudo para dar certo.

É a democracia
Sindsel tece primeiras críticas ao governo Paulo Hadich (PSB), por demora no diálogo com servidores sobre as reivindicações da categoria. Mesmo com maioria da banca pró-Hadich, funcionalismo lotou o auditório da Câmara, na última segunda-feira. Resta saber como será esse convívio, uma vez que boa parte dos vereadores sempre apoiou os servidores públicos municipais em suas reivindicações. Sinais de novos tempos ou um possível racha? São os "desconfortos" da democracia.

Sem privilégios
Há muita vaga de estacionamento no centro - e até mesmo nos bairros - do tipo "carga e descarga", que poderia muito bem ser transformada em vaga comum. Atende a pouquíssimos interesses e seu uso é quase zero. É o tipo de regulamentação que só deveria existir para farmácias e congêneres.

Para refletir...
Todo governo tem o "Deep Throat" que merece. Ou que ele próprio [governo] cria... O fogo amigo é o pior dos inimigos de um político, porque está dentro de seu próprio círculo de amizade.

Destemperado
O acesso de fúria do ministro Joaquim Barbosa, presidente do STF, contra um jornalista do jornal "O Estado de S. Paulo", foi algo impressionante. Para um homem que foi transformado em herói de uma nação e elevado à condição de mito, esse destempero dissolve toda a sua aura e o transforma em mais um lugar comum no País.

A última de hoje
Os semáforos em Limeira estão loucos novamente. Foi só elogiar que endoidaram de vez. Uma festa de luzes na cidade.

terça-feira, 5 de março de 2013

Quando nada dá certo é preciso coragem

A extinção do tráfico de drogas é técnica e humanamente impossível. Tema constante de estudos e debates entre órgãos governamentais e entidades não governamentais, que estão sempre à busca da melhor forma de combater essa epidemia, que é mundial, e movimenta cifras acima de centenas de milhões, em qualquer moeda do Planeta. Enquanto houver oferta e procura, o faturamento dos cartéis não sente nem cócegas quando se estoura uma biqueira ou se apreendem alguns quilos a mais do produto. Nem mesmo a interrupção de rotas conhecidas, por onde passam da maconha à cocaína, não se esquecendo também do crack e das drogas sintéticas, tem surtido o efeito necessário a controlar esse crime, que além de encorajar outros delitos, causa enormes prejuízos à saúde pública, num ciclo que começa com o usuário, chega à sua família, e vai parar no sistema público de saúde, que ainda não tem estrutura adequada para esse tipo de tratamento. A capacidade de investimento do Estado tem sido menor que a do traficante, que está no topo dessa cadeia produtiva. Quando deveria ser o contrário.
Medidas de combate ao vício (as mais diversas, polêmicas ou não) e que são - ou pelo menos deveriam ser - o primeiro passo ao enfraquecimento do tráfico, estão sempre na pauta de governos, com programas de saúde e também de ações práticas de segurança em pontos de comercialização. Não passam, infelizmente, dos primeiros dias e caem no lugar comum. O exemplo do Estado de S. Paulo, que aprovou lei de internação compulsória a dependentes do crack e outros entorpecentes, é uma prova da ineficiência do Estado. Oferece-se a possibilidade às famílias desesperadas e depois não tem como garantir o acesso, pela própria escassez de leitos hospitalares próprios a receber o doente. Entendo que é o primeiro e mais importante passo para a cura.
Ações policiais, que se mostram eficazes num momento inicial, nem sempre têm a continuidade necessária e acabam, também, tropeçando na mesma falta de estrutura, para manter tais programas. As Unidades de Polícia Pacificadora, no Rio de Janeiro, que foram um golpe duro na hegemonia dos criminosos nos grandes aglomerados de favelas cariocas, passa por um apagão de eficiência. Assim como foi o deslocamento da cracolândia paulista, que simplesmente foi para outro lugar. E mais perto de nós, a ação do "Esse Bairro é Meu", da Prefeitura de Limeira em conjunto com as forças de segurança do município, no Odécio Degan. São operações importantes, que podem até afetar financeiramente o tráfico local, mas não chegam ao centro nervoso de poder. Aos chefões, que simplesmente transferem seus pontos para outros locais, na busca por novos usuários e fazendo propaganda para manter os já existentes. É preciso enfraquecer o poder paralelo do tráfico. O Estado precisa ousar mais e, além da força, ter vontade política para agir. O caminho existe e a direção é conhecida. Talvez falte coragem para ver o que existe além do muro.

domingo, 3 de março de 2013

Talvez com atraso; digitalização é irreversível

Não dá mais para esperar o mundo se tornar um oceano de papéis, que ocupam espaço e com o tempo se deterioram e se perdem e à própria história. É preciso, de uma vez por todas, deixar a aversão às novas tecnologias de lado, porque a hora já chegou. E é agora. Independentemente da minha, da sua  e da nossa vontade. Aqueles que se mostrarem hesitantes perante as mudanças perderão seu lugar. Esse é apenas o início do processo de digitalização das ações cíveis, que tramitam na Justiça limeirense e, de agora em diante, deixarão de ser físicas, para ganhar espaço na era virtual. E, em vez de pilhas e pilhas de documentos, se resumirão a um arquivo de computador, com acesso fácil e rápido das partes interessadas, muitas vezes sem a necessidade de deslocamento e consultas nos cartórios por onde transitam. O anúncio da modernização do sistema de informática no Fórum de Limeira, divulgado na sexta-feira em manchete desta Gazeta, sinaliza uma clara irreversibilidade de todo esse processo, que aos poucos chegam aos municípios. E deve significar mais agilidade, desde a petição do advogado à decisão do juiz.

Tempo de ajustes
Essa nova Era, que vai tomando conta do próprio desenvolvimento humano, revela um avanço, que chega até com certo atraso nas relações entre todas as partes envolvidas em ações judiciais: vítimas, réus, advogados e membros do Judiciário. Quem leu a matéria da jornalista Renata Reis pode entender como funcionará o sistema e seus benefícios, que gradativamente deve chegar às outras comarcas.

Prováveis reações
Como qualquer novidade nem sempre tem receptividade imediata de todas as partes, haverá reações contrárias e até mesmo tentativas de desacreditar o novo sistema, que tenho a impressão, implicará menos burocracia e, com isso, menos tempo de trâmite processual. Isso talvez assuste um pouco os advogados acostumados a prazos dilatados, que muitas vezes usam a favor de seus clientes.

Desconforto total
Divergências acontecerão e até mesmo quem mais se beneficiará desses avanços imporá certa resistência em aceitá-los. Tirar alguém da zona de conforto para uma mudança brusca de rotina significa tirar-lhe a própria roupa. E ninguém gosta de ser desnudado em público. A rapidez nas transformações causadas por essas novas tecnologias, é como se estivéssemos reinventando a roda diariamente. E a cada dia com uma novidade, capaz de torná-la mais ágil ainda do que girar em seu próprio eixo. É preciso que todos reflitam sobre isso. Mesmo porque o movimento é contínuo e chegou a um ponto que não tem mais volta.

Ideias e... ideais
Estava esperando a poeira baixar para tecer alguns comentários sobre a vinda da jornalista cubana Yaoni Sánchez ao Brasil. A "blogueira", que se notabilizou pelo enfrentamento ao poder dos irmãos Castro, teve duas recepções diferentes. A de uma pop-star e a de uma traidora. A primeira ficou por conta de setores da direita, que desconhecem o trabalho de Sánchez como jornalista. E a segunda, e mais degradante possível, da esquerda ainda emburrecida, que a tratou como traidora de uma causa (que já foi um ideal para todo jovem, que viveu entre os anos 1960 e 1970), mas hoje precisa se atualizar para tentar sobreviver.

Coragem e luta
Nem pop-star, nem traidora. Apenas uma jornalista, que luta para poder escrever o que pensa e defender as suas ideias, como todos nós fazemos. Quem não concorda com a luta de Yaoni, que apenas discorde e respeite suas opiniões, afinal faz parte do ideal pelo qual ela luta: a liberdade de expressão, que todos sabemos - e sem levar em conta a propaganda capitalista americana - não existe na ilha de Fidel e de Raúl. Os ícones, que já foram por sua coragem e determinação em derrubar o ditador Fulgêncio Baptista, não existem mais e hoje se tornaram também ditadores. E defender essa liberdade, vale para toda espécie de ditadura. Tanto da esquerda quanto da direita. Vale lembrar que o autoritarismo não tem bandeira ideológica, a não ser a sua própria sobrevivência.

Uma profissional
Além de "blogueira", como ficou mais conhecida internacionalmente por seu trabalho, Yaoni Sánchez é correspondente do diário espanhol El País, em Havana. E quem quiser conhecê-la e as suas ideias, pode segui-la pelo Twitter, no endereço @yaonisanchez  ou acessar seu blog http://www.desdecuba.com/generaciony/

Respeito mútuo
Não importa de que lado estamos. Nem nossas cores ideológicas. A vida nos ensina que, mesmo discordando da opinião de quem quer que seja, temos que respeitá-la. Assim como exigimos que respeitem a nossa. Quem não age por esses princípios, certamente não está preparado para viver uma verdadeira democracia.

Falta esperteza
E se Cuba resiste em seu socialismo sessentão e consegue incomodar o próprio capitalismo americano, são os EUA quem lhes garante esse status, insistindo na imposição e continuidade das barreiras econômicas à Ilha. A partir do momento em que o embargo à Cuba for retirado, o regime político capitaneado pelos irmãos Castro e conduzido, sim, exclusivamente por Fidel, estará com seus dias contados. Ruirá pela sua própria fragilidade.

Pergunta rápida
Como Yaoni seria recebida no Brasil se fosse uma blogueira de esquerda, denunciando uma ditadura de direita?

Nota curtíssima
UFC em 2014: No octógono Lula e Dilma contra FHC e Aécio Neves. Como mediador Eduardo Campos. Narração de José Serra.

A frase da semana
"Podem estar bebendo demais ou fumando maconha". Do cardeal americano Timothy Dolan, sobre aqueles que o tratam como favorito a assumir o novo papado. Em entrevista à CNN, na quinta-feira, 28.