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quarta-feira, 9 de março de 2011

Folia e recomeço

Hoje, terça-feira de carnaval, um feriado que nunca foi, mas sempre é, encerra-se o reinado de Momo. O burlesco personagem que embala os quatro dias e quatro noites de folia, que em muitos provoca euforia e para outros tantos servem de reclusão, ávidos por deixar o estresse do trabalho, a correria diária e engatar nesse curto espaço de tempo, uma recarga de bateria para enfrentar o restante do ano. Ou seu início oficial. De qualquer forma, esses dois grupos distintos - os foliões e os recolhidos - refletem a versatilidade do povo brasileiro e sua facilidade de adaptação.
Com ou sem ressaca, o fato é que cada um a seu modo enfrentará a quarta-feira de cinzas com as mesmas expectativas. A labuta no dia a dia que se segue no pós-marchinhas e batucadas é igual para todos. E neste caso não há diferenças, que possam comprometer o recomeço.
Se o ano começa ou não apenas após o carnaval é uma questão de interpretação, mas se tornou quase que uma regra na concepção do famoso jeitinho, tão afeto às nossas raízes culturais. Isso, entretanto, não vem ao caso. É preciso, e essa é a verdadeira questão que gostaria de trazer à luz nesse pequeno espaço, transportar o espírito da alegria que nos enleva, ao nosso cotidiano, mesmo após a última pancada da baqueta no surdo. Não se pode, nunca, deixar que essa alegre e cativante música nos entorpeça. E nem nos transporte de volta à consciência de tal forma, como se fosse um fardo difícil de carregar. Não o é!
Mais que recomeçar, é preciso entender o significado desse recomeço. E, acima de tudo, vislumbrar o que de lição isso pode nos trazer. A principal delas é o saber adaptar-se às transformações, que nos aguardam daqui para frente. E como temos habilidade de sobra para enfrentar as adversidades em todas essas circunstâncias, como escrevi no início deste texto, o que vai fazer a diferença será justamente a atitude que iremos tomar.
O fato de pendurar a fantasia não significa abrir mão da alegria. Para além disso, não se pode prescindir dessa alegria para enfrentar as responsabilidades, que virão daqui para frente. E que todos, tanto os foliões como os eternos reclusos, que abominam o carnaval, entendam que fazem parte dessa complexa engrenagem chamada realidade. Dela ninguém pode fugir. Não há como se esconder!

Antonio Claudio Bontorim

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