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terça-feira, 2 de novembro de 2010

As sombras de cada um

Logo que teve início a propaganda eleitoral gratutita do segundo turno das eleições presidenciais, escrevi sobre os desafios dos dois finalistas, Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB). Por obra e graça da estupenda votação de Marina Silva (PV), que levou o jogo à prorrogação. Perfeito para a democracia, pois o que parecia uma eleição plebiciscitária transformou-se numa excelente oportunidade para a discussão de propostas. De programas e projetos de governo. Para ambos, que ensaiavam com timidez suas pretensões para o País. Não funcionou, e o plebiscito ficou mais explícito. Desta vez, Lula contra FHC. Venceram os 83% da popularidade do petista.
Ao fazer de uma terceira via - a verde Marina - a ponte que faltava para um debate programático, os eleitores colocaram alguns recados nas urnas, que acabaram não sendo assimilados. E se Dilma entrou focada em ser a voz da continuidade de um governo, que estava dando certo, seu oponente pensou apenas na desconstrução dessa imagem, atendo-se a promessas eleitoreiras, que acabaram não dando o retorno esperado, traduzido em votos. Se as pesquisas iniciais após o 1º turno encheram de alento o ninho da oposição, não tardaram os primeiros baldes de água fria, que recolocavam a candidata do PT - e de Lula - justamente na posição em que estava até uma semana antes do 3 de outubro. Foi um estímulo à ferocidade serrista. E o espetáculo da “bolinha de papel” fez com que despencasse de vez.
E é nesse realinhamento de índices estatísticos que concentro esta análise. Se muitos esperavam de José Serra a apresentação de um forte conteúdo, baseado em programas de governo, viram apenas ataques carregados à petista. E, da parte dela, a defesa. E, óbvio, os contra-ataques. No último dia 28, em sua coluna Ponto Um (Cavalo de Troia), Roberto Lucato analisou de forma didática o que acontecia - http://new.gazetadelimeira.com.br/Noticia.asp?ID=43329 . O retrato de uma situação já vislumbrada pelos eleitores, que descontentes com os desacertos da campanha de Serra, optaram por devolver a Dilma os números das pesquisas de intenções de voto. Ato consumado no domingo, 31. Se faltou um debate mais sério entre os dois nas questões nacionais mais agudas, as reformas política e tributária, sobraram ofensas. Cada um terá o próprio rescaldo a fazer. Dilma Rousseff terá contra si (ou a seu favor) a sombra da popularidade de Lula. A José Serra caberá juntar os cacos quebrados pelo seu próprio personalismo. E com duas sombras a lhe fazer companhia, Aécio Neves e Geraldo Alckmin. Ainda é cedo, mas 2014 promete!

Antonio Claudio Bontorim

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