Pages

sábado, 27 de fevereiro de 2010

E o 190 da PM??
A história do mau atendimento do 190 da PM, que hoje fica em Piracicaba, não é exclusividade para este colunista. Um leitor, por e-mail, relatou que teve problemas com o número ao tentar denunciar um motorista bêbado que fazia “estripulias” com um caminhonete velha. A pessoa que o atendeu, segundo ele, mostrou total desconhecimento com Limeira e ficou pedindo pontos de referência na cidade. “Passei-lhe todas as informações possíveis, número das placas do veículo e tudo mais, achando que tinha cumprido meu dever de cidadão”, escreveu o leitor, que não vou identificar a seu próprio pedido.

Deveria ser aqui!
Após tudo isso, esse leitor recebeu uma ligação do Copom (190) da PM de Piracicaba, quase uma hora depois, perguntando as placas do veículo que já tinham sido passadas no contato inicial. Segundo o leitor, o soldado - que ele anotou o nome, mas preferiu não citar também - foi grosseiro, disse que a polícia “não consegue trabalhar. As pessoas ligam e passam dados inconsistentes” e houve uma discussão, que ao final terminou com o policial argumentando que “o atendente havia se enganado e que o Copom de Piracicaba é novo e, portanto sujeito a falhas”. Então ta! O leitor concluiu com uma pergunta, que também faço agora: até quando vamos depender de Piracicaba?

Resposta direta
Acredito que essa resposta à pergunta do leitor seja até bastante fácil e direta: vamos deixar de depender de outros municípios, quando tivermos força política. Uma boa liderança, que não temos há muito tempo. E forte representatividade em esferas superiores de poder. Que hoje, infelizmente, não temos!

Outra observação
Recebo, também, um questionamento de outro leitor, também via e-mail, sobre a questão da vagas especiais para estacionamento. Vou preservar seu nome, porém vou transcrever suas impressões e dúvida: “Claudio, tenho acompanhado a polêmica que envolve vagas especiais, farmácia, hospital, órgãos públicos, etc., mas o engraçado que eu tenho observado, que muita das vagas hoje tem um novo slogan ‘vaga para IDOSO’. Oras, isto nada mais é que continuidade de um processo pecaminoso de muitos ‘empresários’, que se acham donos da cidade. Como você vê isto?” Concordo, caro leitor. E deixo no ar para que os leitores também reflitam e entendam seu posicionamento.

Lotérica é banco
Projeto de Lei do vereador Silvio Brito (PDT) aprovado por unanimidade na última sessão da Câmara, “dispõe sobre a normatização e a utilização de vigilância em todas as Casas Lotéricas, existentes no Município de Limeira”. A nova Lei, que entrará em vigor assim que for publicada no Jornal Oficial do Município, diz que “ficam obrigadas, todas as Casas Lotéricas em funcionamento em Limeira, a possuir serviço de segurança prestado por vigilantes profissionais durante o horário de funcionamento do estabelecimento”. Esses locais são também mini-agências bancárias, que prestam vários serviços que antes eram exclusividade de bancos.

Mais segurança
Foi anunciada ontem a chegada de 41 novos policiais militares para reforçar o efetivo da Polícia Militar (PM). Para o município de Rio Claro e Região.

Frase da Semana
“Que meu filho seja tomado como exemplo e que seu nome levantado para busca da paz no futebol. Paz. Paz”. Maria José Furlan, durante o sepultamento do filho, Alex Furlan de Santana, torcedor palmeirense morto em confronto com a torcida do São Paulo, no domingo. Na Gazeta, 24/02.

Antonio Claudio Bontorim

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Administrar é...
Vereadores fizeram 28 indicações na sessão da última segunda-feira, 22. Campeão foi Carlinhos Silva (PDT), com 8. Piui (PR) veio logo atrás, com 6. Maioria pede limpeza, poda de árvores, corte de mato, manutenção de centros comunitários, praças e áreas de lazer... Tudo o que a Prefeitura deveria fazer, mas.....

Lei do Silêncio
Empresa volta a trabalhar de madrugada, fazendo barulho na Rua Duque de Caxias, entre a Santa Josefa e Deputado Octávio Lopes. Trata-se da Viaserv, que faz pinturas de faixas no solo, para identificar faixas de pedestres. É a segunda vez que isso acontece e até já comentei neste espaço.

Na madrugada
Barulho do caminhão (placas ECT 6537) com o compressor e gritaria dos funcionários da empresa começou por volta da meia-noite, estendendo-se até as 2 horas da manhã da última terça-feira, quando começaram a recolher o material, para ir embora.É desrespeito!A primeira vez que essa empresa trabalhou nesse trecho, foi na madrugada do dia 13. Um pouco mais tarde, também. Entre 3h45 e 4 horas (madrugada mesmo!!!), conforme relatei na minha coluna do último dia 13. Na madrugada desta terça-feira, desci do meu apartamento para conversar com os funcionários da empresa e disseram que trabalhavam para a Prefeitura. Que eram ordens. Enfim, esses trabalhadores não têm culpa alguma, uma vez que cumprem as tais ordens.

E o bom-senso?
Se eram ordens, só posso entender que da Prefeitura. No caso, da Secretaria de Transportes (responsável pelo trânsito) acredito eu. Se for, acho que o secretário Ítalo Ponzo Jr. deveria dar uma passadinha nesses horários, para ver como incomoda quem está tentando dormir. Ter uma noite de descanso. Ponzo, com certeza, não foi incomodado pelo barulho. Com a palavra, o próprio secretário ou quem sabe o prefeito Silvio Félix (PDT), se souberem explicar!

Ao bispo, não!!
Tentei, por vezes seguidas, ligar para a Polícia Militar (PM), através do 190, porém o telefone chama e ninguém atende. Liguei, desta vez para o 193, dos Bombeiros, para saber qual era o telefone da própria PM para denunciar, e a resposta foi que seria o 190. Voltei a tentar, porém nada. Ninguém atendeu.

Um forte lobby
As chamadas vagas especiais de estacionamento continuam da mesma forma. Mudança? Não se viu até agora. Uma ou outra placa retirada. Repintura, não vi nenhuma. Depois de tanto barulho, o silêncio. Parece que o lobby desses "especiais" passou por cima da necessidade do limeirense comum. Do cidadão que também paga seu imposto em dia e quando precisa, não tem onde estacionar o carro em alguns setores da cidade. Mais adiante a gente lembra disso novamente.

Eu Recomendo!
Um clássico dos anos 60, que marcou toda uma geração. Assim pode ser definido o filme Sem Destino (Easy Rider). Lançado nos EUA em 1969, com duração de 95 minutos, essa aventura dramática tem no elenco astros como Peter Fonda, Jack Nicholson, Dennis Hopper (que também o dirige), Antonio Mendoza, entre outros. Dois membros da contracultura hippie no final dos anos 60 saem de Los Angeles e atravessam o país até Nova Orleans. Na viagem, encaram o espírito da liberdade, mas também muito preconceito. Primeira indicação ao Oscar para Jack Nicholson.

Antonio Claudio Bontorim

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Uma leitura diferente

A ministra-chefe da Casa Civil do governo Lula, Dilma Roussef, foi confirmada no último sábado como pré-candidata do Partido dos Trabalhadores (PT) à Presidência da República. Trata-se, portanto, da primeira oficialização de um nome no ainda indefinido quadro eleitoral brasileiro, que aconteceu no terceiro dia do 4º Congresso do PT, em Brasília. É mais um passo à frente da situação, que há muito tempo colocou o nome da ministra na estrada da campanha (não oficial, é claro), enquanto a oposição esbarra numa perigosa indefinição (quase negação mesmo) de José Serra (PSDB), que apesar de todo esse charme ainda está à frente em todas as pesquisas pela principal cadeira do Palácio do Planalto.
É certo que pesquisa a pesquisa Serra perde pontos importantes - enquanto Dilma cresce na mesma proporção - e vê a pressão de seus principais aliados, DEM e PPS, aumentar por uma definição, que ele insiste em deixar para março. Na verdade, o tucano está ganhando tempo para decidir se concorre ou não na mesma raia da petista ou se vai à reeleição certa - e provavelmente em primeiro turno - ao governo de São Paulo. Ele faz por merecer a plumagem da indecisão, porém quer ter certeza de que ao entrar para a corrida presidencial tenha sua vitória assegurada. Prognóstico impossível neste momento, mas até há alguns meses era líquido e certo. Isso sem contar com os balões de ensaio, como as candidaturas de Marina Silva (PV) e Ciro Gomes (PSB), este último aliado petista de primeira linha.
Além de desagradar aos próprios correligionários e os outros dois partidos que o apoia, o governador José Serra insiste nessa estratégia, quase suicida, de protelar sua decisão. Dilma, enquanto isso, ganha espaços preciosos e vê todas as tentativas da oposição em enquadrá-la com o que chama de “campanha antecipada”, portanto ilegal, naufragar nas decisões técnicas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O calendário oficial, entretanto, não para de correr e já no dia 3 de abril, ministros de Estado, governadores, prefeitos e secretários das três esferas de Poder - federal, estadual ou municipal - têm que se afastar dos respectivos cargos. A escolha de todos os candidatos deve ocorrer entre 10 e 30 de junho e, daí para frente, começa a propaganda eleitoral de fato. O vale-tudo, mesmo, das eleições de 2010.
A verdade é que nada está definido. Nem mesmo a candidatura Dilma ainda é certa, como venho dizendo desde que seu nome foi lançado. Assim como o sonho de ver o governador mineiro, Aécio Neves, sair a vice na chapa de Serra. Opção negada peremptoriamente pelo próprio Aécio. Como em política toda negação pode ser uma afirmação e vice-versa, fica mais essa dúvida no ar. À medida que Lula afia sua língua e vê ao crescimento de sua candidata, a oposição não tem discurso e projeto definidos. E, aflitos, seus líderes ficam à mercê do humor de Serra, que só deve mudar quando março chegar, torcendo para que não seja tarde demais.

Antonio Claudio Bontorim

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Ou vai ou racha!
Parece que a Câmara de Limeira chegou, agora, ao limite de sua “ausência” nos assuntos polêmicos da administração pública. A questão proposta pelo promotor Cleber Masson deve levar a Casa a uma reflexão mais apurada sobre alguns contratos e licitações, após os documentos vindos da Procuradoria Geral do Estado ao Ministério Público (MP) de Limeira. Ou todos entram de cabeça - e com seriedade - nas investigações ou correm o risco de serem coniventes e cúmplices, caso se apure - e tudo leva para este caminho - as irregularidades denunciadas nas várias ações do MP. Que todos levem em consideração o que está acontecendo no Distrito Federal.

Acompanhando
Mais uma vez estive numa sessão da Câmara de Limeira. Começo a tomar gosto pela coisa. Quando o assunto é sério, os vereadores conseguem manter um bom diálogo e discursos coerentes. Sem exasperações. E dois foram muito produtivos. Um, após a Tribuna Livre, onde a representante dos comércios da Avenida Campinas e Pedro Elias, Valdete Testa Costa, tratou das agruras dos pequenos empresários locais com o atraso nas obras da Ponte Preta, e o outro na situação das estradas e pontes rurais. Gostei do nível dos debates e das propostas. Práticas e objetivas, sem levar em consideração as cores partidárias.

Causou arrepios
O depoimento de dona Valdete, na Tribuna Livre, comoveu e ao mesmo tempo provocou indignação dos presentes à Câmara. Tanto do público como dos vereadores, que demonstraram sensibilidade à situação vivida pelos comerciantes da região afetada com o atraso nas obras da Ponte Preta. Fechamento de vários estabelecimentos, dificuldades financeiras e pouco caso no atendimento do Ceprosom foram alguns dos pontos abordados pela comerciante, que deu seu testemunho pessoal sobre esses problemas. A maioria dos vereadores se manifestou, sensibilizada com a situação apresentada.

Entrou mudo e...
...saiu calado. Impressionante, mas tem vereador que entra mudo e sai calado do Plenário, durante as sessões. Na sessão da Câmara de quarta-feira, três deles não abriram a boca. Nem para justificar os próprios requerimentos. Da bancada do lado esquerdo, de quem assiste à sessão do auditório, só se ouvia suas vozes, para responder sim ou não nas votações nominais.

Com nova cara
Começou a mudar a paisagem da Rua Santa Josefa. A Prefeitura deu início à reposição das árvores retiradas com novas mudas. De agora em diante cabe também aos moradores locais saber preservar e zelar pelas plantas, cuidando e fiscalizando para que não sejam depredadas e consigam crescer fortes.

Alça de acesso
O sistema viário resultante do início das obras do Terminal Urbano em Limeira, que já ganhou pavimentação e abrigos, se tornou saída interessante para o trânsito de Limeira. Nesta semana precisei me utilizar daquele local, que se transformou em ponto descomplicador do tráfego de veículos naquela região, tanto em direção ao centro como no sentido Avenida Campinas, e achei interessante aquela opção que, diga-se, está sendo bastante utilizada. É preciso, agora, e com a máxima urgência, concluir o Terminal, tirando o tráfego dos ônibus da Praça do Museu, que está cada vez mais deteriorada e com aspecto de abandono total.

Frase da Semana
“Eu já tinha perdido a esperança. Volto a acreditar na democracia. Lavamos a alma”. Juca de Oliveira, ator, sobre a prisão do governador de Brasília (DF), José Roberto Arruda (sem partido), na IstoÉ do último de 17/02/2010.

Antonio Claudio Bontorim

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Sem reposição
Limeira que já ostentou o título de uma das cidades com mais árvores plantadas em áreas públicas (ruas, praças, avenidas) entre a década de 1970 e 1980, agora está quase “careca”. Padecendo com a não renovação das árvores que foram envelhecendo. Agora a Prefeitura anuncia que está substituindo as árvores arrancadas. Porém, a Rua Santa Josefa ainda está quase completamente “careca”, do início ao fim, apenas com os buracos nas calçadas, que podem causar acidentes aos pedestres. Alguns desses buracos já ganharam árvores novas, porém pela disposição em que estão parece ser coisa de particulares.

Nas entrelinhas
Há Respostas e respostas. Muitas não merecem uma linha perdida sequer, como esta que estou escrevendo agora. Toda defesa é presunção de culpa!

Quarta-feira...
...de Cinzas. O calendário católico comemora o início da Quaresma, os quarenta dias de sofrimento de Jesus Cristo até sua morte e ressurreição, que se dá na Páscoa dos católicos. Não a dos ovos e coelhinhos de chocolate, que é meramente comercial. Inicia-se o período de jejum, que para muitos é deixar de fazer ou comer algo de que gosta. Uma pregação da igreja que nos remete aos mesmos quarenta dias em que Cristo jejuou pelo deserto. Tudo, conforme a doutrina católica.

Outro sentido!
Jejuar, para mim, sinceramente, é não fazer mal ao próximo. Não zombar e nem humilhar o semelhante. Não tomar atitudes - quaisquer que sejam - que possam prejudicar alguém. Agir dentro da ética e nunca compartilhar com a corrupção e nem se vender ou vender a própria consciência por trinta moedas. Algo muito mais prático que o simbolismo católico preconiza. São regras básicas da convivência humana, que por si só fariam desse um Planeta muito mais habitável.

Retorno à luta
Ontem, Quarta-feira de Cinzas, os vereadores tiveram a Sessão Ordinária da semana, que deveria ser segunda-feira. Não entendi por que não foi, sendo que não teve feriado...Ah! me lembrei: ponto facultativo devido ao feriado da terça-feira de carnaval, que é e ao mesmo tempo não é. Seguiu o Poder Executivo, que também decretou ponto facultativo na segunda-feira e voltou ontem, às 12 horas, como ocorreu na maioria das empresas privadas.

Eu Recomendo!
Mais um filme dirigido por Federico Fellini. A minha sugestão de hoje para os cinéfilos se trata de A doce vida (La dolce vita), um filme franco-italiano de 1960 em preto e branco, com 174 min. Traz no elenco Marcello Mastroianni, a loiraça Anita Ekberg, Anouk Aimeé, Yvonne Furneaux e Magali Noël. O filme se passa em Roma e conta a história de Marcello Rubini, um jornalista especializado em histórias sensacionalistas sobre estrelas de cinema, que passa a cobrir a visita da atriz hollywoodiana Sylvia Rank, por quem fica fascinado. Fellini mostra uma Roma moderna, sofisticada, mas decadente, com os sinais da influência estadunidense. O repórter é um homem sem compromisso, que se relaciona com várias mulheres: a amante ciumenta, a mulher sofisticada em busca de aventura, e a atriz de Hollywood, com a qual passeia por Roma, culminando no ponto alto do filme, a famosa sequência da Fontana di Trevi. Oscar de melhor figurino P&B de 1962.

Antonio Claudio Bontorim

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

O primeiro passo

Hoje, terça-feira gorda - como costumavam dizer os antigos, devido ao feriado de carnaval, que na realidade nunca foi oficializado, embora oficial - o País respira ares diferentes. Uma brisa que sopra justiça, frescor para amenizar esse clima quente que estamos vivendo. E em três diferentes conjunturas: a primeira, o clima atmosférico, propriamente dito; a segunda, o clima do carnaval, que está pelas horas restantes de hoje e mais um pouquinho quarta-feira adentro e a terceira, e mais importante delas, o clima político, que também está quente. Principalmente em Brasília, o Distrito Federal (DF) e Capital da República.
Depois de dois mensalões ainda mal resolvidos - o primeiro do PT e o segundo do PSDB, não necessariamente nessa ordem - esse terceiro, agora do DEM do DF, está tomando novo rumo. E o que deveria ter acontecido lá atrás (quando o ex-deputado Roberto Jefferson soltou sua voz contra o PT, José Dirceu e séquito petista e o embrião de tudo, que envolveu o senador tucano, o ex-governador mineiro Eduardo Azeredo) começa a ganhar forma com o escândalo brasiliense, que envolveu o governador José Roberto Arruda (sem partido) e vários deputados distritais (todos do Democratas), com a prisão, na última quinta-feira, 11, do suposto chefe do esquema, ou seja, o próprio Arruda em decisão da Corte Especial do Supremo Tribunal de Justiça (STJ). Apesar de esperada, surpreendente, diga-se.
Tal sentença abre uma nova página na história do Brasil. Uma página clara e muito bem escrita, que pode significar o início de um momento salutar na vida deste País, tão acostumado às impunidades, envolvendo os ‘colarinhos-brancos’. Aos privilégios, que sempre beneficiaram a classe política nacional que, além de todos os defeitos e com raras exceções algumas qualidades, é corporativa. Autoprotetora. Mais intensa, ainda, e no dia seguinte à histórica resolução do STJ, foi a negativa do habeas corpus impetrado pelos advogados do governador brasiliense no Supremo Tribunal Federal (STF). A posição do ministro Marco Aurélio Mello, em negar a liberdade a José Roberto Arruda, só veio a corroborar com essa expectativa do povo brasileiro, de que a justiça precisa ser feita. E tinha que começar um dia. E foi justamente com um exemplo marcante, a prisão de um governador de Estado, até então inimaginável. Arruda passa o carnaval tomando café de canequinha!
É preciso, entretanto, muita cautela ao comemorar essa refrescante brisa a nos soprar à consciência. Muito ainda está por vir, mesmo porque a legislação brasileira é cheia de saídas e escapes. De caminhos tortuosos e muito bem conhecidos pelos advogados e utilizados, conforme garante a Constituição Federal, nessas situações. É, contudo, o simbolismo dessas ações que devemos brindar. E esperar que sejam cada vez mais comuns daqui para frente. Um primeiro, mas decisivo passo rumo ao fim da impunidade. E uma lição à classe política, acostumada a dar de ombros a tudo e a todos. A “se lixar” para a opinião pública!

Antonio Claudio Bontorim

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Não para nós!
O Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria da Agricultura e Abastecimento, anunciou investimentos da ordem de R$ 28,6 milhões na recuperação de 335,08 quilômetros de estradas rurais de terra nas regiões de Campinas e Metropolitana de São Paulo, beneficiando 57 municípios. O anúncio, feito pelo governador José Serra (PSDB) contempla, na região, municípios como Iracemápolis, Cordeirópolis, Americana, Cosmópolis, Engenheiro Coelho... menos Limeira.

É gente daqui
E as estradas rurais de Limeira estão em péssima situação. Conclusão óbvia: não temos deputados que possamos chamar de nossos. De verdade. Da terra mesmo! E é sobre isso que se inicia um movimento, visando outubro. Alguns podem até discordar, mas que faz a diferença, isso faz.

Por falar em...
...estradas... como está ruim, mesmo, a Limeira-Cordeirópolis. Na segunda-feira precisei me utilizar da via em duas ocasiões e é bastante sofrível dirigir por lá. Naquele dia não vi obra nenhuma, das anunciadas pelo prefeito Silvio Félix (PDT). Não dá para tirar a razão dos moradores de Cordeirópolis e, principalmente, dos limeirenses que precisam se utilizar da rodovia. E o pedágio arrecada, arrecada, arrecada...

Solução urgente
Se a responsabilidade sobre as melhorias da pista são, legalmente, da Prefeitura de Limeira, então está na hora de pôr mãos à obra e fazer algo, o mais rápido possível, investindo o dinheiro arrecadado no pedágio nas soluções necessárias. Não adianta inventar. É preciso agir!

Sem rei Momo
Mais uma vez Limeira vai ficar triste neste carnaval. Sem o tradicional desfile de rua, que já teve muita tradição, a sugestão é se dirigir a cidades vizinhas, como Cordeirópolis, por exemplo, que prepara um grande espetáculo. Quem viu o do ano passado garante que vale a pena dar uma esticadela até lá!

Luz, muiiita luz
Vez ou outra, alguns articulistas costumam chamar Limeira de “fazenda iluminada”. Confesso que não gosto muito desse termo, mesmo porque não podemos achar que toda fazenda iluminada é igual a Limeira. E essa sensação de descaso e desrespeito ao cidadão é que propicia tal leitura a respeito da cidade. E, às vezes, essa comparação pejorativa.

Cadê o dono?
Ontem, na madrugada, por volta das 3h45 e 4 horas (madrugada mesmo!!!) tive a plena sensação de estar numa fazenda. E muito mal planejada e sem capataz. Nesse horário citado, um caminhão - não sei de que empresa e a mando de quem - resolveu fazer um trabalho de pintura de solo (faixas de pedestres), no cruzamento das ruas Duque de Caxias e Santa Josefa. Como a pintura era feita mediante uso de compressor, o veículo precisava funcionar acelerado e não precisa dizer, fazendo muito barulho. A chamada lei do silêncio passou longe. E aí pergunto: quem tem esse tipo de ideia? Quem manda executá-la? Resposta, senhores!

Frase da Semana
“A decisão confere esperança à sociedade de que é possível derrotar a corrupção. A prisão do governador pode ser o marco histórico da quebra da impunidade na política brasileira. A Justiça agiu, como é de seu dever”. Ophir Cavalcante, presidente da OAB nacional, sobre a prisão do governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (sem partido) em nota divulgada por sua assessoria, ontem, na FolhaOnline.

Antonio Claudio Bontorim

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Aos trancos e...
...barrancos. O grande problema dos administradores públicos, principalmente dos prefeitos municipais (99,89%), é que só conseguem agir sob muita pressão. Trabalham sempre testando os limites da paciência dos cidadãos. Dos eleitores. Melhor exemplo: obra na Ponte Preta; está e não está pronta. Os barrancos e aterros malfeitos também são uma constante dor de cabeça. Buracos, mato alto, e alguns serviços públicos também nos remetem a essa situação.

É tudo parecido
E o mais triste de tudo isso: dificilmente se encontra uma exceção para tanta regra. Basta ler jornais, assistir a telejornais, ouvir noticiosos de rádio de qualquer município. A reclamação da população é sempre a mesma. E as explicações ou evasivas de quem deve responder parecem até ensaiadas. Em quem acreditar?

Tíquete ilegível
Por falar em pedágio da Limeira-Cordeirópolis, que recibo mal impresso! Não se consegue enxergar nada. A não ser o brasão de Limeira, no verso. Isso é falta de manutenção na impressora. Aliás, não é só a impressora que precisa de manutenção, não. No sábado falo mais sobre o pedágio da vicinal.

O contraditório
Recebi do vereador Raul Nilsen Filho do PMDB cópia da decisão do promotor da Cidadania, Cleber Masson, que pede o arquivamento de procedimento investigatório contra ele, por suposto uso do Gabinete da Câmara para encaminhamentos médicos. E como tratei do assunto nesta coluna, volto a ele para mostrar ao referido vereador, que não faço “diarreia verbal”. Não pretendo responder ao político, apenas registrar o documento do Ministério Público (MP).

Para o gavetão
Na cópia a mim enviada, o vereador grifa alguns trechos do pedido do promotor encaminhado ao Conselho Superior do MP e que ele já havia destrinchado, durante sua defesa verbal, na sessão do último dia primeiro, na Tribuna da Câmara. Masson diz que “concluídas as medidas investigatórias pertinentes ao caso em apreço, os elementos de convicção acostados aos autos autorizam a promoção de arquivamento do procedimento”.

Muitos grifos
A conclusão, a que chegou o representante do Ministério Público é que “não havia qualquer irregularidade na conduta de Raul Nilsen Filho” e “portanto, diligências a serem realizadas que justifiquem a manutenção do presente procedimento, nem interesse processual apto a validar o ajuizamento de ação civil pública”. As aspas correspondem às citações literais do promotor Cleber Masson. Havia outros trechos sublinhados pelo vereador do PMDB, porém os mais importantes são esses.

Sentença, não!
Durante sua explanação, na Câmara, Nilsen Filho leu a peça como se fosse sentença definitiva. Não é! O Conselho Superior do MP pode pedir novo inquérito, caso haja alguma dúvida. Arquiva-se, conforme o pedido do promotor, ou devolve-se a novas investigações. Concordar ou não é um direito constitucional!

Eu Recomendo!
Hoje vou indicar um filme franco-italiano e que é considerado a primeira obra de importância da filmografia de Federico Fellini. Trata-se de Os Boas-Vidas (I Vitelloni), de 1953, com 104 minutos de duração e em preto e branco. Fellini dirige um elenco composto por Franco Fabrizi, Franco Interlenghi, Alberto Sordi, Leopoldo Trieste, Riccardo Fellini, Leonora Ruffo, Jean Brochard, Claude Farell, Carlo Romano e Enrico Viarisio. O drama se passa em uma pequena cidade litorânea da costa italiana, onde um grupo de cinco rapazes boas-vidas procura fugir da monotonia do lugar levando uma vida regada a bebidas e mulheres.

Antonio Claudio Bontorim

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Os “gersons” de hoje

Uma antiga propaganda de cigarros, de cujo nome não me lembro agora - também não faz a menor diferença neste caso - e trazia como personagem principal o jogador Gerson, tricampeão com a seleção brasileira no México, em 1970, criou o bordão “eu gosto de levar vantagem em tudo, certo”, que saindo da boca do “canhotinha de ouro”, como era conhecido o craque de futebol, era um convite, nada sério diga-se, à busca de privilégios.
Estava, portanto, (isso em meados da década de 1970), decretada a “lei de Gerson”. Que ficou tão famosa como o personagem que emprestava sua imagem a ela. Caiu no gosto popular, apesar da mensagem negativa que passava. Ou seja, levar vantagem a qualquer custo, mesmo que sobre o seu semelhante e de forma nada ortodoxa. Ainda não havia uma consciência formada sobre os males do fumo e nem se discutia isso abertamente. Podia-se, então, além de a frase remeter àquela determinada marca, se utilizar sempre de algum expediente pouco comum e, com isso, passar para trás um amigo, um colega de trabalho, enfim, alguém próximo - ou não tão próximo assim - e que não vislumbrou aquela saída como forma de conquistar alguma coisa.
Estou me utilizando desse expediente, do recurso de uma lembrança, mas que ainda é bem atual, como introdução, para trazer à tona a lei de Gerson e poder, com essa analogia às avessas, enumerar os muitos “gersons” que encontramos no nosso dia a dia. E o que é pior, que não se importam nem um pouco com isso. E fazem questão de mostrar que “gostam de levar vantagem em tudo”. Mesmo que para isso alguém esteja sendo prejudicado. Esteja sendo tolhido em seu direito.
Vemos diariamente todos eles, no trânsito, nas filas dos bancos, na busca pelos serviços públicos e, de forma indireta, quando utilizam terceiros para alcançar o seu objetivo, o chamado apadrinhamento político.
Quero focar essa crítica, entretanto, no desrespeito ao idoso e ao portador de necessidades especiais, sobre os quais mais se aplicam a nefasta lei. E que cotidianamente veem seus direitos desrespeitados de forma acintosa. E o exemplo mais típico e corriqueiro vem dos estacionamentos em áreas públicas (ruas, avenidas e outros logradouros) e privadas (bancos, supermercados, lojas, etc.). Dificilmente se veem as vagas destinadas a idosos e deficientes, desocupadas. Os veículos invariavelmente não têm adesivos que os identifiquem como tais e basta um exercício de paciência, à espera da saída de seus proprietários, para ver que não se enquadram nessas categorias. E, se percebem que alguém os está observando, fingem que não é com eles. Não fumam o cigarro do Gerson (que talvez nem exista mais) e talvez sequer conheçam a propaganda. Na semana passada pude observar vários desses “gersons” e suas baforadas de desrespeito.

Antonio Claudio Bontorim

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Antivandalismo!
No último dia primeiro, na segunda sessão do ano da Câmara Municipal, o presidente da Casa, Eliseu Daniel dos Santos (PDT), apresentou um requerimento à Prefeitura de Limeira, questionando sobre a possibilidade da criação de um “Disque-Denúncia” contra os atos de vandalismo e pichações. Limeira está precisando, de fato, de um serviço nesse sentido. As ocorrências, registradas diariamente - e principalmente aos finais de semana - deixam a cidade com um aspecto ruim, dando a impressão que não existe segurança pública (???). Os atos se repetem. E quando é feito o reparo ou a área pichada é pintada, os vândalos voltam e com mais força ainda. Só que esse tipo de serviço precisa funcionar. E bem. O vereador está certíssimo nesse requerimento.

Sem publicidade
Na questão das pichações, por exemplo, já percebi que os pichadores querem apenas aparecer. E tão somente isso. Quando uma ação desses anticidadãos chega à mídia, percebe-se que naquele período o número de ocorrências aumenta consideravelmente. Por isso minha sugestão é que os órgãos de comunicação não divulguem mais (muito menos com fotos) as pichações, deixando as denúncias para quem presenciar o fato. E com as autoridades as providências a serem tomadas. Não divulgando essa sujeira os “sujadores” não terão como se vangloriar de seus garranchos.

Quem deve fazer?
As coisas simples, às vezes, são as mais complicadas e difíceis. Uma limpeza, uma poda de árvore, uma desobstrução de bueiro entupido, uma pintura de faixa de segurança no asfalto... são rotinas que deveriam ser obrigatórias na administração pública. Porém, nem sempre é assim. E na maioria das vezes vira matéria de jornal, porque cansado de insistir, o cidadão não tem o retorno esperado e vai aos jornais. E a denúncia quase sempre traz resultado positivo para o denunciante.

O outro caminho
E quando a denúncia e a matéria no jornal não são suficientes, busca-se outra alternativa: os vereadores, que independentemente do partido - se situação, oposição ou nem um nem outro - acabam “indicando ao prefeito” os serviços a serem feitos. E os mais solicitados são poda e retirada de árvores e limpeza e corte de mato. Daí a Câmara Municipal acaba por se tornar uma espécie de “subprefeitura”, como mostrou recente reportagem desta Gazeta. E os vereadores, para garantirem a confiança de seus eleitores, acabam por fazer essas indicações. Que deveriam, como escrevi anteriormente, “ser rotina obrigatória” na Prefeitura.

Os números falam
Só para exemplificar essa situação, acabei somando e discriminando as indicações dos vereadores feitas na última sessão da Câmara, que mostram essa ‘ausência’ de rotina. Vamos aos pedidos protocolados e seus números: limpeza em geral e corte de mato, 7 indicações; poda e retirada de árvores, outras 7 indicações; consertos de asfalto, 3; consertos de calçadas, 2; revitalização e pintura de solo (trânsito), 2; e colocação de corrimão em ponte, iluminação, campanha de divulgação em escolas, pedido de segurança em pronto atendimento médico, bueiro entupido, manutenção em centro comunitário, ampliação de linha de ônibus e pedido par enviar lei sobre nome de ruas às escolas municipais, uma indicação cada. Tudo isso apenas na sessão da última segunda-feira.

Hadich é do PSC
O vereador Paulo Hadich pertence ao Partido Socialista Brasileiro (PSC) e não ao Partido da República (PR), como escrevi na edição de quinta-feira, dia 4.

Frase da Semana“Uma lição que tento viver a cada dia. Toda a crise passa. A diferença é como cada um escolhe viver. Minha escolha está feita. Meu compromisso é com Brasília e os brasilienses. Em período de turbulência tudo fica mais difícil, os obstáculos se multiplicam, mas isso só faz crescer a determinação de cumprir minha missão”. Governador Luiz Roberto Arruda (DEM), pivô do mensalão dos Democratas de Brasília, em mensagem enviada ao Legislativo Brasiliense na abertura dos trabalhos em 2010. Dia 2, no UOL Notícias.

Antonio Claudio Bontorim

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Tiram o verde...
A Rua Santa Josefa está sendo recapeada e recebendo sarjetões. Até ai, um trabalho necessário, uma vez que é uma das entradas e um dos principais acessos para quem quer se dirigir ao centro de Limeira, vindo de Piracicaba e vários bairros da cidade. Moradores locais e imediações, entretanto, vêm criticando a retirada de todas as árvores, que davam um belo aspecto ao bairro e à via.

...ficam os buracos
E nos locais das árvores ficaram apenas as valetas nas calçadas. A população pergunta: a Prefeitura vai repor as árvores arrancadas? E quando isso ocorrerá?

Visitinha didática
Na última segunda-feira, fui assistir a uma sessão na Câmara Municipal de Limeira. Na platéia não tinha muita gente. Espantou-me, mesmo assim, o número de presentes. Enfim, acomodei-me e fui me inteirando das regras e do regimento interno da Casa, a cada discussão de projeto ou requerimento. Como ouvinte assíduo das transmissões pela Educadora, nunca estive numa sessão inteira, ao vivo. Gostei, achei interessante e pretendo voltar. Fonte inesgotável para um colunista atento.

Sessão tranquila
Para mim, entretanto, ficou claro que alguns vereadores atuam para a platéia. E, principalmente, para a mídia. O único senão foi na votação da homenagem ao secretário de Negócios Jurídicos da Câmara, Fernando Lencioni. O presidente da Casa, Eliseu Daniel dos Santos (PDT), trabalhou arduamente para ter votação unânime na homenagem, de sua autoria. Ronei Costa Martins (PT) votou contra e explicou o voto. Desagradou a todos e foi até atacado, verbalmente, por César Cortez (PV). O petista foi demovido de revidar. Hadich (PR) se ausentou do Plenário. No final todos se abraçaram. Amigos, amigos, votações à parte!

Questão de ordem
O que pude notar (e apesar da palavra democracia ser muito utilizada por lá), é que alguns vereadores não aceitam opiniões contrárias às suas. Não aceitam divergências, que deveriam ser normais numa instituição, na qual deve imperar a pluralidade de ideias. Numa das votações, Eliseu chegou a citar frase de Voltaire: “não concordo com uma palavra do que dizeis, mas defenderei até a morte o vosso direito em dizê-las”. Esse deveria ser sempre o espírito da Instituição.

Defesa acalorada
Ao final da sessão, o vereador Raul Nilsen Filho (PMDB) pediu a palavra para se defender da denúncia de utilização da Câmara para encaminhamentos médicos. O Ministério Público arquivou a ação e ele descarregou seu vocabulário contra este colunista e as repórteres autoras da matéria. O que considero normal. Não vou nem me ater ao fato, porque seu discurso foi passional. E ontem a própria Gazeta, assim como havia denunciado o fato, publicou o arquivamento da ação. Como deve ser o jornalismo maduro, comprometido com a verdade. Fica, entretanto, uma lacuna a ser preenchida: a falta de investigação da denúncia por parte da própria Câmara. Foi o que sempre cobrei em minha coluna, embora o vereador assim não tenha entendido. Cobrança, que continuarei fazendo!

Eu Recomendo!
Hoje vou mudar um pouco o estilo. Vou recomendar um terror antigo. De 1941. É cult. Trata-se de O Médico e o Monstro (Dr. Jekyll and Mr. Hyde), dirigido por Victor Fleming, baseado em livro de Robert Louis Stevenson. Traz no elenco atores consagrados como Spencer Tracy , Ingrid Bergman, a belíssima Lana Turner, Donald Crisp e Ian Hunter. Tem duração de 113 min. O cenário: Londres, século XIX, onde o médico e pesquisador Harry Jekyll (Spencer Tracy) crê que bem e mal existam em todas as pessoas. Após trabalhar incansavelmente em seu laboratório, Jekyll elabora uma fórmula, que ele mesmo a bebe. Como resultado seu lado demoníaco é revelado: Mr. Hyde. Jekyll acreditava poder controlar as aparições de Hyde, mas logo ele veria que estava totalmente enganado.

Antonio Claudio Bontorim

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Linha, agulha e... dedal

Limeira se vê, novamente, tomada por pré-candidatos de todos os lados. Para quase todos os gostos e ideologias. Da extrema direita ao centro. Ainda não vislumbrei nenhuma oportunidade na esquerda, uma vez que sua inoperância no contexto político local é proporcional a ineficiência de seus líderes. Se é que há algum por aqui, nas terras de Tatuhiby. Apesar de usar tais terminologias, centro, direita e esquerda são hoje para mim apenas uma direção a ser seguida ou então o limite de localização de algo. Ou alguém. No campo dos ideários elas não existem mais. Perderam o significado. A identidade ideológica.
Lembra bem aquelas colchas de retalho, nas quais vão se juntando tecidos de diferentes texturas e cores e acomodando seus pedaços que, ao final, e numa bem alinhavada trama executada pelas hábeis mãos de anônimas artesãs e artesãos, transformam-se em vistosas e exclusivas peças de decoração. Exclusivas porque os pedaços de tecidos não se repetem, nem nas cores e formatos, que ganham sempre novos contornos.
Se essas colchas eram bem trabalhadas e sempre tinham uma forma final definida, a trama política não permite que se amarrem ideias e ideais a ponto de se buscar um objetivo comum e, nesse propósito, incluir o bem-estar social como compromisso único daqueles que tentam tecer suas próprias peças. Essas sim sem nenhum alinhavo ou costura resistente, que possam se dizer fortes e aguentar as intempéries de uma disputa no espaço público chamado eleições. Os primeiros retalhos da colcha já se apresentam podres e, frágeis, rasgam-se facilmente. Não têm a resistência do bom tecido e, por isso, esgarçam ao primeiro teste de força.
E são dessas forças fragmentadas que saem os políticos. Os candidatos. Boa parte deles exímios blefadores sem nenhum ás na manga. Outros, com um pouco mais de sorte, alcançam o novelo para costurar, onde for possível, remendando a colcha para que possa ter boa aparência. É, entretanto e infelizmente, na aparência, no bom-mocismo e em currículos cuidadosamente elaborados por marqueteiros de plantão, que eles se sustentam. Por isso são frágeis. Não apresentam consistência necessária, a não ser a imagem que procuram vender, nos horários nobres das rádios e TVs. Mais tarde o eleitor, ludibriado, percebe que aquele produto que se mostrou vendável, torna-se comprável. Com dinheiro nas meias, cuecas e malas-pretas. E, descaradamente, zombam de tudo e de todos.
Por enquanto, apenas desfilam perante nós os pré-candidatos. Os naturais, com espaço e legenda garantidos; os que gostariam de ser, mas nunca o são; os que pensam que são e os que fazem parte do blefe eleitoral, para lá na frente ganhar algum dividendo. Tanto político como financeiro. A partir de abril teremos uma colcha a ser costurada. E muitos retalhos. E, em outubro, agulha e a linha estarão em nossas mãos - e um dedal bem forte - para o arremate final.

Antonio Claudio Bontorim