A política de hoje
Não peçam bom senso e nem compreensão à bancada governista da Câmara, quando o assunto é a defesa cega e intransigente do governo Sílvio Félix (PDT). Não adianta requerimentos com pedidos de informações - mesmo que de relevância à comunidade - que não são aprovados. Projetos de interesse do município, então, partindo de um vereador que não faça parte da situação, nem pensar! Chegam a ser cômicas algumas justificativas dessas rejeições.
Volta ao passado
Nos últimos cinco anos, a política limeirense lembra muito o período Paixão/D’Andréa, quando ambos se sucediam no poder e faziam do convívio com jornalistas um verdadeiro loteamento para disputar apoios. E assim foram por mais de 30 anos. Eu conheço bem essa história. Estive presente nos dois lados (atuando na própria imprensa escrita e governo) por um bom tempo. E, principalmente, sabendo diferenciar muito bem a atuação política da técnica.
Opacidade plena
Não vejo diferença de como os dois tradicionais “ex-coronéis” da política limeirense tratavam a imprensa e como se trata hoje, quando o tema é polêmico. E lá se vão mais de 13 anos, desde o fim da última administração Paixão (1993/1996), considerado o encerramento de um ciclo de mais de três décadas de alternância entre os dois grupos. Estive presente em 4 anos dessa história, pelo lado oficial, quando comandei a Secretaria de Imprensa da Prefeitura, na última gestão D’Andréa (1989/1992). A herança, no trato com jornalistas, foi bem assimilada. E alguns personagens daquele período ainda sobrevivem. Vícios que a política local e nacional ainda carregam e deve carregar, enquanto não houver renovação de fato. Enquanto houver herdeiros dessa não transparência, nada muda.
Lembrança justa
Interessante lembrar tudo isso. A diferença, daquela época para hoje, é que não se faz mais política. Faz-se barganha, escambo. E há, principalmente, carência de líderes. Como o eram Paixão e D’Andréa. Podia não se gostar deles, mas era preciso tirar o chapéu para ambos.
História contada
Trouxe essas lembranças a público, para justificar os episódios políticos desta última semana em Limeira. O arquivamento da CPI do Fantasma, mesmo com todas as provas em contrário; a briga dos vereadores Eliseu Daniel dos Santos (PDT) e de Paulo Hadich (PSB), devido a uma manobra para enterrar um projeto (de Hadich), de interesse econômico e social para o município, mas que não interessa ao prefeito, e a aprovação ontem do aumento, pelos vereadores, no IPTU de terrenos em cerca de 25%, sem explicações claras à população. Agora é fato: prefeito e vereadores (os da base aliada) estão mesmo “se lixando” para a opinião pública. Obscurantismo em tempos de clareza e liberdade. Pelo menos é assim que eu, enquanto jornalista, entendo. É minha opinião e dela não abro mão!
Uma reflexão útil
Às vezes é preciso refletir sobre esses acontecimentos. Por que como formadores de opinião temos a obrigação de abrir o leque de informações e mostrar versões conflitantes de uma mesma história, apesar do tempo decorrido entre um fato e outro. E a sensação que fica é de uma desordem sem precedentes, tamanho é o desrespeito do agente político com o povo, a cada explicação, quando tenta justificar o injustificável. O saldo é altamente negativo: mensalões, dinheiro na cueca, na meia, malas pretas, brancas ou que cor sejam. E tudo isso com dinheiro público. Enquanto jornalistas, temos também um dever com a cidadania. E como este espaço é de opinião, é preciso exercê-la às últimas consenquências. Sem nenhuma obrigação de agradar o desagradar quem quer que seja.
Frase da Semana
“Esse episódio foi péssimo para o panetone. O Papai Noel tem todo o direito de entrar na Justiça”. Moacyr Scliar, escritor, sobre o mensalão do DEM, em Brasília, e as desculpas do governador José Roberto Arruda, do mesmo partido. Na revista IstoÉ, edição 2091, de 9 dezembro de 2009.
Antonio Claudio Bontorim
sábado, 12 de dezembro de 2009
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