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terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Obstáculos não vencidos

Um passo para trás. Assim deve ser entendida a Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP15), encerrada na sexta-feira passada, em Copenhague, na Dinamarca, na qual sobraram propostas e faltaram duas determinações fundamentais, justamente de quem deveria tomá-las: a vontade política e o interesse social dos dois maiores poluidores do Planeta. Estados Unidos e China. Conseguiram, é bem verdade, tudo o que queriam. Empurrar para 2010 (que já se avizinha) todas as ações possíveis e imagináveis para tentar conter as sucessivas catástrofes naturais - já consequência do efeito estufa - que devastam o globo terrestre.
Para entender a relutância das duas potências não é preciso resolver equações complicadas ou buscar explicações de difícil compreensão. Tanto EUA como China não querem perder o status do domínio econômico - mesmo a despeito de toda a crise - que os isola do restante das nações na resolução de um problema, que é grave, mas que entendem que pode esperar. E não pode. Não dá mais para protelar ações para tentar reverter a tendência da deterioração do meio ambiente, causada pelo próprio homem e sua ganância diante das riquezas que lhe parecem fáceis, mas que comprometem a estabilidade climática global.
Os EUA, principalmente - e pivô da crise econômica mundial, que tenta se levantar a qualquer custo - não conseguem enxergar além desse domínio. Barack Obama, que disse que “Lula era o cara”, não conseguiu mostrar o sentido e o vanguardismo de sua eleição e faltou-lhe coragem para uma decisão mais arrojada. A China, de Hu Jintao, não quer, a despeito de seu fechado regime comunista, perder o status de país capitalista exportador, que hoje espalha sua marca por toda a Terra. Duas situações conflitantes, porém iguais na ideologia e na falta de interesse em resolver um problema gerado pelo próprio protagonismo a que se submeteram. Reduzir as emissões de gases na atmosfera significa, para estes dois países, limitar seu processo produtivo. A verdade, entretanto, não é bem essa. É preciso, antes de tudo, investir em tecnologias que permitam produções mais limpas e ambientalmente comprometidas, rumo ao desenvolvimento sustentável. Não aceitam esse desafio.
A frustração, demonstrada pelo presidente brasileiro, não é só dele. É de todos aqueles que percebem no dia a dia que as mudanças climáticas chegaram bem mais cedo que o esperado e que o risco aumenta num terrível efeito dominó. Aonde vai ou pode chegar ainda é imprevisível, porém facilmente imaginável.
O malogro nas negociações e o pífio relatório de apenas três páginas não levaram em conta, para o desespero de todos os povos, que a visível bagunça climática não poupa ninguém. Nem países pobres, em desenvolvimento ou ricos. Nem político que permite loteamentos em áreas de várzea ou o grande pecuarista que desmata e mata florestas inteiras. E até mesmo o cidadão que não sabe - ou não quer aprender - sobre a importância da reciclagem do lixo. O assunto interessa, sim, a todos!

Antonio Claudio Bontorim

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