Grandes problemas requerem soluções em proporções maiores às suas causas geradoras. Não há como pensar no “mais ou menos” ou apenas em abafar com “panos-quentes”. É preciso ação enérgica a quem cabe essa ação. Não dá para contemporizar e nem ficar teorizando, para que a situação não saia - como talvez já tenha saído - de controle. E um País que deseja - como vai - organizar uma Copa do Mundo de Futebol, não pode exportar imagens de sua própria incompetência.
O que se viu neste final de semana, nos estádios, nas ruas e até mesmo numa sala onde ocorria uma eleição para a presidência de um clube, pode ser classificado como qualquer coisa, menos como futebol. Selvageria, desrespeito ao patrimônio público e privado e um fanatismo que chega a assustar. Tanto quem é apaixonado como quem não se encanta pelo chamado esporte bretão. Verdadeiros bandidos paramentados com camisas brancas, verdes, rubro-negras, tricolores, alvinegras e por aí afora, disfarçados sob o manto multicolorido de seus clubes do coração. Organizados em bandos. Em pelotões preparados para uma guerra em tempos de paz.
Bandidos legalizados e até mesmo com estatuto, que se julgam no direito de destruir o patrimônio alheio sem a mínima cerimônia, que intimidam e ameaçam jogadores, dirigentes e, infiltrados nos estádios, fazem da violência o hino preferido, cantando a próxima agressão e espantando os verdadeiros torcedores das praças esportivas.
Da agressão sofrida pelos jogadores Wagner Love e Lenny, do Palmeiras, no início da semana passada, até a bagunça generalizada na sede do Santos, durante as eleições para a troca de diretoria, até as cenas de guerra no Couto Pereira, em Curitiba (PR), e sem deixar de citar as lamentáveis cenas na Baixada Santista e nas ruas do Rio de Janeiro, quando torcedores do Flamengo comemoravam o título, depredando vitrines, pontos de ônibus e o que encontravam pela frente, são reincidências de um mesmo enredo, cujo final é sempre este. O descontrole total da massa enfurecida, por conta do despreparo e da falta de competência das autoridades, que nada fazem para prevenir o que se sabe que vai acontecer. E omissão dos próprios clubes, que dão guarida e proteção a essas chamadas “torcidas organizadas” e depois se tornam suas primeiras vítimas. Violência que chega às nossas portas e está tão próxima de nós, que nem imaginamos
Falar e escrever o óbvio, como a necessidade de controlar as torcidas organizadas e até mesmo bani-las, definitivamente, parece não adiantar. Invocar autoridades que têm o poder de controlar essa turba, já não sensibiliza mais. A inércia é a marca registrada de quem tem a decisão nas mãos e não sabe tomá-la. Fechar os olhos para tamanha insanidade é contribuir com a impunidade. Pelo visto, e como a prática nos ensina, somente uma tragédia levará a uma solução. Enquanto isso, em seus gabinetes refrigerados, políticos teorizam sobre como capitalizar melhor sobre essa violência. É preciso dar um basta nessa vergonha institucionalizada. Já!
Antonio Claudio Bontorim
terça-feira, 8 de dezembro de 2009
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