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terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Bater em ferro frio

Grandes problemas requerem soluções em proporções maiores às suas causas geradoras. Não há como pensar no “mais ou menos” ou apenas em abafar com “panos-quentes”. É preciso ação enérgica a quem cabe essa ação. Não dá para contemporizar e nem ficar teorizando, para que a situação não saia - como talvez já tenha saído - de controle. E um País que deseja - como vai - organizar uma Copa do Mundo de Futebol, não pode exportar imagens de sua própria incompetência.
O que se viu neste final de semana, nos estádios, nas ruas e até mesmo numa sala onde ocorria uma eleição para a presidência de um clube, pode ser classificado como qualquer coisa, menos como futebol. Selvageria, desrespeito ao patrimônio público e privado e um fanatismo que chega a assustar. Tanto quem é apaixonado como quem não se encanta pelo chamado esporte bretão. Verdadeiros bandidos paramentados com camisas brancas, verdes, rubro-negras, tricolores, alvinegras e por aí afora, disfarçados sob o manto multicolorido de seus clubes do coração. Organizados em bandos. Em pelotões preparados para uma guerra em tempos de paz.
Bandidos legalizados e até mesmo com estatuto, que se julgam no direito de destruir o patrimônio alheio sem a mínima cerimônia, que intimidam e ameaçam jogadores, dirigentes e, infiltrados nos estádios, fazem da violência o hino preferido, cantando a próxima agressão e espantando os verdadeiros torcedores das praças esportivas.
Da agressão sofrida pelos jogadores Wagner Love e Lenny, do Palmeiras, no início da semana passada, até a bagunça generalizada na sede do Santos, durante as eleições para a troca de diretoria, até as cenas de guerra no Couto Pereira, em Curitiba (PR), e sem deixar de citar as lamentáveis cenas na Baixada Santista e nas ruas do Rio de Janeiro, quando torcedores do Flamengo comemoravam o título, depredando vitrines, pontos de ônibus e o que encontravam pela frente, são reincidências de um mesmo enredo, cujo final é sempre este. O descontrole total da massa enfurecida, por conta do despreparo e da falta de competência das autoridades, que nada fazem para prevenir o que se sabe que vai acontecer. E omissão dos próprios clubes, que dão guarida e proteção a essas chamadas “torcidas organizadas” e depois se tornam suas primeiras vítimas. Violência que chega às nossas portas e está tão próxima de nós, que nem imaginamos
Falar e escrever o óbvio, como a necessidade de controlar as torcidas organizadas e até mesmo bani-las, definitivamente, parece não adiantar. Invocar autoridades que têm o poder de controlar essa turba, já não sensibiliza mais. A inércia é a marca registrada de quem tem a decisão nas mãos e não sabe tomá-la. Fechar os olhos para tamanha insanidade é contribuir com a impunidade. Pelo visto, e como a prática nos ensina, somente uma tragédia levará a uma solução. Enquanto isso, em seus gabinetes refrigerados, políticos teorizam sobre como capitalizar melhor sobre essa violência. É preciso dar um basta nessa vergonha institucionalizada. Já!

Antonio Claudio Bontorim

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