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domingo, 1 de fevereiro de 2015

Uma ouvidoria mais que eficaz: a imprensa

Dentre as tantas funções da mídia, seja ela impressa ou eletrônica (aqui se incluem hoje todas as redes sociais na internet), uma delas, principalmente no interior, é dar vez e voz ao cidadão que reclama do poder público e não é assistido. Sem deixar de lado a informação, principal matéria-prima para o produto notícia, as redações são verdadeiros muros de lamentações do cidadão, que cansado de procurar soluções simples onde elas deveriam estar, recorre à força dos meios de comunicação para ter exposta sua insatisfação com os agentes políticos que administram o município. Sem deixar de lado o impacto de uma manchete assustadora, ou mesmo que revele a seriedade de propósito de jornalistas bem formados e atentos, impressiona o número de ligações telefônicas – e-mails ou postagens em Facebook, Twitter, WhatsApp - que chegam diariamente como sugestões de pautas para reportagens. Quase todas de interesse público. Trata-se de um porto seguro para o contribuinte que não vê ações básicas de manutenção levadas a efeito pela Prefeitura. Situações que deveriam estar em ordens de serviço bem detalhadas nos departamentos responsáveis.

Última trincheira
Quem vive diariamente o ambiente de uma redação de jornal sabe do que estou falando. E quem não convive com isso vai conhecer, agora, como funciona o trabalho cotidiano nesse centro nervoso de poder. E põe nervos nisso. E mais correria para atender a população que, no desespero de protocolos mal resolvidos – por vezes não solucionados – buscam a imprensa como derradeiro apoio. 

De tudo um pouco
De um simples buraco no asfalto a situações constrangedoras, como matagais em áreas que deveriam ser de lazer, cidadelas voltadas à comercialização e consumo de drogas e lixo espalhado em áreas públicas, os contatos são inevitáveis. E quando o leitor percebe que tem esse poder à sua disposição, não deixa de exercer seus direitos. Que às vezes lhes são negados pelo próprio poder público.

Necessário respeito
Não há um dia sequer em que as páginas da Gazeta não tragam uma notícia dessa natureza. É a imprensa fazendo seu papel de cobrar as autoridades, e que só o faz por conta da inoperância dessas próprias autoridades. E para o cidadão – e eleitor – o raciocínio é simples: “faço meus pedidos, não sou atendido, vou atrás dos meios de comunicação, para exercer essa necessária pressão para ter meus direitos respeitados”.

Direto ao cidadão
O mais engraçado, desse processo todo, é que a resposta da Prefeitura – quando ela é a envolvida – é sempre a mesma: “vamos deslocar uma equipe ao local e avaliar”. Ou, então: “os trabalhos estão no cronograma dos próximos dias”. Por que então não responder dessa forma, quando o munícipe faz a reclamação? Por que não explicar a ele essa situação, em vez de esperar cobrança pública?

A inútil burocracia
Isso é o que podemos chamar de precarização do serviço público. Que burocraticamente emite protocolos, quase sempre não cumpridos. Quando não, pede ao reclamante prazos exorbitantes para um simples trabalho de capinação ou manutenção de logradouro público. Daí o recurso de apelar à imprensa, como última tentativa de ter seu problema resolvido. São os fatos que vivenciamos diariamente.

Como diria Nelson
A conclusão é tão óbvia quanto ululante. O colunista, que também é um jornalista de redação, não precisa pedir licença para mostrar a incompetência do governo. Não precisa pedir explicação para o inexplicável e atestar o descaso do poder público com os direitos básicos da população. Nós, colunistas, convivemos cotidianamente com isso e, nesse caso, temos autoridade para exercer nosso direito à crítica.

Para alarmar, sim
Até o momento em que escrevia esta coluna, os casos de dengue já ultrapassavam os quatrocentos em apenas uma mês; 481 para ser mais exato.  Numa progressão diária assustadora da doença. Aquela história de que vai acontecer com a gente não tem final feliz. Nunca.

Longe da solução
O que mais assusta, em tudo isso, é que apesar de estarmos em período que deveria ser de chuvas, isso não está acontecendo. Ou seja, não se pode culpar o tempo pelo aparecimento de criadouros do mosquito Aedes aegypti. E, mais ainda, a maioria dos casos são contraídos no próprio Município, o que nos leva a imaginar que há muitas áreas de risco espalhadas por imóveis no Município. Portanto, de responsabilidade do próprio morador. Ou proprietário. E que, aliado à falta de trabalho preventivo, acaba se transformando em verdadeira bomba-relógio, que a cada dia explode um pouco.  Corre-se sempre atrás do rabo que, evidentemente, nunca será alcançado.

Pão e circo. Apenas
Por 14 votos a quatro, o vereador André Henrique dos Santos (PMDB), o Tigrão, foi suspenso por dez dias de suas funções, por suposta falta de decoro em suas atitudes e palavras. Mais uma vez os vereadores, pelo menos os que votaram pela punição, deram uma lição inequívoca de estupidez. Ao tentar mostrar que não toleram os chamados desvios de conduta, acabam por protagonizar um espetáculo circense desnecessário. Quantas outras situações, até piores do que as provocadas por Tigrão, não aconteceram antes, envolvendo outros vereadores? E nada aconteceu. Esse tipo de resposta, nem de longe, dá credibilidade a um poder que, faz tempo, não a tem mais.

Jogar para o público
Os senhores “edis” como se dizia no passado, poderiam ter evitado uma saia justa dessa natureza. Já que é para punir, então que seja de verdade. Brincar com coisa séria não é bom sinal. Muito menos o que se espera de homens públicos eleitos pelo voto. Triste.

Austeridade? Que...
...é isso? Enquanto a maioria dos trabalhadores sofre para conquistar seus porcentuais de aumento, sempre com base na inflação ou até mesmo abaixo dela e, outros, mais organizados, através de dissídios, nem sempre vantajosos para a classe trabalhadora, a Câmara de Limeira, na proposta de seu presidente recém-eleito, Nilton Santos (PRB), dá um aumento de 17% aos funcionários da Casa. Ele próprio não votou, mas 15 outros votaram. E votaram pela obrigação assumida, ou seja, pelo toma-lá-dá-cá da eleição do próprio Nilton. O momento político e econômico não é favorável a esse tipo de ação. Vale lembrar que o funcionalismo público municipal está em campanha pelo dissídio, e pede 15%¨. Está aí uma reflexão interessante a ser feita.

Pergunta rápida
Alguém sabe o verdadeiro significado da palavra dízimo?

É 171 comprovado
Dilma Rousseff (PT) prometeu, na campanha à reeleição, no ano passado, que aumento de impostos era coisa de tucano. Ela jamais faria isso. E fez. Sem dó ou corte de gastos do governo. Outro candidato à reeleição, desta vez o tucano Geraldo Alckmin, ao governo de SP, bateu o pé no chão, dizendo que não havia crise hídrica e nem haveria racionamento de água em São Paulo. A medida será posta em prática pela Sabesp. Se serve de consolo, estelionato eleitoral não tem partido. Dois exemplos clássicos.

Nota curtíssima
Os funcionários públicos municipais estão em campanha, e pedem 15% de aumento.

Frase da semana
"Para fazer rodízio, teria que ser muito pesado, muito drástico”. Paulo Massato, diretor metropolitano da Sabesp, que já admite o corte de água em São Paulo. No UOL Notícias. Terça-feira, 27.

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