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terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Uma breve cronologia de causa e efeito

O País atravessa uma grave crise climática. Do desmatamento da Amazônia à pecuária invasiva; de obras públicas sem licenças ambientais à especulação imobiliária, que avançam sobre áreas de preservação sem o mínimo pudor; e do cultivo desproporcional da cana-de-açúcar ao eucalipto, que apenas sugam a terra sem nada devolver. Não sou especialista, nem militante ambientalista, mas um defensor do desenvolvimento sustentável e que possa garantir, lá na frente, uma vida digna e confortável aos nossos descendentes, sem que para isso seja preciso abrir mão do progresso. E não precisa ser expert no assunto para se chegar a essa conclusão. Basta analisar resultados de trabalhos científicos e pesquisas, que mostram nossa imensa riqueza natural e todos os seus recursos, que nos garantem energia limpa e abundante, sem termos que atacar o meio ambiente, provocando inequívoca degradação e, com ela, os resultados catastróficos que estamos sentindo agora, como a estiagem quase plena em período que deveria ser chuvoso. E não tenham dúvidas, aqueles que me leem neste momento, que a ganância do homem ao “assaltar” a natureza e as riquezas que dela advêm, é a principal responsável por esses infortúnios.
Crise hídrica e ameaça de racionamento de energia são duas das mais trágicas consequências desse processo. A falta de chuva não é obra do acaso ou da vontade “divina”. É, sim, o resultado de uma série de combinações causadas pela exploração indevida e o avanço sobre os bens que nos garantem a vida e que também podem nos tirá-la pela devastadora ação que o ser humano lhe impõe. Aliadas a isso e à falta de investimentos governamentais em energias alternativas – e temos um enorme campo a ser explorado (no bom sentido) nesse segmento – e nos sistemas de abastecimento de água das cidades, teremos períodos de escassez e sofrimento. Tudo em nome de um lucro predatório e da irresponsabilidade de governos – do federal aos municipais, passando pelos estaduais – que não fiscalizam esse verdadeiro saque ambiental. E está tudo à nossa frente. Estamos assistindo aos municípios se emendarem ao longo de suas divisas devido à construção de condomínios de luxo e núcleos habitacionais, que avançam sobre matas regulares e nascentes indefesas, que vão sendo soterradas. Sem a mínima vergonha e que, na conta final, se ajusta apenas às necessidades dos predadores. Das corporações que pouco se lixam para o futuro e vislumbram apenas a receita imediata que entra em suas contas bancárias.
Não se discute aqui a livre iniciativa, ao lucro necessário que ela deve ter para se sustentar e a seu corpo funcional. Discute-se, sim, a responsabilidade, que boa parte dela não tem, a partir do momento que, escorada em licenças oficiais, provocam a destruição. Exemplos não faltam, nem aqui em Limeira e nem por toda a região. Quiçá pelo restante do País. Em pouco mais de 70 km, entre Limeira e São Pedro, passando por Piracicaba, caminho que fiz neste final de semana, é possível observar, com clareza toda essa devastação, que está devolvendo em dobro seus malefícios. E se a mãe natureza nos garante a vida em sua plenitude, também sabe nos castigar sem clemência. E isso já está acontecendo. Ainda há tempo, mas é preciso repensar nossas ações sobre a consciência ambiental.

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