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terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Identidade perdida, partido enfraquecido

Maior bancada na Câmara Municipal de Limeira, o Partidos dos Trabalhadores (PT) ficou sem cargo na Mesa Diretora da Casa. Maior bancada na Câmara Federal, a sigla também ficou sem representante entre as sete mais importantes cadeiras do Legislativo nacional. Mais que isso, sai enfraquecido em sua hegemonia partidária e se vê numa situação nada confortável perante seus pares, após anos de domínio. Ao perder gradativamente os espaços necessários à uma agremiação partidária, que detém o principal posto de comando da Nação, a Presidência da República, o PT enfraquece, também, o Poder Executivo, que já está cambaleante e repleto de contradições, das quais não consegue se desvencilhar. A isso se dá um nome: perda de identidade. Ou seja, o PT perdeu, a partir de sua ascensão ao poder, sua principal característica: ser diferente dos outros. Não ter, até então, os conhecidos e danosos vícios que tanto fazem mal à política brasileira. A ética, sua principal bandeira, foi rasgada e pisoteada a partir do momento em que teve que fazer concessões equivocadas a outros partidos, para garantir uma base aliada à governabilidade.
E, também, por conta de sucessivos escândalos, envolvendo vários cardeais petistas, figuras de destaque no cenário nacional, que se viram às voltas com a Justiça e, alguns condenados, do alto escalão partidário, dos quais não é possível dissociar também o partido. Não houve o enfrentamento necessário a essas mazelas, que pudessem continuar colocando o PT como um diferencial, tanto ideológico quanto prático. A recusa em cortar o mal pela raiz, ou “na própria carne”, como se costuma dizer, separando as maças podres da fruteira, acabou por enfraquecer - como está acontecendo agora -os ideais petistas. A ponto de perder figuras que davam peso intelectual e político à sua existência e se viram alijadas das decisões, por conta estritamente de um projeto de poder – e não político – que agora esbarra na incoerência de um discurso totalmente fora dos padrões partidários, que levou o próprio PT a se transformar numa das maiores agremiações políticas do país.
Se ainda tem a maior bancada na Câmara dos Deputados, hoje está carente de lideranças, justamente por conta do próprio esfacelamento em suas fileiras e dessa conduta de negação da própria realidade política, social e econômica, pela qual atravessamos. É burrice não reconhecer essa situação e, maior burrice ainda, não enfrenta-la como se deve. Há uma escassez de coerência nos discursos e uma centralização de decisões, que está arruinando aquela que foi a grande novidade dos anos 80. Junte-se a isso o fisiologismo de seus “aliados”, mais interessados em cargos do que propriamente aos interesses dos brasileiros e ao parasitismo do PMDB, do vice-presidente da República, os ingredientes de uma bomba-relógio estão completos e prestes a implodir (não explodir) o PT. Está na hora de o partido se refundar para não afundar de vez. E isso exige competência e novas lideranças. Requer uma profunda inflexão, para não jogar no lixo quase 35 anos história, que ajudaram a mudar este país.   

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