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domingo, 2 de fevereiro de 2014

Quando o debate se transforma em revanche

A semana que passou foi das mais quentes na seara política de Limeira. E não por grandes debates em torno de ideias e projetos. Mas por uma disputa desnecessária e improdutiva entre os grupos políticos que hoje compõem esse cenário, desde a posse de Paulo Hadich (PSB), em janeiro do ano passado. Eleito com o apoio do Partido dos Trabalhadores (PT), que fez o vice-prefeito, criou expectativas de mudanças – por sua própria composição ideológica – que ainda não aconteceram. E pelo visto estão longe de se tornar realidade. Com ampla maioria na Câmara Municipal, mas que tem uma oposição barulhenta, apesar de reduzida, o grupo situacionista não está sabendo se desvencilhar das críticas e dos ataques e vem pecando pelo exagero retórico. A prática está longe. A própria eleição de Hadich-Lima foi uma surpresa, devido ao perfil extremamente conservador da população limeirense. Desenhar esse quadro político requer muito cuidado. E uma análise ponderada sobre as razões que transformaram o debate em embate. E troca de acusações mútuas.  

Ideologia ou ódio?
E se o avanço social e o “novo tempo” prometidos deram lugar à inoperância constatada, grupos contrários ao petismo - e principalmente os derrotados nas urnas - estão sabendo se aproveitar dessa fragilidade, partindo para o ataque. Com um porém: confundem as diferenças ideológicas e se valem do ódio como conselheiro. O que não é bom para o Município, e muito menos para a sua população.

Poder que motiva
Os três pedidos de comissão processante, apresentados na Sessão Ordinária da última segunda-feira – pedindo afastamento e cassação do prefeito e dois vereadores da situação – ilustram isso. No exercício do direito ao contraditório, é preciso também praticar a responsabilidade. Percebe-se, porém, uma disputa esganiçada pelo poder, que está em outras mãos. Para piorar, é apenas uma briga por poder.

Postura invertida
Essa reação do conservadorismo talvez não fosse esperada tão cedo. Só que a munição vem da própria incompetência do governo, que, da mesma forma que os anteriores, se utiliza da Câmara como apêndice. E a base situacionista, a exemplo das anteriores, aceita tudo isso de bom grado. Na política, não há nada pior do que a troca de lado vir acompanhada da troca de discurso. É o que está acontecendo.

O troco agendado
E agora o mau sinal, que também apareceu no horizonte político local, logo após a tumultuada sessão da última segunda-feira. Se a oposição tentou criar uma CP contra Hadich, Ronei e Raul, através de denúncias cozidas na mesma panela, agora é a vez de o grupo situacionista dar o troco. Desta vez o alvo do pedido de CP é o vereador José Roberto Bernardo, o Zé da Mix (PSDC). E com grande teor explosivo para amanhã.

Menininhos maus
E quem está aparecendo nessa “briga de criança mimada” são os testas-de-ferro de ambos os lados. Acabam por se tornar protagonistas, apenas por que um quer tirar o doce da boca do outro

A conclusão óbvia
E a semana que passou mostrou, mais uma vez, que os interesses do Município e de sua população estão sendo relegados a segundo plano, por meros interesses pessoais. E de ambos os lados. Não adianta a base situacionista, e muito menos a oposição e os grupos que gravitam no seu entorno, se autoproclamarem bastiões da ética e da probidade, porque não o são. As rusgas aparentes, e a falta de harmonia na busca por soluções para os problemas do Município, são visíveis. Só não enxerga quem não quer. Ninguém espera que situação e oposição se abracem e se beijem, porque isso não existe. Poderiam, ao menos, pensar mais nos cidadãos que representam do que nos seus próprios umbigos.   

Uma velha prática

Lembro de um slogan de campanha eleitoral ou de governo mesmo, aqui em Limeira – “Os bons tempos estão de volta” – se não me engano do grupo político do ex-prefeito Paulo D'Andréa (falecido). Vou adaptá-lo aos dias de hoje e dizer que velhas práticas foram resgatadas. Outdoor de prefeito agradecendo a governador é uma das mais antiquadas formas de propaganda política. Era o Twitter e o Facebook do século passado.

Desperdício inútil
Espalhados pelos principais pontos de visibilidade de Limeira, vários outdoors trazem a foto do prefeito Paulo Hadich (PSB) agradecendo ao governador Geraldo Alckmin (PSDB), também na foto, pelo pacote de bondades anunciado no último dia 18. Herança de um modo de fazer política que não existe mais, nestes tempos de redes sociais. Por mais boa vontade que isso represente, não há como explicar esse tipo de gasto inútil.

Pergunta rápida
Estaria o vereador André Henrique da Silva, o Tigrão (PMDB), de malas prontas para a oposição?

Projeto “fila zero”
Um dos graves problemas enfrentados pela saúde pública no Brasil são as filas para agendamento de consultas com especialistas e exames de toda natureza. Em Limeira, essa situação é constante pauta para matérias publicadas por esta Gazeta. Agora a Prefeitura anuncia, através da Secretaria Municipal da Saúde, que pretende zerar essas filas num prazo de três meses. O investimento, segundo o secretário Luiz Antônio da Silva, é da ordem de R$ 1,5 milhão e já está direcionado. Baixo, diga-se, se for levado em consideração o alcance da ação. Se o plano elaborado pela Prefeitura der resultado, méritos para a atual administração, que está precisando de boas notícias.

Nota curtíssima
Se a ex-vereadora Elza Tank estivesse viva, estaria, com certeza, rindo à toa.

E não doeu nada
Na última sexta-feira, a empresa contratada para reparar a calçada na cabeceira da ponte sobre o ribeirão Tatu, na Avenida Araras, próxima à CP Kelco e que havia sido engolida por uma erosão, dava os últimos retoques na obra que, diga-se, ficou muito boa. Como esta coluna criticou a morosidade e o tempo de demora para o início das obras, de cerca de um ano, desde que o buraco foi noticiado pela primeira vez, agora é preciso fazer justiça ao trabalho realizado. Os pedestres voltam a ter segurança.

Frase da semana
"Votei consciente e não me arrependo". Do vereador André Henrique da Silva, o Tigrão (PMDB), sobre seu voto favorável à CP contra Hadich e Raul. Quinta-feira, 30. Na Gazeta de Limeira.

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