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terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

As incertezas de um ano eleitoral

Todas as pesquisas indicam e, nem mesmo a queda da popularidade de Dilma Rousseff (PT), reverteram, ainda, o quadro que a oposição tanto teme: a reeleição em primeiro turno da presidente e a continuidade da hegemonia petista no governo federal, pelo menos pelos próximos quatro anos. Esse é o quadro de momento, mas tudo leva ao mesmo caminho que, se continuar nesse tom, não será diferente quando outubro chegar. O maior problema enfrentado pelo senador mineiro Aécio Neves (PSDB) e pelo governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), potenciais adversários de Dilma, é justamente a falta de discurso, que convença os eleitores que de fato eles são alternativas de mudança, conforme apregoam, se nem mesmo sabem o que de fato querem dizer com isso.
Que a disputa ficará entre esses três nomes – embora a recém-socialista Marina Silva ainda seja a opção mais viável a levar a eleição para um segundo turno – ninguém tem dúvidas. Como não pode ser descartada uma aliança entre o próprio PSDB e PSB, que esbarra, porém, na vaidade tanto de Aécio, como de Campos, que deliram com a possibilidade de chegar ao Palácio do Planalto. E com a base aliada do governo em guerra declarada, tudo se tornaria mais fácil, caso houvesse interesse de fato para entender os anseios da população, refletida nos números das recentes pesquisas. O que não acontece. Situação que reflete os apontamentos da presidente do Ibope, Márcia Cavallari, em entrevista ao jornal espanhol El País, com a autoridade que o cargo lhe permite, quando afirma que “os brasileiros desejam mudança, mas não a veem representada na oposição”. É esse sentimento que mantém a vantagem de Dilma Rousseff na corrida presidencial, e até porque há indicativos, por parte dos próprios candidatos, de que não se antenaram ainda com as novas aspirações dos brasileiros.
O pessebista Campos, assim que colocou o bloco na rua, afirmou que sua proposta era de reforçar as conquistas dos governos Lula e Dilma, colocando apenas um complemento que reflete esse continuísmo. “O Brasil quer mais”, tem afirmado o governador pernambucano, até o ano passado aliado incondicional do governo federal. Ele joga todas as suas fichas que a aliança com Marina, provável a vice de sua chapa, possa transferir-lhe os votos da ex-senadora verde, que também já passou pelo petismo. E não deixa de acenar com uma possível aliança aos tucanos num segundo turno. Sua volatilidade ideológica, entretanto, o descredencia para ser o verdadeiro representante de uma mudança.     
O tucano Aécio Neves, por sua vez, até agora não apresentou propostas reais para o País. Ele tem apostado na desconstrução da administração do PT e acenado para a continuidade dos programas sociais que deram certo nesses quase 12 anos. E dá mostras de que vai repetir os oito anos de FHC, quando começa a montar sua equipe, ressuscitando figuras do antigo governo, como Armínio Fraga, José Roberto Mendonça de Barros, entre outros. Ora, se o discurso é o da mudança, então é preciso arejar o projeto de governo. Continuar o que está dando certo é uma obrigação de qualquer governo. O que não se vê, porém, é a novidade, tão esperada por todos. O modelo petista talvez esteja se esgotando, mas a julgar pelo comportamento daqueles que acenam com a mudança, ele vai continuar por mais quatro anos. 

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