O tema liberdade de imprensa é muito vasto e suscita discussões das mais acaloradas, quando se toca no direito da livre informação, sem interferências de quaisquer natureza, sejam elas comerciais ou políticas. E não será a primeira e nem a última vez que estarei abordando, neste espaço, esse assunto, que vem sempre carregado de polêmica. Na semana passada, por uma desconexa fala de um vereador, Aloízio Andrade (PT), na Sessão Ordinária da Câmara, ela ganhou um novo tempero, quando o edil, em desalinho com os tempos das novas tecnologias e redes sociais, cogitou uma “investigação” para saber quais eram os jornalistas que tinham diploma. E quais os que não tinham. Tudo para externar seu desagrado com as pesadas críticas que o governo, do qual é ferrenho defensor, vem enfrentando. Como se a culpa fosse dos meios de comunicação que, se o nobre político não sabe, são um reflexo da própria opinião pública. Enquanto repórteres, redatores ou colunistas, nós jornalistas, somos uma extensão dos anseios da população, que está cansada da omissão do poder público.
Censores enrustidos
O vereador petista foi muito além de suas atribuições constitucionais. Ele chegou a pedir anuência da Mesa Diretora, no sentido de inibir tais críticas e fiscalizar tudo o que nós, jornalistas, produzimos, “para que providências fossem tomadas”. Quais são – ou serão – essas providências, confesso que não sei. Posso até imaginar. Quem acompanhou atentamente a sessão, captou a mensagem.
Mais que um desejo
E não é uma postura isolada de Aloízio Andrade, a questão de monitorar a mídia. Por ser do mesmo grupo que diz que a imprensa é “nefasta”, ele desfila com desenvoltura todo seu desconhecimento em relação ao processo comunicacional. Não tem essa obrigação, é evidente, mas poderia se atualizar um pouco. E é pura contradição quando se auto intitula um “democrata’ e quer calar jornalistas.
Vontade explícita...
O controle da mídia é uma aspiração tão antiga quanto sua própria existência. É o sonho de consumo de políticos que não conseguem conviver com a multiplicidade de opiniões. Estejam eles à esquerda, ao centro ou à direita. Não tem coloração ideológica ou partidária. E a cada manifestação pública dessa vontade, ela precisa ser repudiada com veemência, pela sociedade organizada. Censura nunca mais.
Seguindo o mestre
Já que o vereador Aloízio Andrade é um defensor de suas posições e de seu partido, e se diz democrático por convicção, ele bem que poderia se apegar ao discurso da presidente Dilma Rousseff, petista como ele, quando foi declarada vencedora: “prefiro o barulho da imprensa livre, ao silêncio das ditaduras”. Ao que tudo indica, ele não assimilou essa lição. Assim como os muitos que pensam como ele. Por enquanto, é só retórica...
Outros caminhos
Para combater ofensas pessoais, as injúrias, calúnias ou difamações, que existem pela irresponsabilidade de alguns jornalistas, não é preciso calar a imprensa. Há uma instituição chamada Poder Judiciário.
Um tema sem fim
Há verdades e verdades. Cada uma embasada numa hipótese diferente. Uma verdade incontestável, a morte do cinegrafista da Band, Santiago Andrade, atingido por um rojão há duas semanas, numa manifestação no Rio. Presos os supostos autores dos disparos, o assunto foi pauta efetiva na mídia na semana que passou. Apresenta-se, agora, e virou histeria nos meios de comunicação, uma hipótese de que os autores desse crime contra a vida humana são financiados por facções ou partidos políticos. Há alguma verdade nessas afirmações? Diria que não é uma tese a ser descartada, mas bancá-la como fonte desse mal não é apropriado agora. Beira à ingenuidade.
A quem interessa?
Não gosto de me apegar a teorias conspiratórias. Há, com certeza, grupos interessados nesse caos todo e que não hesitariam em recrutar malucos dispostos a tudo. Desde a extrema esquerda, com alguns grupelhos disfarçados em partidos, até a extrema direita, nas figuras dos órfãos e viúvas da ditadura militar. Não acredito, entretanto, que estejam mobilizados a esse ponto. Cabe à sociedade não permitir que se mobilizem de fato.
Vai bater recorde
Dois novos inquéritos abertos pelo Ministério Público miram a administração Paulo Hadich (PSB). Um no caso do superfaturamento com produtos de limpeza, mostrado em abril de 2013, por esta Gazeta. O outro, por improbidade administrativa por dispensa de licitação na compra de ingressos para curso de professores. Pelo andar da carruagem – e se já não aconteceu – é bem provável que o recorde anterior seja quebrado logo.
Pergunta rápida
As crianças da rede municipal de ensino terão ovos de Páscoa este ano?
Tira, põe. Deixa...
...ficar, guerreiros com guerreiros fazem zig-zig-zá. Na oposição, o vereador Edmilson Gonçalves (PSDC) foi cassado em início de mandato. Outros dois oposicionistas, Zé da Mix (PSD) e dr. Júlio (DEM), foram investigados e o revide veio rápido: os pedidos de CPs contra o prefeito Paulo Hadich (PSB) e os vereadores situacionistas Ronei Martins (PT) e Raul Nilsen (PMDB). Zé da Mix volta à cena, agora como investigado por bancar assessor fantasma e, nesta última semana outro vereador, que parece estar mudando de lado, o Tigrão (PMDB), chancela nova denúncia contra Ronei. Não dá mesmo vontade de cantar a musiquinha do Escravos de Jó?
Nota curtíssima
Próximo passo: Rachel Sheherazade receber convite para posar nua.
Diploma em jogo
E não é o de jornalista, não. É o de prefeito, que Paulo Hadich (PSB) ostenta e que lhe garantiu assumir o comando do Poder Executivo, após vencer a eleição de 2012. Nesta semana a Justiça pode decidir, pela cassação ou não, dos diplomas de Hadich e do vice, Antonio Carlos Lima (PT), em ação movida pelo empresário Lusenrique Quintal (PSD), candidato derrotado nas urnas. A decisão está nas mãos da juíza da 66ª Zona Eleitoral de Limeira, Daniela Mie Murata Barrichello. A semana vai ser de nervos à flor da pele.
Frase da semana
“O PSDB está com a bateria arriada”. Do ex-ministro da saúde e pré-candidato do PT ao governo de São Paulo, Alexandre Padilha, em passagem por Limeira na última terça. Na Gazeta de Limeira. Quarta-feira, 12.
domingo, 16 de fevereiro de 2014
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