Pages

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Agora é tarde. Vai haver Copa, sim

A pouco mais de quatro meses para o início da Copa do Mundo de Futebol, aqui no Brasil, há uma preocupação crescente com as manifestações contrárias à sua realização, que devem explodir durante os jogos, assim como aconteceu no período da Copa das Confederações. Se há grupos políticos ligados aos manifestantes – ou se esses são atrelados a legendas partidárias – é o que menos importa. A mobilização, via redes sociais, talvez seja muito mais consistente que o próprio movimento em si. Há até perfis no Facebook, como o “Não Vai Ter Copa”, que além de arregimentar manifestantes a participarem dos protestos, mostram a indignação de muita gente honesta, que gostaria de ver a saúde pública, a educação, a habitação, o transporte e a infraestrutura brasileiras com o chamado “padrão Fifa” de qualidade, que a entidade maior do futebol mundial obrigou a Nação a oferecer aos participantes, via estádios caríssimos e que vão extrapolar, em muito, os orçamentos iniciais previstos.
O cuidado que se deve ter, entretanto, nem é tanto com a pressão das ruas – por enquanto esvaziada e com baixa mobilização – mas com a falta de preparo das autoridades para controlar os eventos que possam ocorrer com a proximidade da competição e durante a realização dos jogos, às portas dos estádios sedes. A mídia mundial vai estar presente, mostrando ao mundo todos os deslizes cometidos pelos órgãos encarregados da segurança, quando tumultos ocorrerem. Nas "pré-manifestações" isso já ficou patente com a ação de policiais despreparados para confrontos dessa natureza e sem o devido treinamento para abafar motins públicos, com grande concentração popular. Reflexo da inoperância de um estado inexperiente e que pretende resolver à bala e no cassetete o inconformismo desses grupos, que nem eles próprios sabem a quem representam e o que representa.
Sem as bandeiras dos protestos que tomaram conta dos grandes centros a partir de junho de 2013, mas apenas com o “não vai ter copa”, fica difícil imaginar o que vai acontecer e suas consequências. Como 2014 também é ano eleitoral vai ser difícil separar o que os partidos políticos e seus candidatos vão levar às ruas contra seus adversários. Isso, entretanto é uma outra história.
Para concluir, deixo dois pontos interessantes que merecem discussão nesse momento. Primeiro, por que se manifestar contra a Copa do Mundo somente agora, quando ela está prestes a acontecer, vai acontecer e pouco se importa com as manifestações que serão reprimidas, assim como na Copa das Confederações, que teve estádio cheio e foi sucesso? Segundo, as manifestações contrárias à Copa - e provavelmente em 2016 contra os Jogos Olímpicos também - deveriam ter sido iniciadas lá atrás, quando o Brasil foi anunciado como sede das duas competições. Com pressões sobre o governo, sobre os parlamentares e à própria CBF. Porque em outubro de 2007, mais precisamente no dia 30, quando a Fifa anunciou o País como sede do torneio entre seleções, os mesmos que agora protestam também aplaudiram essa “vitória” brasileira. E são os mesmos que agora recorrem à internet para comprar as caríssimas moedas comemorativas da Copa. Uma contradição difícil de entender.

0 comentários: