É sempre interessante - e proveitoso - retomar os debates sobre o uso das redes sociais na consolidação da democracia. Na construção da política como ciência e verdadeira arte do bem governar os povos. Em que pesem as manipulações, erros ou acertos das informações que por elas circulam segundo a segundo, a sua melhor contribuição consiste justamente no fato de se deslocar em um espaço livre, no qual o confronto de ideias dá a verdadeira dimensão daquilo que representam. Uma reação em cadeia, que traz a reboque outras discussões, como as que tratam sobre direitos e responsabilidades.
A partir do momento em que mais pessoas podem expor aquilo que pensam e se exporem publicamente através dessas mídias (ou novas mídias, como são definidas), que cada vez mais caem no gosto popular, cria-se uma interação estratégica para atrair grupos de simpatizantes, que invariavelmente rendem também os críticos. E é essa força de aglutinação de pensamentos antagônicos a garantia do exercício pleno da liberdade de expressão. Distante dos interesses das mídias convencionais, que são reguladas por uma linha editorial próxima aos grupos que representam, mas com objetivos semelhantes, essas redes sociais vêm contribuindo de forma determinante para a formação de uma opinião pública mais engajada, a ponto de reunir centenas de milhares em manifestações públicas, como as ocorridas no último mês de junho, que deram início a uma nova ordem política - muitos ainda duvidam dessa força e até menosprezam tais propósitos - que não têm mais volta. Uma semente que não caiu em solo árido, mas na fértil capacidade do homem em moldar suas convicções. Uma força que não pode mais ser desprezada.
Isso posto, sobra espaço à utilização dessas redes como palanque político. Nada mais justo e democrático que grupos de diferentes matizes ideológicos e partidários também usufruam desse ambiente virtual de disseminação de ideias e façam uso dele para a defesa de suas propostas. Há, entretanto, uma clara divergência entre as correntes políticas, no que diz respeito à forma de utilização dessa ferramenta de comunicação. Há uma confusão clássica entre o que é divergir e o que é denegrir, que destoa definitivamente do debate sério e focado no interesse público e parte para um confronto hostil pela busca do poder a qualquer custo.
O que tenho percebido e, isso me chamou a atenção para escrever este artigo, é que os objetivos desse "palanque virtual" estão muito mais voltados à desconstrução da ordem vigente do que propriamente a uma perspectiva em agregar projetos e valores, pois fica cada vez mais claro que eles não existem. Ou são requentados na panela do saudosismo. E o que é mais curioso ainda, não há distinção na atuação de nenhum dos lados beligerantes. Situação e oposição - e também os adjacentes - atacam e contra-atacam ao mesmo tempo e confundem a cabeça do cidadão comum, que fica cada vez mais descrente com a política e os políticos. É preciso que os partidos e seus simpatizantes repensem suas estratégias, para que não transformem as redes sociais num palanque viciado pela mediocridade de interesses pessoais.
terça-feira, 30 de julho de 2013
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