Há muita gente apostando no fim das manifestações de protestos, que ganharam as ruas no último mês de junho. Muitos são os interesses, principalmente políticos e de dirigentes partidários, em abafar o som pesado que veio das ruas País afora, para tentar conter o ímpeto popular e continuar zombando com a cara do cidadão, fazendo dele apenas um instrumento para suas ambições políticas. Aliás, e para bom entendedor uma vírgula é o suficiente, é nesses momentos que aproveitadores travestidos com o manto da ética costumam se mostrar com mais desenvoltura na tentativa de capitalizar seguidores. Trata-se de um conceito muito utilizado em décadas passadas, mas arraigado num conservadorismo tão óbvio, que não percebem esses exploradores o quão ridículos são.
Tenho uma opinião muito particular - e posso estar enganado e quem sabe até me enganando com isso - de que a calmaria deste momento não reflete no futuro, pois os ouvidos atentos e os olhos bem abertos dos milhares de pessoas, que deixaram a comodidade de lado e ocuparam espaços públicos para mostrar tamanha insatisfação, foi só o primeiro rastilho de pólvora aceso em suas consciências. A fagulha não se apagará tão facilmente a ponto de interromper esse rastilho. O espanto estampado nos rostos de governantes e legisladores (da presidente da República a governadores e prefeitos; de senadores e deputados, que viram seus medos refletidos também nos vereadores) mostrado à exaustão pela mídia, vai ficar como sinal de alerta, para que esse momento tão particular seja duradouro.
Muito se escreveu e vai se escrever ainda sobre esse levante, que de forma espontânea tomou conta de mentes engajadas e corações impacientes, no sentido de tentar defini-lo como manda os mais conceituados tratados filosóficos e teorias, calcados em históricas revoltas populares conhecidas ao longo do desenvolvimento da própria humanidade. Com certeza não conseguirão chegar a um denominador comum, devido à própria naturalidade com que surgiu, através de um movimento que cobrava melhorias no transporte público urbano na capital paulista sem onerar o minguado bolso do usuário. E é justamente essa sinceridade de propósito, sem apego a partidos ou lideranças preestabelecidas, que mais está tirando o sono de teóricos de gabinete e daqueles que têm muito a perder politicamente com o emergir dessa percepção popular. Que preconceituosos de plantão também não zombem dessa força, como passageira ou sem consequências posteriores.
Estamos atingindo quase o primeiro mês do estopim que desencadeou todo esse processo e, mesmo assim, não conseguimos esgotar o tema, que parece estar cada vez mais vivo, ganhando contornos de ordem expressa à pauta daqueles que comandam os destinos da Nação. As vitórias até aqui conquistadas pela pressão que veio desse "brado retumbante" são ínfimas, se comparadas ao que falta para a consolidação da verdadeira democracia. É preciso saber que aqueles que, assustados, cedem aos apelos populares, são justamente os mesmos que levaram o Brasil ao descaminho. Que 2014 leve essas raposas para bem longe do galinheiro. Definitivamente.
terça-feira, 9 de julho de 2013
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