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terça-feira, 9 de julho de 2013

Está na hora de tirar as raposas do galinheiro

Há muita gente apostando no fim das manifestações de protestos, que ganharam as ruas no último mês de junho. Muitos são os interesses, principalmente políticos e de dirigentes partidários, em abafar o som pesado que veio das ruas País afora, para tentar conter o ímpeto popular e continuar zombando com a cara do cidadão, fazendo dele apenas um instrumento para suas ambições políticas. Aliás, e para bom entendedor uma vírgula é o suficiente, é nesses momentos que aproveitadores travestidos com o manto da ética costumam se mostrar com mais desenvoltura na tentativa de capitalizar seguidores. Trata-se de um conceito muito utilizado em décadas passadas, mas arraigado num conservadorismo tão óbvio, que não percebem esses exploradores o quão ridículos são.
Tenho uma opinião muito particular - e posso estar enganado e quem sabe até me enganando com isso - de que a calmaria deste momento não reflete no futuro, pois os ouvidos atentos e os olhos bem abertos dos milhares de pessoas, que deixaram a comodidade de lado e ocuparam espaços públicos para mostrar tamanha insatisfação, foi só o primeiro rastilho de pólvora aceso em suas consciências. A fagulha não se apagará tão facilmente a ponto de interromper esse rastilho. O espanto estampado nos rostos de governantes e legisladores (da presidente da República a governadores e prefeitos; de senadores e deputados, que viram seus medos refletidos também nos vereadores) mostrado à exaustão pela mídia, vai ficar como sinal de alerta, para que esse momento tão particular seja duradouro.
Muito se escreveu e vai se escrever ainda sobre esse levante, que de forma espontânea tomou conta de mentes engajadas e corações impacientes, no sentido de tentar defini-lo como manda os mais conceituados tratados filosóficos e teorias, calcados em históricas revoltas populares conhecidas ao longo do desenvolvimento da própria humanidade. Com certeza não conseguirão chegar a um denominador comum, devido à própria naturalidade com que surgiu, através de um movimento que cobrava melhorias no transporte público urbano na capital paulista sem onerar o minguado bolso do usuário. E é justamente essa sinceridade de propósito, sem apego a partidos ou lideranças preestabelecidas, que mais está tirando o sono de teóricos de gabinete e daqueles que têm muito a perder politicamente com o emergir dessa percepção popular. Que preconceituosos de plantão também não zombem dessa força, como passageira ou sem consequências posteriores.
Estamos atingindo quase o primeiro mês do estopim que desencadeou todo esse processo e, mesmo assim, não conseguimos esgotar o tema, que parece estar cada vez mais vivo, ganhando contornos de ordem expressa à pauta daqueles que comandam os destinos da Nação. As vitórias até aqui conquistadas pela pressão que veio desse "brado retumbante" são ínfimas, se comparadas ao que falta para a consolidação da verdadeira democracia. É preciso saber que aqueles que, assustados, cedem aos apelos populares, são justamente os mesmos que levaram o Brasil ao descaminho. Que 2014 leve essas raposas para bem longe do galinheiro. Definitivamente.

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