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terça-feira, 28 de junho de 2011

Quando o vandalismo é puro ato de burrice

Pichar. Danificar. Ou simplesmente destruir um bem público, é muito mais que vandalismo. É puro ato de burrice daqueles que o praticam, cujas consequências vão além da simples mostra de poder ou da vontade oculta de cada um, que vê nesse tipo de ação uma forma de protestar, às vezes, contra o mau funcionamento de algum serviço. Os exemplos mais comuns são bancos em praças, assentos em abrigos de ônibus, placas de sinalização de trânsito, coletores de lixo em vias públicas e, o pior de todos eles, os telefones públicos. Os conhecidos orelhões, que foram alvo de matéria na edição do último domingo da Gazeta.
Muito bem conduzida pela jornalista Kelly Camargo, a reportagem mostra bairros inteiros à mercê de uma horda de inconsequentes, que não consegue vislumbrar, que lá na frente eles próprios podem ser as vítimas de seus próprios atos e, a partir da necessidade ou emergência qualquer, privar-se de um socorro porque o telefone público não funciona. Quem sabe aí sintam os reflexos, e na própria pele, dessas ações. A maioria delas por maldade ou em disputas, para ver quem tem mais coragem. Nesse caso, que prima mais pela covardia.
O usuário comum, aquele que às vezes depende desse serviço - ou por falta de sinal de telefones celulares - reclama e se irrita. E com razão. Não compreende a razão de quem descarrega sua raiva, trazendo prejuízos à população. Às vezes, num impulso impensado, temos necessidade de descarregar nossa carga emocional em algo ou alguém que nos incomoda. É do ser humano a reação inesperada, que pode machucar ou até mesmo destruir, mas injustificada e criminosa, quando chega ao nível mostrado na manchete de domingo desta Gazeta. A ninguém é dado o direito de usurpar do bem comum, expondo sua ira de forma a prejudicar seu semelhante.
Uma situação, que reflete bem a falta de opção para ocupar crianças, adolescentes e jovens - até mesmo adultos -, que não têm oportunidades ao lazer de boa qualidade e até mesmo educação, que garantam o bem-estar, dando um fim à ociosidade, que é uma grande oficina do malfazer. É nesse ponto que entra a obrigação do poder público em assegurar alternativas positivas, para preencher com atividades sadias um maior número de pessoas, para que não se deixem levar por caminhos tortuosos, cujos resultados são imprevisíveis. Muito já se falou sobre a incapacidade desse poder público em gerir tais necessidades, que pode muito bem ser traduzida (a incapacidade) em falta de vontade política para agir. Uma coisa é consequência da outra.

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