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terça-feira, 7 de junho de 2011

Palocci já está condenado. Sem julgamento!

Tenho acompanhado atentamente todas as opiniões sobre o caso envolvendo o ministro-chefe da Casa Civil do governo Dilma Rousseff, Antonio Palocci, e as suspeitas de enriquecimento ilícito, que pairam sobre sua cabeça. O caso, como começou, através de uma denúncia do jornal Folha de S.Paulo, por si só tem motivações que vão além da política partidária, chegando à institucional. Sem desmerecer a fonte - ou fontes - e a possibilidade de ter havido vazamento de informações sigilosas ou não, o tema requer cuidado no seu tratamento. Requer, além do próprio interesse da oposição em criar fatos bombásticos para minar o governo federal e o próprio PT (faz parte do jogo político; da própria democracia), uma investigação aberta. Com direitos iguais para acusação e defesa.
O que tenho percebido, e vou ser voz discordante da maioria das análises, é que há um julgamento prévio, no qual já instalaram um tribunal, acusaram, julgaram e condenaram sumariamente todas as ações do ministro, sem o direito da defesa, que o caso exige. Se o próprio ministro e o governo estão pecando no atraso às explicações e provocando ainda mais especulações, é uma outra história. Talvez até mesmo uma estratégia do próprio poder central para ganhar tempo e, com isso, esfriar o caldo. O que não acredito, uma vez que os principais órgãos de comunicação do País acenderam o fogo. E vão continuar soprando a brasa.
A entrevista de Palocci à Globo na semana passada - gravada - não foi uma boa estratégia. Até que ponto a própria emissora dos Marinho está bancando a defesa do ministro é uma incógnita. A verdade é que depois da exclusiva, foi tirado o pé do acelerador das denúncias e da própria cobertura desse envolvimento. O jogo político continua. É um círculo vicioso que não cessa nunca. E o único interesse em jogo, neste momento, é o político-partidário. Se alguém falar que há um interesse nacional, está mentindo. O que leva o caso ao patamar e semelhança do mensalão, em 2005. Inclusive envolvendo o titular do mesmo cargo.
As diferenças existem, mas a principal delas, talvez, seja o período das denúncias. No mensalão, foi às vésperas do período eleitoral. Agora, em início de mandato da presidente. Da mesma forma, o governo está relutante em afastar a autoridade denunciada. E também há resistência do próprio ministro em se afastar do cargo.
O curioso disso tudo é que a lição que se pode tirar do caso do enriquecimento ilícito de Palocci, entretanto, é incrivelmente a mesma - sem tirar e nem pôr uma vírgula - do caso envolvendo o então ministro da Casa Civil de Lula, José Dirceu, no mensalão: a execração pública pelo meio político. Palocci já está condenado!

Antonio Claudio Bontorim

1 comentários:

lovezutti disse...

Concordo que o Palocci está condenado no meio político. Pena é que certamente veremos uma reprise do filme José Dirceu: irá sumir por uns tempos, depois reaparece como se nada tivesse acontecido, já que ninguém tem memória neste país.