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terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

O poder da cobrança

Ninguém deve ser cobrado daquilo que não está ao seu alcance. Como ninguém pode ser responsabilizado por desacertos - ou acertos - se não conhecer plenamente suas obrigações. Apesar da obviedade dessas duas afirmações, o caos observado nas obras públicas municipais vai muito além das boas intenções propagadas em explicações, também óbvias, que chegam a constranger até mesmo o mais otimista dos otimistas. Há, sim, obrigações claras e capacidades em fazer. Está faltando vontade política ou, então, numa hipótese também plausível, sobrando desinteresse. Ou, ainda, interesse com datas marcadas: pré-eleitorais, por exemplo.
O que esta Gazeta vem revelando nas últimas semanas - nos últimos meses desde outubro para cá, para ser mais exato - representa muito mais que a própria responsabilidade do poder público, um escárnio à inteligência do povo. Por outro lado, tem levado as pessoas a exercerem sua plena cidadania, cobrando cada vez mais ações a quem de direito, o Executivo municipal, na figura de seu representante legal, ou seja, o prefeito. Neste caso, Silivo Félix (PDT). É cobrar diretamente de quem tem as soluções ao seu alcance e responsabilizar quem é conhecedor das obrigações assumidas ao ser eleito pela vontade popular.
Numa sucessão de erros primários e experiências que não resistem a um único argumento contrário, decisões vêm sendo revogadas antes mesmo de entrar em vigor, gerando desgastes desnecessários, por pura falta de critérios técnicos ou planejamentos adequados. Obras acabadas às pressas se dissolvem à primeira chuva - ou nela se afogam - e revelam a má qualidade na sua execução e material utilizado, fazendo correr junto com a enxurrada todo o dinheiro público aplicado. Dinheiro, que é bom lembrar ao administrador, sai do bolso de cada um de nós (agora chamados contribuintes), e só por isso precisa ser bem tratado.
A cobrança a que me reporto neste artigo tem um significado bastante objetivo e demonstra que o povo perdeu definitivamente a paciência. Está no limite ao ser tratado como carga, num serviço de transporte público deficiente e anacrônico; ao ter que se sentar em pilhas de tijolos, na praça abandonada; ao ver se repetirem, a cada chuva, os mesmos problemas e ao presenciarem, diariamente, leis serem descumpridas por ausência de fiscalização. À imprensa cabe tão somente o exercício desse poder de cobrança. O jornalista não inventa fatos, ele é apenas um porta-voz do descontentamento popular, refletindo o interesse dos cidadãos.

Antonio Claudio Bontorim

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