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terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Um convite especial

A passagem de um ano para o outro, a virada, como se convencionou dizer, traz sempre embutida em si expectativa de mudança. De todo tipo de transformação que, espera-se, seja sempre para melhor. Que permita o crescimento e o amadurecimento em todos os segmentos e, principalmente, nas relações humanas. Pois está claro, nesse processo, que nada acontece sem que a mão do homem se faça presente. Ele, homem - ou melhor a raça humana - é que dá o exato significado, prático e afetivo, ao curso da história. Que chama para si toda responsabilidade (quando a tem) por ações efetivas no seu próprio cotidiano.
Se o homem não mudar, não evoluir ou despir-se de seus traumas e preconceitos a cada ano que passa, deixa de ser o agente dessa história, passando a ser um simples paciente, que tenta se mostrar inconformado e contestador, mas não consegue separar seus anseios, tornando-se amargo e descrente. É preciso fugir dessa passividade sem dar chances à acomodação e ter em mente o quão extraordinária é sua inteligência. Não à pequenez da ignorância e da pobreza de espírito.
Mais uma vez (e não sei por quantas mais isso acontecerá) está se assistindo ao triste espetáculo da amargura e da descrença, daqueles que não se dão à mínima chance de crescer e derrotados na vida por si próprios, buscam fomentar uma derrota coletiva, antes de pensar - ou sonhar - com uma vitória possível. Antes de mirar na probabilidade do sucesso, sustentam o desprezo e escancaram suas previsões no fracasso, como se a primeira gota fosse responsável pelo transbordo do copo.
Estamos faz apenas quatro dias no novo governo e urubus travestidos de intelectuais assoviam seu canto agourento e arrepiam suas penas aos deslizes verbais da presidente Dilma Rousseff (PT), como se todos nós não os cometêssemos vez ou outra. Como diariamente faziam com Lula para se vangloriar de seu falso eruditismo, escorado na língua presa do então presidente e de sua mão faltando um dedo. Os desafios nacionais são muito maiores que toda essa mesquinhez. Transcendem o óbvio, na mais pura demonstração de que esse preconceito nunca acaba, ao fazer de características pessoais, como uma impressão digital, motivo para chacotas. Os homens precisam reaprender a humildade para mudar. Então, por que não mudamos? Porque não queremos mudar, ao cultivarmos a arrogância como nossa principal qualidade, quando na verdade trata-se de uma grande falha de personalidade. Esses exemplos são apenas um convite. Um convite para mudança.

Antonio Claudio Bontorim

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