O limeirense deve ter sido surpreendido com a manchete desta Gazeta de domingo - Félix decreta estado de emergência após prejuízos e estragos da chuva - e estar se perguntando o que poderia ter levado o prefeito Silvio Félix (PDT) a decretar tal situação e com “certo” tempo decorrido dos acontecimentos mais contundentes, provocados pela forte chuva que atingiu a cidade. Apesar das explicações dadas pelos técnicos da administração municipal, parece-me que não se justifica a inédita medida, anunciada oficial e solenemente no Jornal Oficial do Município, do último sábado, dia 22, e fonte geradora da manchete deste jornal.
O leitor mais atento vai concordar comigo à medida que estiver lendo este artigo, após análise atenta da matéria completa produzida pela jornalista Daíza Lacerda.
O município de Limeira não tem encostas, morros ocupados irregularmente e, pelo que se sabe, não há desabrigados em decorrência deste janeiro ainda chuvoso. Há estragos, sim, uma morte, pura fatalidade no momento do transbordo de um córrego e danos pontuais, que a Prefeitura terá obrigatoriamente que reparar. Nada comparado a outros municípios, como Atibaia, por exemplo. E muito menos inserido no rol da tragédia que arrasou São Luiz do Paraitinga, em janeiro de 2010; e, mais longe ainda, das enchentes paulistanas ou da catástrofe ocorrida na região serrana do Rio de Janeiro neste 2011.
Dados do relatório de serviços prioritários e dos estragos também não são novidades, e vêm de longa data. De outras chuvas, como os já conhecidos e tradicionais pontos de alagamento do município e dos córregos que precisam ser retificados de desassoreados, conforme matéria da jornalista Renata Reis publicada hoje pela Gazeta. Fatos repetidos em períodos chuvosos de anos anteriores. Basta consultar edições de outros janeiros deste jornal. Nada é novidade. A não ser a emenda à Lei Orgânica aprovada na Câmara, em 2010, de autoria do vereador Mário Botion (PR), que instituiu o procedimento. Vejo neste decreto uma ação com elevado teor de dramaticidade, que o atual momento não comporta. Tivesse sido tomada lá atrás, no dia 7 de janeiro, talvez estivesse melhor amparada pelos acontecimentos.
Ao decretar a situação emergencial só agora, a medida parece-me exagerada. Uma jogada de marketing da tragédia desnecessária pelo próprio quadro geral do município, que em nada lembra destruição. E pelo fator facilitador provocado pelo decreto, dá-se a nítida impressão de certa dose de oportunismo político.
Antonio Claudio Bontorim
terça-feira, 25 de janeiro de 2011
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