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terça-feira, 21 de setembro de 2010

A imprensa, Dilma e Serra

Tenho acompanhado atentamente o bate-boca entre petistas - candidatos majoritários e proporcionais - e a ‘grande’ imprensa. O que leva militantes, diariamente, a uma acirrada troca de palavras via Web contra aquilo que chamam de “velha mídia”. Twitter e blogs - de ambos os lados - municiam esses militantes, criando até fatos curiosos e engraçados que ganham a Rede com uma velocidade incrível. Amparada por uma unanimidade que até agora não entendi (e se for procurar explicação acabo detectando um viés partidário nessa lógica), Veja, Folha de S. Paulo, Estadão, O Globo, TV Globo entre outras, vêm proporcionando manchetes diárias, com ataques diretos à candidata governista à Presidência, Dilma Rousseff, ao mesmo tempo em que preservam o candidato da oposição, José Serra, da coligação PSDB-DEM-PPS, dando-lhe farta munição para exibir em sua propaganda eleitoral. No mesmo dia das bombásticas manchetes.
Essa contenda sem precedentes, dos chamados órgãos de comunicação de primeira linha e a trupe do Palácio do Planalto, teve início no final de agosto e a 12 dias das eleições o tiroteio prossegue cerrado. Porém sem causar estragos ou baixas na trincheira situacionista, que amparada por uma popularidade que beira quase os 100% do presidente Lula e na catastrófica campanha do seu principal adversário, que ainda não se achou na linha de fogo (ora mostra Lula e promete melhorar programas sociais do governo; ora bate forte no quase ex-presidente e, aos choramingos, pede votos), segue impávida rumo a uma vitória clássica. Política é política. Pode mudar de rumos. Os próprios “serristas”, porém, parecem estar desistindo da guerra principal, preferindo gastar munição às batalhas localizadas e de vitórias quase consumadas. Dia desses comparei esses órgãos de imprensa a um time de vôlei: A Veja saca no fim de semana; Folha de S. Paulo, Estadão e O Globo, passam e levantam a bola, que a Globo corta em horário nobre. A bola insiste em não cair no outro lado da quadra.
Analogias à parte, se todos focassem suas coberturas, garantindo a proporcionalidade no direito às respostas, nada disso estaria acontecendo. Deixa-se, assim, de cumprir a premissa ética do jornalismo, que é o contraditório em igualdade de condições. Isso permite discursos inflamados. Exageros verbais, que não levam a nada. Estariam todos perdendo o foco do bom jornalismo por interesses partidários? Prefiro acreditar que não, pois se assim for, quem perde de fato é o País.

Antonio Claudio Bontorim

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