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domingo, 21 de setembro de 2014

Ainda não está nu, mas pode ficar pelado logo

Torna-se cada vez mais evidente o racha – ainda sem risco algum, é preciso ser realista – entre a base governista na Câmara e Poder Executivo. Vereadores descontentes e com pouco acesso ao Gabinete do prefeito e até mesmo sofrendo algumas perseguições veladas começam a se revoltar, questionando de forma firme, porém, com pouca convicção ainda, os rumos da atual administração municipal, comandada pelo prefeito Paulo Hadich (PSB). Até mesmo vereadores do Partido dos Trabalhadores (PT), os mais fiéis até agora, vez ou outra dão uma “bicadinha” em ações rotineiras (ou pela falta delas), que mexem com parcela do eleitorado – descontente – de cada um deles. O que está chamando a atenção, porém, é a atitude do vereador José Eduardo Monteiro Júnior, o Jú Negão, do próprio partido do prefeito, em procurar o Ministério Público contra uma cobrança de taxa municipal para obter informação simples na Prefeitura. Foi destaque nesta Gazeta, em sua edição de quinta-feira, 18. Até então arma da oposição, a representação do vereador junto ao MP é um indício claro desse racha.

Um dever de ofício
Se não voltar atrás em sua pretensão de acionar os promotores de Justiça, Jú Negão dá indícios de que pode ter uma atuação mais independente do Gabinete, o que já demonstrou quando arquivou, como corregedor da Câmara, pedido para investigar o oposicionista José Roberto Bernardes, o Zé da Mix (PSD), até agora a pedra mais incômoda às aspirações do comando da cidade.

Mas uma realidade
Na realidade, a fiscalização do Poder Executivo é prerrogativa primeira do Legislativo, em todos os níveis de governo. Abster-se dela por interesses, ou por simples questões partidárias e ideológicas, se tornou um vício incontrolável nas Câmaras Municipais, Assembleias Legislativas, Câmara e Senado federais. Tem sido assim nesses últimos e políticos tempos.

Reação necessária
Essa revolta natural do vereador é o que sente na pele, diariamente, o cidadão comum, quando precisa de informações ou de algum serviço que dependa da burocracia oficial. Como representante do povo, cabe a ele zelar pelos interesses da população, independentemente de qual partido pertença. Se situação ou oposição. Nesse caso, não há rota alternativa possível.    

O caminho é árduo
Sem entrar no mérito – e tem muito, diga-se – técnico da reclamação de Jú Negão e as consequências práticas e políticas que possam representar, é preciso entender o seu simbolismo. Dá clara e inequívoca impressão que está se rompendo um ciclo que parecia inabalável. E se me perguntarem se isso é bom ou ruim, posso responder sem medo de errar que já passou da hora de acontecer.

Sem o viés político
O questionamento, nesse ponto, vai de encontro àquilo que pregam os mais fanáticos governistas. Desta vez não é a oposição. Não é o Zé da Mix (PSD), não é o dr. Júlio (DEM) e nem Luizinho da Casa Kühl (PSDB). É um vereador da base aliada de Hadich quem se revolta, e resolve agir. Mais que isso, representa um movimento que deve provocar outros questionamentos. E que seja assim.

E agora, João? Ou...
... seria José? E também não é a nefasta ou jabazeira imprensa, da qual tanto se fala mas falta coragem para apontar nomes. Então não é fato criado pela mídia, mas uma constatação de jornalistas, que têm a obrigação de divulgar à opinião pública. Culpar justamente a imprensa por aquilo que ela divulga é fechar os olhos aos problemas que estão acontecendo diariamente nas esferas administrativa e política.

Números surreais
Tem candidato inflando números da pesquisa Gazeta/Limite Consultoria e divulgando números irreais em suas propagandas. Trata-se de um desvirtuamento dos resultados apresentados, e pode causar sérios danos à própria candidatura.

Estratégia pontual
Todos os dias a Redação da Gazeta recebe reclamações de terrenos sujos, falta de sinalização em ruas e etc. A má utilização dos ecopontos é denúncia constante também. Invariavelmente os repórteres vão à caça de informações junto à Prefeitura, como mandam as boas práticas do jornalismo. Se há denúncia, é preciso ouvir também o denunciado. É de praxe que as respostas cheguem apenas no final da tarde, ou início da noite. Curiosidade: há informações que apontam para uma estratégia nesse atraso das respostas. Alguns secretários estariam instruindo seus funcionários a correrem com o serviço de manutenção para que, no dia seguinte, quando a notícia for publicada, ela já esteja defasada. Ou seja, os serviços tenham sido executados.

Críticar é colaborar
A função da imprensa não é pautar ações de agentes políticos. Nem falar o que a administração pública deve ou não fazer. Mas se houvesse mais atenção com a atuação da mídia, a situação não teria chegado a esse ponto de descontentamento.

Haverá curto-circuito
Todos têm razão. Quem quer cobrar e quem não quer a cobrança também, sobre uma situação criada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que empurrou aos municípios o custeio do parque de iluminação pública. Conforme a Gazeta mostrou na última sexta-feira, o prefeito Paulo Hadich vai mesmo enviar o projeto que cria a taxa – conhecida como Contribuição para Iluminação Pública, a CIP – mesmo contra as pressões de entidades e da própria população. Ele anunciou o envio em reunião na quinta-feira do Conselho Municipal de Desenvolvimento Econômico e Social (COMDES). Vai dar choque na Câmara. Os vereadores deverão ser o fio-terra de todas as insatisfações. Vai precisar de muita fita isolante.

Pergunta rápida
Secretaria de Comunicação Social ou agência de marketing pessoal?

E está confirmado
Entre tantas personalidades e artistas candidatos, mais um desponta para a política. Desta vez é José Alves dos Santos, popularmente conhecido como José Rico, cantor e compositor da dupla sertaneja Milionário e José Rico – que tem casa em Limeira. Com 68 anos, casado e natural de São José do Belmonte, Estado de Pernambuco, ele disputa uma vaga na Câmara Federal pelo Partido do Movimento Democrático Brasileiro, o PMDB. Seu número é 1514. José Rico é candidato sim, só que pelo Estado de Goiás e integra a coligação “Amor por Goiás”, formada pelo DEM, SD, PC do B, PRTB, PTN, PPL, que apoia o candidato Iris Rezende, também do PMDB.

Nota curtíssima
O PSDB já tem candidato oficial a deputado em Limeira. E é mais um forasteiro.

Frase da semana
“A reeleição é a mãe de todas as corrupções”. Do ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, durante palestra em São Paulo. No UOL Notícias-Política. Terça-feira, 16.

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