Xenofobia? Ódio étnico e religioso? Loucura? Fanatismo? O que leva um jovem, num país desenvolvido e pacífico a tirar a vida de compatriotas, que promoviam encontro político - também pacífico - e chamar para si a condição de arauto do nacionalismo de uma pátria, contra o acolhimento à diversidade cultural? A irracionalidade do ato do norueguês Anders Behring Breivik, de 32 anos, foi tamanha e injustificável, que não cabe em nenhuma das descrições do início deste texto.
Ninguém, em nome de qualquer ideal que seja - ou na defesa de suas posições políticas - pode se autoproclamar justiceiro. Muito menos chegar ao extremo de uma chacina por questões filosóficas, centradas nos ideais nazistas da supremacia branca. Não gosto do termo terrorismo, pela pecha política e ideológica que ele carrega e pela deturpação do seu uso na linguagem corrente, por isso não pretendo descrever Breivik como terrorista. Muito menos como ativista de qualquer ideário, o que ele também não é! Não há causa que sustente tamanha fúria, a não ser por uma mente desajustada e muito bem trabalhada por pregoeiros da discórdia. Por aqueles que não aceitam - e também não há hipóteses para esse tipo de posicionamento - as diferenças existentes, que caracterizam cada povo; na crença ou na política, de cada cidadão terreno, o que torna cada um de nós uma personalidade de propósitos exclusivos, pela simples opção que escolhemos.
As teorias sobre a natureza do ato do jovem norueguês, que não queria repartir - no sentido da interação e da troca de experiências sociais, culturais, etc. - sua nação com outros povos, surgirão aos montes, porém não há juízo de valor a ser estabelecido. E tergiversar sobre os motivos do crime cometido é como discutir e aceitar as razões das Cruzadas, do Santo Ofício, do fanatismo religioso dos Talebans, tornando seus protagonistas heróis de uma causa vazia, cujos propósitos eram - e foram - o domínio da capacidade humana da autodecisão e destino de suas próprias vidas. Não encontrando respaldo justamente devido à multiplicidade das opiniões, oprimiam, torturavam - psicológica e fisicamente - e eliminavam todos aqueles que ousavam pensar por suas cabeças. E ainda o fazem. Tudo igual a um passado de triste lembrança. Como fez o extremista norueguês. E como fazem - e vão continuar fazendo - todos aqueles que, mirando-se fixamente num espelho, sentem-se ungidos pela providência divina sobre os destinos de seus iguais. Esse tipo de obsessão está longe de ter um fim. E nunca se está preparado para o enfrentamento, pois a surpresa age como cúmplice de mentes dessa natureza, cuja finalidade é apenas causar dor ao seu semelhante, como se isso fosse suficiente para reparar as supostas injustiças que acreditam enfrentar e querem combater. O sangue não pode nunca manchar a capacidade do homem de se relacionar com seu semelhante.
quarta-feira, 27 de julho de 2011
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