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domingo, 15 de março de 2015

Um domingo no parque. Como outro qualquer



O País deve viver, hoje, um dia diferente. Cerca de 200 municípios brasileiros, num universo de 5.621, testarão a força de uma mobilização popular (????) sui generis. Em que seus organizadores estão muito longe das classes populares. E não vou aqui chamá-los de “elite branca”, porque de elite não têm nada, a não ser a condição econômica. Formação, cultura, tradição e educação, que são características daquilo que poderíamos chamar de elite, passam longe desses “manifestantes”. Convocada pelas redes sociais por vários grupos que se autodenominam “Vem pra Rua”, “Movimento Brasil Livre” e “Revoltados On-line” – alguns até mesmo pedindo a volta dos militares ao poder – a manifestação que tem como alvo a presidente Dilma Rousseff e seu partido, o PT. E se for a sequência daquele “panelaço” do último domingo, 8, nada mais se ouvirá nas ruas do que palavras de baixo calão e ofensas à presidente. E o pedido de “impeachment já”, que provavelmente a maioria desses manifestantes nem sabe o significado e muito menos como deve ser o seu trâmite constitucional. É bem provável que o movimento seja uma extensão da intolerância, do preconceito e do ódio que se seguiram após o segundo turno da eleição presidencial de 2014.

É constitucional
É importante frisar que, apesar da indefinição ideológica desses grupos, que estão inclusive brigando entre si pela paternidade dos protestos, é um direito justo que assiste a qualquer cidadão. Não pode e não deve ser chamado de “golpismo”. Oportunismo talvez. Inclusive para vender souvenirs. Não tem um objetivo claro e comum, como forçar uma reforma política, por exemplo.  

O alvo é definido
Até agora, e isso é bom que se registre (e sem querer também minimizar a importância do que as ruas dirão hoje), não se ouviu falar que será uma manifestação anticorrupção ou em defesa da ética. O centro, o objeto daqueles que hoje estarão empunhando faixas e cartazes, é muito mais pessoal do que coletivo. Será apenas um “fora Dilma”, que está entalado em algumas gargantas desde a vitória da petista.

Desprezar jamais
Posto isso, é dever de qualquer formador de opinião registrar a importância política do movimento, que não pode ser menosprezado, justamente porque é uma parcela da população que está descontente com os rumos da administração federal, neste segundo mandato da petista. E que é um sentimento que não atinge apenas os mais abastados economicamente falando, mas a todos de maneira geral.

Que seja pacífico
O que vai acontecer hoje é uma incógnita. Pode se tornar uma grande mobilização nacional ou um fiasco estrondoso. E suas consequências também são imprevisíveis, porque não se sabe qual será a reação que virá do outro lado. O que não pode é descambar para a violência. E quero acreditar que ninguém deseja isso, pois tiraria a legitimidade do movimento. Maus exemplos, infelizmente, não faltam.

As lições das ruas
Ao governo federal cabe fazer uma leitura correta daquilo que acontecerá nas ruas. O discurso tem que ser alinhado à realidade, sem metáforas. Senão vai apenas alimentar o movimento e fazer crescer ainda mais a insatisfação, essa sim popular, que já não é pequena. O senso comum não deve prevalecer sobre o imaginário político e o que é, de fato, real. Sem medo.

Força comprovada
Mais uma vez se destaca o papel das redes sociais, que a cada dia ganham mais força, tornando-se um espaço realmente livre de expressão do pensamento e de manifestações contrárias e favoráveis ao status quo. E como em qualquer outro meio de comunicação, é preciso responsabilidade na sua utilização. Mesmo porque os boatos vêm e vão facilmente. Os fatos, esses sim, ficam registrados na história.  

E para esquentar...
... o clima político, na última sexta-feira, 20, centrais sindicais como a CUT, entre outras, e movimentos sociais, como MST, também promoveram manifestações pelo País. Houve, também, atos em defesa da Petrobras em cidades onde a empresa possui refinarias ou unidades. Nada de anormal aconteceu. O interessante desses movimentos é que o governo não foi poupado de críticas, mas se posicionaram contra o impeachment.

Por aqui também
E Limeira não vai ficar fora das manifestações de hoje. Grupo de amigos, também pelas redes sociais, mobilizou simpatizantes e prometem reunir cinco mil pessoas, que vão protestar contra Dilma e o governo federal.  Garantem que são apartidários.

Poder mobilizador
Interessante de tudo isso será, posteriormente, fazer uma medição da capacidade desses segmentos e ver qual deles tem maior capacidade de mobilizar seus simpatizantes. Mesmo criticando o governo federal e clamando pela reforma política, os movimentos sociais e as centrais sindicais não querem o afastamento da presidente Dilma Rousseff. Já os simpatizantes do “fora Dilma” e “fora PT” parecem não ter uma pauta de propostas definidas. Apenas uma obsessão clara e pessoal por palavras de ordem que fomentem um caminho para o impedimento da petista. Falta substância e engajamento a esses movimentos. Vamos esperar para ver qual será o comportamento hoje.

E maio tem virada
Estou falando da Virada Cultural Paulista, finalmente anunciada pelo governo estadual para Limeira como uma das sedes do Interior paulista. É uma reivindicação antiga do Município e que, sem dúvida, atrairá muita gente durante as 24 horas ininterruptas de shows e espetáculos artísticos e culturais. É uma boa pedida.

Pergunta rápida
Por que o PSDB tem tanto medo de uma investigação sobre suas administrações?

E diz o dicionário
Brincar com as palavras é uma diversão das mais proveitosas. E um aprendizado extremamente prazeroso. E quanto mais, melhor. O significado de cada uma delas é sempre uma surpresa. E uma que me chamou a atenção foi a palavra tucano. E está lá no Houaiss com sua definição curiosa. Tucano: designação comum às aves piciformes do gênero Ramphastos, da família dos ranfastídeos, de maior porte que os araçaris, bico muito grande e forte, coloração preta, vermelha, laranja ou verde, e plumagem dorsal negra, com a garganta branca ou amarela.

Nota curtíssima
Dengue. Dengue. Dengue. Dengue. Dengue e dengue. E tem o Aedes aegypti.

Frase da semana
“Estão fazendo a dengue de palanque. Chega de hipocrisia”. Do vereador Ronei Martins (PT). No Plenário da Câmara durante a sessão da última segunda-feira, sobre a politização da dengue. Na Gazeta de Limeira. Terça-feira, 10.

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