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domingo, 29 de março de 2015



Maus-tratos ou negligência? A verdade é que as duas notícias que esta Gazeta trouxe na semana passada, uma publicada na quarta, 25, e outra na quinta-feira, 26, sobre denúncias – inclusive com registros de boletins de ocorrência na polícia – de crianças que saíram feridas em creches municipais, merecem uma reflexão séria. Apesar de as providências tomadas pela Secretaria Municipal da Educação e direção das duas instituições, que não se negaram a comentar o caso, quando procurados pelo jornal, é uma situação que assusta. Em especial pelas idades dessas crianças, entre um e quatro anos. Se haverá sindicâncias e busca pelas causas de hematomas e ferimentos apresentados, é uma obrigação das duas unidades escolares, mas é preciso entender, principalmente, o lado desses pais e mães, que confiaram no sistema e, de repente, viram seus filhos com marcas que não apresentavam, quando saíram de casa. E se uma denúncia desencadeou a outra, o mínimo que se espera é que não seja algo recorrente. Ou que novas sejam apresentadas, expondo ainda mais a rede municipal de ensino. São casos que devem ser tratados publicamente.

Explicações claras
Ao que tudo indica, e as razões apresentadas nas explicações da Secretaria da Educação apontam para isso, parece-nos dois casos de negligência. Ou desatenção. Para não ser tão explícito numa primeira análise. Não deixa, entretanto, de ser preocupante já que essas creches são o primeiro contato da criança com o sistema educacional e, também, o complemento da educação recebida em casa. 

Ações necessárias
Na primeira ocorrência, divulgada na quarta-feira, a informação é de  mordidas de outra criança assistida na unidade. Negligência nos cuidados com os pequenos. No segundo, a criança escorregou e bateu a cabeça contra um obstáculo, na creche em reforma. Outra negligência, com certeza. Fatos que devem ser encarados pela direção das creches para que isso sejam corrigidos.

E foi transparente
Nesse processo todo, o mais importante é que os responsáveis pela gestão do sistema – a direção de cada unidade e a Secretaria da Educação – não se omitiram. Muito pelo contrário. Foram em busca das razões e trataram o assunto com transparência. É o que se espera, sempre, do poder público, através dos serviços que presta à comunidade. E nesse caso um serviço de fundamental importância: a educação.

Assumir e corrigir
Revisar procedimentos, em casos dessa natureza, é a melhor forma de prevenção contra novas ocorrências. Principalmente para restabelecer a confiança daqueles que precisam e utilizam esses serviços, os pais. Não é preciso, também, fazer alarde e nem ficar procurando culpados. Assumir o problema é o primeiro passo rumo às melhorias esperadas. Essa correção vai evitar novos erros.       

Recorrente, mas...
...necessária. A discussão em torno da dengue não vai se esgotar tão cedo. E com novos óbitos confirmados, o quadro se agrava e está longe de uma solução, uma vez que o Aedes aegypti está voando livre por todas as regiões de Limeira. E volto a repetir. Se o problema existe hoje é porque não foi tratado eficazmente lá atrás. Não houve, como e quando deveria, o controle larvário. Agora os ovos eclodiram e...

Fumacê é parcial
Qualquer especialista sabe que um pequeno ovo pode ficar até dois anos inerte, antes de se tornar um mosquito transmissor. E foi nesse ninho que as ações deixaram de ser tomadas. A nebulização, como apontou a infectologista pela Unicamp, Maria Beatriz Bonin Caráccio, não tem efeito sobre ovos e larvas apenas mata esse mosquito. O que não é suficiente, uma vez que o processo já está instalado.

Mais fundo ainda
E a infectologista foi bastante clara em sua explanação. A nebulização, além de ser tóxica e passível de causar reações alérgicas, vai provocar aumento na resistência do mosquito ao veneno. Às vezes é bom ouvir a voz da razão. E de quem entende.

Só eu posso falar!
Essa história de o secretário interino da Saúde, Marco Aurélio Magalhães Faria Jr. proibir técnicos e especialistas da Pasta falarem sobre a dengue à imprensa, é um ranço autoritário que eu pensava já ter se esgotado em nossa história política. Engano meu.

A quem interessa?
A Artesp contestou nota desta coluna da última quinta-feira, quando chamei de burocráticas as decisões em torno do acesso ao Shopping Nações. Enumerou várias providências ainda não tomadas, que esta Gazeta publicou na edição de ontem, mas se esquece do bom senso. Tecnicidade demais, às vezes, só atrapalha. É o caso.

Erguendo o tapete
Olha que notícia interessante. Mensalão tucano está há um ano parado na Justiça mineira e crimes podem prescrever. Se há um discurso exacerbado pela ética, a regra, no entanto é a hipocrisia.

Pergunta rápida
Qual é a mais perigosa ameaça à liberdade de expressão?

Entrando na linha
Do propinoduto tucano dos trens, o trensalão, ao propinoduto da Petrobras, chamado de petrolão, passando pela emenda da reeleição à privataria, desde a iniciativa privada aos governos e tantos outros casos de corrupção, ninguém está imune à culpa, embora deva prevalecer a presunção da inocência, como norma jurídica. Ao prender grandes empresários e presidentes de empreiteiras e renomadas construtoras, pode-se vislumbrar o início de um combate efetivo a essa distorção do sistema político, com origem no privado. Sem o corruptor, o corrupto acaba por perder a função. Que assim seja.

Nota curtíssima
Quem atira a primeira pedra não pode ter teto de vidro. E nem pecado.

Frase da semana
“Operação abriu janela de oportunidade no combate à corrupção”. Do procurador Deltan Dallagnol, chefe da força-tarefa do Ministério Público na Lava Jato, em entrevista ao canal Globonews. No UOL Notícias. Sexta-feira, 27.

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