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domingo, 21 de setembro de 2014

Ainda não está nu, mas pode ficar pelado logo

Torna-se cada vez mais evidente o racha – ainda sem risco algum, é preciso ser realista – entre a base governista na Câmara e Poder Executivo. Vereadores descontentes e com pouco acesso ao Gabinete do prefeito e até mesmo sofrendo algumas perseguições veladas começam a se revoltar, questionando de forma firme, porém, com pouca convicção ainda, os rumos da atual administração municipal, comandada pelo prefeito Paulo Hadich (PSB). Até mesmo vereadores do Partido dos Trabalhadores (PT), os mais fiéis até agora, vez ou outra dão uma “bicadinha” em ações rotineiras (ou pela falta delas), que mexem com parcela do eleitorado – descontente – de cada um deles. O que está chamando a atenção, porém, é a atitude do vereador José Eduardo Monteiro Júnior, o Jú Negão, do próprio partido do prefeito, em procurar o Ministério Público contra uma cobrança de taxa municipal para obter informação simples na Prefeitura. Foi destaque nesta Gazeta, em sua edição de quinta-feira, 18. Até então arma da oposição, a representação do vereador junto ao MP é um indício claro desse racha.

Um dever de ofício
Se não voltar atrás em sua pretensão de acionar os promotores de Justiça, Jú Negão dá indícios de que pode ter uma atuação mais independente do Gabinete, o que já demonstrou quando arquivou, como corregedor da Câmara, pedido para investigar o oposicionista José Roberto Bernardes, o Zé da Mix (PSD), até agora a pedra mais incômoda às aspirações do comando da cidade.

Mas uma realidade
Na realidade, a fiscalização do Poder Executivo é prerrogativa primeira do Legislativo, em todos os níveis de governo. Abster-se dela por interesses, ou por simples questões partidárias e ideológicas, se tornou um vício incontrolável nas Câmaras Municipais, Assembleias Legislativas, Câmara e Senado federais. Tem sido assim nesses últimos e políticos tempos.

Reação necessária
Essa revolta natural do vereador é o que sente na pele, diariamente, o cidadão comum, quando precisa de informações ou de algum serviço que dependa da burocracia oficial. Como representante do povo, cabe a ele zelar pelos interesses da população, independentemente de qual partido pertença. Se situação ou oposição. Nesse caso, não há rota alternativa possível.    

O caminho é árduo
Sem entrar no mérito – e tem muito, diga-se – técnico da reclamação de Jú Negão e as consequências práticas e políticas que possam representar, é preciso entender o seu simbolismo. Dá clara e inequívoca impressão que está se rompendo um ciclo que parecia inabalável. E se me perguntarem se isso é bom ou ruim, posso responder sem medo de errar que já passou da hora de acontecer.

Sem o viés político
O questionamento, nesse ponto, vai de encontro àquilo que pregam os mais fanáticos governistas. Desta vez não é a oposição. Não é o Zé da Mix (PSD), não é o dr. Júlio (DEM) e nem Luizinho da Casa Kühl (PSDB). É um vereador da base aliada de Hadich quem se revolta, e resolve agir. Mais que isso, representa um movimento que deve provocar outros questionamentos. E que seja assim.

E agora, João? Ou...
... seria José? E também não é a nefasta ou jabazeira imprensa, da qual tanto se fala mas falta coragem para apontar nomes. Então não é fato criado pela mídia, mas uma constatação de jornalistas, que têm a obrigação de divulgar à opinião pública. Culpar justamente a imprensa por aquilo que ela divulga é fechar os olhos aos problemas que estão acontecendo diariamente nas esferas administrativa e política.

Números surreais
Tem candidato inflando números da pesquisa Gazeta/Limite Consultoria e divulgando números irreais em suas propagandas. Trata-se de um desvirtuamento dos resultados apresentados, e pode causar sérios danos à própria candidatura.

Estratégia pontual
Todos os dias a Redação da Gazeta recebe reclamações de terrenos sujos, falta de sinalização em ruas e etc. A má utilização dos ecopontos é denúncia constante também. Invariavelmente os repórteres vão à caça de informações junto à Prefeitura, como mandam as boas práticas do jornalismo. Se há denúncia, é preciso ouvir também o denunciado. É de praxe que as respostas cheguem apenas no final da tarde, ou início da noite. Curiosidade: há informações que apontam para uma estratégia nesse atraso das respostas. Alguns secretários estariam instruindo seus funcionários a correrem com o serviço de manutenção para que, no dia seguinte, quando a notícia for publicada, ela já esteja defasada. Ou seja, os serviços tenham sido executados.

Críticar é colaborar
A função da imprensa não é pautar ações de agentes políticos. Nem falar o que a administração pública deve ou não fazer. Mas se houvesse mais atenção com a atuação da mídia, a situação não teria chegado a esse ponto de descontentamento.

Haverá curto-circuito
Todos têm razão. Quem quer cobrar e quem não quer a cobrança também, sobre uma situação criada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que empurrou aos municípios o custeio do parque de iluminação pública. Conforme a Gazeta mostrou na última sexta-feira, o prefeito Paulo Hadich vai mesmo enviar o projeto que cria a taxa – conhecida como Contribuição para Iluminação Pública, a CIP – mesmo contra as pressões de entidades e da própria população. Ele anunciou o envio em reunião na quinta-feira do Conselho Municipal de Desenvolvimento Econômico e Social (COMDES). Vai dar choque na Câmara. Os vereadores deverão ser o fio-terra de todas as insatisfações. Vai precisar de muita fita isolante.

Pergunta rápida
Secretaria de Comunicação Social ou agência de marketing pessoal?

E está confirmado
Entre tantas personalidades e artistas candidatos, mais um desponta para a política. Desta vez é José Alves dos Santos, popularmente conhecido como José Rico, cantor e compositor da dupla sertaneja Milionário e José Rico – que tem casa em Limeira. Com 68 anos, casado e natural de São José do Belmonte, Estado de Pernambuco, ele disputa uma vaga na Câmara Federal pelo Partido do Movimento Democrático Brasileiro, o PMDB. Seu número é 1514. José Rico é candidato sim, só que pelo Estado de Goiás e integra a coligação “Amor por Goiás”, formada pelo DEM, SD, PC do B, PRTB, PTN, PPL, que apoia o candidato Iris Rezende, também do PMDB.

Nota curtíssima
O PSDB já tem candidato oficial a deputado em Limeira. E é mais um forasteiro.

Frase da semana
“A reeleição é a mãe de todas as corrupções”. Do ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, durante palestra em São Paulo. No UOL Notícias-Política. Terça-feira, 16.

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Lição para todos
Entendo que antes de encarar a pesquisa Gazeta de Limeira/Limite Consultoria como um ataque ao seu governo, o prefeito Paulo Hadich (PSB), poderia muito bem tirar algumas lições dos resultados mostrados no domingo e na segunda-feira, para colocar sua administração nos eixos. Não está difícil, não. Basta um pouco de humildade.

Na direção certa
Os números apresentados e a percepção popular indicam, claramente, os rumos que a administração pública municipal deveria tomar. O leme da nau, entretanto, precisa de mãos seguras e decisões rápidas. Mais prática e menos discurso. E sem bajulações.

Sem brincadeira
A defesa apresentada pelo vereador André Henrique da Silva, o Tigrão (PMDB), à Corregedoria da Câmara no episódio do Instagram e a postagem maliciosa no dia da morte de Eduardo Campos em acidente aéreo, é uma verdadeira peça de ficção científica. Inverossímil. Uma peça escrachada contra a nossa inteligência. 

Rugido de tigre...

...ou miado de gato? O BO lavrado por Tigrão, após o corregedor José Eduardo Monteiro Júnior, o Jú Negão (PSB) anunciar o início das investigações, pode servir de inspiração a ficcionistas e humoristas. É uma tênue linha entre o irreal e o achincalhe.

Idade da pedra

A síndrome do pequeno tem vários níveis. Ontem pela manhã, a reportagem da Gazeta esteve no Residencial Recanto dos Pássaros, para produzir matéria sobre um mutirão do “Saúde sobre Rodas” e simplesmente foi impedida por uma mulher , que se identificou apenas com o primeiro nome. Ela chegou a tripudiar sobre a equipe, com passinhos de dança, ao proibir o trabalho dos jornalistas.

E quem manda?
O que chamou a atenção da equipe da Gazeta foi a arrogância dessa pessoa. Parece que é o súdito querendo ter mais majestade que o rei. Ou é ordem do próprio reino, coisa que não acredito.   

A última de hoje
Tiririca (PR), Celso Russomanno (PRB), Paulo Maluf (PP), Baleia Rossi (PMDB) e Pastor Marco Feliciano (PSC). Ninguém merece.

domingo, 14 de setembro de 2014

Efeitos de uma administração mal resolvida

Hoje a Gazeta está publicando mais um tópico da pesquisa de opinião pública que encomendou à Limite Consultoria. De caráter eleitoral e devidamente registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob número SP-00019/2014, a consulta quis saber também sobre a aprovação da administração Paulo Hadich (PSB). E os números não são nada favoráveis ao socialista, que tem em sua base o Partido dos Trabalhadores, ao qual pertence o vice Antônio Carlos Lima. São de fato a expressão real do que pensa a maioria dos entrevistados em relação ao Poder Executivo. Basta um olhar mais atento ao Município e seus problemas estruturais e “imbróglios” judiciais, para perceber que esse resultado é o mais puro reflexo a atuação da atual administração pública municipal, cuja chapa saiu vitoriosa – e de forma convincente - das urnas e em primeiro turno. A disposição do eleitorado em aceitar uma mudança radical no panorama político local, fechado a pequenos grupos e extremamente conservador, não surtiu o efeito desejado. E o que se anunciava como renovação e uma nova forma de governar, acabou na mesmice de sempre.

E será contestada
Cada um, é evidente, defende o seu ponto de vista. E vai puxar, sempre, a sardinha para seu braseiro. Faz parte do jogo democrático. Os números apresentados com certeza serão contestados sob os mais variados argumentos. Inclusive políticos. O que não se pode, entretanto, é contestar a lisura do trabalho levado a efeito por profissionais de alto nível e técnicos-especialistas.

É o cenário atual
É preciso entender a dinâmica da opinião pública, que é fundamental. E basta dar uma folheada nas páginas dos jornais e noticiários de rádio e TV, para entender porque os números não são nada favoráveis ao momento. E que é a representação da pesquisa realizada, mas que pode mudar numa próxima rodada de consultas. Hoje o cenário é este. O chororô, entretanto, é livre a todos.  

O que se mostra
Diariamente esta Gazeta tem sido porta-voz da população, ao retratar problemas que o Município enfrenta. E que não são poucos. Reclamações e denúncias chegam diariamente à redação e poderiam encher várias edições impressas, sem qualquer esforço. Problemas comuns de limpeza urbana a questões estruturais graves, como trânsito e falta de medicamentos no postos de saúde.

A realidade crua
E não há, de momento, qualquer perspectivad de que essa situação vá melhorar. As oportunidades foram e continuam sendo dadas para a reversão desse quadro, mas as críticas e denúncias que diariamente envolvem a administração são de tal grandeza que não há luz possível no fim do túnel. Isso porque havia expectativas sobre uma nova forma de administração, que se mostrou irreal.

Nas entrelinhas...
É interessante que se faça uma leitura técnica dos números que esta Gazeta traz hoje, justamente às vésperas de mais um aniversário de Limeira, que completa amanhã 188 anos. Mesmo porque qualquer interpretação política leva a uma distorção dos resultados ora apresentados. Mesmo porque não é interesse criar clima favorável ou desfavorável ao governo municipal. Apenas alertá-lo.

Pelo sim... ou não
É verdade que não há apenas notícias ruins. O governo de Paulo Hadich (PSB) tem se mostrado sensível sob alguns aspectos da vida municipal, mas peca pelo excesso de discurso e pouca prática. Peca, principalmente, por teorizar e não fazer. E isso cansa o cidadão, que está cada vez mais exigente e, sobretudo, descrente com a classe política. É preciso resgatar essa confiança perdida, antes que seja tarde.

Há surpresas, sim
Na edição de amanhã, a pesquisa fecha o ciclo de avaliações sobre a administração atual. São números e dados que também surpreendem. E mostram que o cidadão está atento, também, ao que de positivo foi construído nesses quase dois anos.

E daqui para fora
E esquenta, a cada dia, a campanha política à corrida presidencial. Se nos Estados quase não há disputa possível, com ampla vantagem aos governos que estão no poder e buscam reeleição, a cadeira principal do Palácio do Planalto é alvo de uma cobiça nunca antes sentida neste país (acho que alguém já disse isso, algum dia...). Os ataques entre os principais concorrentes, a petista Dilma Rousseff, o tucano Aécio Neves e a socialista (?) Marina Silva, estão passando dos limites. Os três resolveram partir para o ataque de forma violenta e virulenta, o que não dá tempo para trazer à realidade – e ao conhecimento do eleitor – o que cada um pretende fazer para pela nação que têm a pretensão de governar.

Vidro muito fino
Busca-se, desesperadamente, o escândalo como forma de angariar dividendos políticos que se transformem em votos. E, nesse quesito, nenhum dos três pode atirar a primeira pedra, pois ela voltará contra a própria vidraça. Isso é fato.

Se desrespeitam...
...as regras fáceis de serem cumpridas, dá para imaginar quando elas se tornarem complicadas. Na última sexta-feira esta Gazeta trouxe matéria, em manchete, sobre o desrespeito à legislação eleitoral no que diz respeito à propaganda visual (cavaletes, cartazes e bandeirinhas). Regra básica e simples de ser seguida, mas  vem dando trabalho à Justiça Eleitoral, que tem endurecido na fiscalização e nas ações para coibir tais abusos. Se pretendem representar a população, na Assembleia Legislativa ou Câmara dos Deputados, esses candidatos devem também dar o exemplo na observância das leis. Precisam saber respeitar para serem respeitados.

Pergunta rápida
A militância de rua do PT pode fazer a diferença e definir a eleição presidencial?

É uma ideia fixa
Em meio a uma fala desconexa, o vereador Aloizio Andrade (PT), que não morre de amores pela imprensa – não é obrigado a isso, mas precisar saber respeitá-la – voltou à carga contra jornalistas e órgãos de comunicação novamente. Foi na sessão da Câmara da última segunda-feira, 8. Sem citar nomes, tanto de jornalistas quanto de empresas de comunicação, ele retomou suas tradicionais acusações a setores da mídia de terem recebido “favores” em administrações anteriores. Talvez o vereador desconheça, mas cabe ao acusador o ônus da prova. E falta-lhe coragem, também, para nominar os profissionais que tanto cita, generalizando as acusações.

Nota curtíssima
Vereador petista Aloizio Andrade está à beira de um ataque de nervos novamente.

Frase da semana
“Se soubesse de irregularidade na Petrobras, teria demitido”. Da presidente Dilma Rousseff (PT), em sabatina do jornal O Globo. No UOL Eleições 2014. Sexta-feira, dia 12.

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

De olho na urna
Muito bem destrinchadas pelos colunistas da Gazeta, as pesquisas encomendadas à Limite Consultoria continuam rendendo. Um verdadeiro banco de dados. Importante guia para muitos candidatos.

Filme conhecido
Os resultados até agora divulgados representam uma dura realidade para os candidatos locais. Transformam a eleição em missão quase impossível, levando em conta o que representa em votos válidos cada ponto porcentual. Sair do Município com três, quatro mil votos não fará nem cócegas a uma vaga na Assembleia ou Câmara Federal.

As muitas lições
As candidaturas se apresentam inconsistentes. Podem, sim, ser positivas, como balão de ensaio para futuras pretensões. Os candidatos têm pouca visibilidade fora do Município e, nesse tipo de disputa eleitoral, a força longe desse domínio local é fundamental para qualquer aspiração.

Onde está ela??
Candidata muito presente em Limeira nas últimas campanhas eleitorais, a deputada federal Aline Corrêa (PP-SP) ainda não apareceu por aqui. Teria desistido de suas ligações “afetivas” com o Município?

Será de arrepiar
Próximos números da Pesquisa Limite Consultoria-Gazeta de Limeira vão tirar o sono de muita gente. Esquentarão a polêmica sobre a popularidade de políticos e da política. Vão causar estragos em muitas vaidades...

A última de hoje
Dilma é a continuidade do que está aí desde 2003; Aécio é o porta-voz clássico do “nhenhenhém” de FHC; Marina Silva representa o atraso à ciência e o fundamentalismo religioso e, os demais, apenas figuração. O eleitor terá uma difícil decisão pela frente.

terça-feira, 9 de setembro de 2014

Título de eleitor não é cartão de crédito

Parece que ninguém aprende com as lições passadas. Os mesmos erros de sempre estão no presente e, consequentemente, não serão corrigidos no futuro. Muito embora a percepção de alguns “maus alunos” aponte para o conhecimento da prática adequada, a teimosia é maior do que a necessidade de fazer o certo. A insistência num discurso de aparências e politicamente correto, que sai fluente, tem óbvia negação na sua própria aplicação. Esconde as rugas do envelhecimento com maquiagem carregada, que sai numa simples lavada. Vai para o ralo no primeiro borrifo de água. E, com ela, a decepção de perceber que a beleza era artificial e corrigida com camadas e mais camadas de uma superficialidade sobreposta, para tentar ocultar a realidade. E só se percebe que a compra foi equivocada quando não há possibilidade de devolução do produto, que tem prazo de validade, mas até lá todos estarão sujeitos aos efeitos nocivos dessa aquisição. Fruto de uma propaganda enganosa que se renova a cada quatro anos e, aqueles que deveriam se beneficiar por essa escolha, acabam sendo traídos em sua confiança ao comprarem apenas embalagem, esquecendo-se do conteúdo.
No próximo dia 5 de outubro, a menos de um mês, portanto, como consumidores ávidos por novidades ou até mesmo para continuar fiel ao produto que já dispomos estaremos, todos, de volta às compras. Após um longo período de exposição das mais variadas marcas e com garantias que ainda desconhecemos – algumas inclusive já vencidas ou prestes a vencer – a decisão tem o som e a rapidez de um simples apertar de teclas, após a seleção da mercadoria que, acreditamos, possa nos satisfazer e às nossas necessidades bem como de toda uma nação, que renova seu estoque periodicamente, sempre imaginando que desta vez não será enganada.
A grande dúvida é se fomos devidamente informados sobre as características daquilo que estamos adquirindo. O discurso muitas vezes indica para o acerto, mas a prática não garante que seu funcionamento não venha apresentar avarias durante sua utilização. Hoje, infelizmente, não dá para dissociar uma eleição, em seus mais diversos níveis, de uma simples compra de supermercado. Temos as gôndolas cheias e só poderemos optar por um, entre os tantos que estão à nossa disposição. E de variedade, forma e apresentação tão diversificadas, para no final ficarem com a mesma aparência. Tudo moldado em uma mesma forma, o que dificulta sobremaneira as nossas decisões. E quando chegamos a esse ponto é porque alguma coisa está errada. Se a convicção não nos acompanha e há um ceticismo exagerado, isso é reflexo da falta de qualidade, como componente às grandes cadeias de lojas e o que querem nos vender. Essas cadeias representadas pelos partidos políticos e os produtos pelos candidatos que estão nas vitrines. O título de eleitor não pode ser confundido com “vale-compra” ou cartão de crédito. E nem o destino de um povo como fatura por uma opção equivocada.

domingo, 7 de setembro de 2014

Vai receber críticas, mas é preciso disciplinar

Manchete desta Gazeta da última quarta-feira, 3, dá a exata dimensão de todos os problemas que motoristas e pedestres enfrentam hoje – principalmente na área central – devido à falta de fluidez do tráfego. As deficiências no trânsito são visíveis e, corroboradas por um sistema semafórico ultrapassado e que não encontra um ponto de equilíbrio, têm tornando a situação caótica. Aliados ao crescimento da frota nos últimos anos e à imprudência e desrespeito de transportadoras e caminhões de carga particulares, que teimam em circular pelo Centro da cidade em horários impróprios e não permitidos, há momentos em que o fluxo de veículos é quase zero. E limitar dias e horários de caminhões, para carga e descarga, é condição imprescindível para que haja alguma melhora. E há dez anos não se faz nada nesse sentido, ou seja, a última alteração regulamentar aconteceu em 2004. E, de lá para cá, as ruas foram sendo entupidas com mais e mais automóveis e nenhuma administração fez mais nada para disciplinar esse convívio entre caminhões, carros de passeio e pedestres. Pelo menos a níveis aceitáveis.

Que saia do papel
Por isso, a proposta de um decreto do Poder Executivo para pôr ordem nessa bagunça generalizada vem em boa hora. Medida que pode até parecer impopular num primeiro momento, mas que trará enormes benefícios mais lá na frente e que podem ser sentidos assim que a nova regulamentação entrar em vigor. Haverá críticas, mas não há outra solução prática para isso.

Medida necessária
O que a secretária de Mobilidade Urbana, Andrea Júlia Soares, está propondo é que não só caminhões pesados, mas os de grande porte também tenham seus próprios limites. E respeitem esses limites, cujos benefícios atenderão a todas as necessidades. De quem precisa trabalhar e abastecer o comércio local, e também de quem utiliza o automóvel para locomoção e trabalho também.  

Fiscalizar. E punir
São ações práticas que, diga-se, outros municípios já enfrentaram. E resolveram. Sem prejuízo para nenhum lado. Tudo o que é preciso é que se cumpra aquilo que for combinado daqui para frente. Num primeiro momento pode causar desconforto, mas os resultados compensarão os sacrifícios. É preciso, entretanto, fiscalização rigorosa e penalizações aos transgressores.

Sentindo na pele...
E não há quem não tenha passado por uma situação dessas. Enfrentar trânsito lento e carregado, em pleno horário de pico. E, o que prova que é necessária essa nova regulamentação de acesso às vias centrais, é a raiz do problema: caminhões de grande porte em manobras pelas esquinas, invariavelmente estreitas, com um efeito cascata inevitável. É comum presenciar exemplos dessa natureza. Todos os dias.

Complementando
Além de tirar os caminhões das ruas, impondo-lhes dias e horários exclusivos, reduzir o tráfego de veículos de passeio seria – como o é, de fato – outra medida necessária. Uma ação complementar que, entretanto, só será possível se o Município oferecer transporte público de qualidade. Que compense ao cidadão deixar seu carro na garagem para realizar suas tarefas diárias, com garantias de que possa cumpri-las.

Política. De novo  
Na sequência da publicação das pesquisas eleitorais, encomendadas à Limite Consultoria, a Gazeta vem trazendo cenários locais curiosos e interessantes. Na estratificação por renda, por exemplo, o governador Geraldo Alckmin (PSDB), candidato à reeleição é o preferido entre os eleitores de baixa renda. E quebra uma tradição de mais de uma década entre um eleitorado considerado petista.

Eleitorado jovem
Marina Silva (PSB) emplaca novamente entre eleitores mais jovens, e abocanha boa fatia na faixa etária entre 16 e 29 anos. Praticamente repete 2010 e, agora com os votos agregados entre outras estratificações. Se vai manter a pegada, ninguém sabe.

O famoso quem?

É na briga por vagas à Assembleia Legislativa e Câmara Federal, entretanto, que a situação revela tensão. Principalmente entre os candidatos por Limeira, que na pesquisa espontânea revela números frios e nada encorajadores. A média de desconhecimento entre os candidatos a deputado estadual e federal é de 81%. Ou seja, os postulantes aos cargos têm menos de 30 dias para reverter essa situação. Uma tarefa quase impossível, levando em conta a quantidade de nomes que concorrem nessas duas esferas. A tendência é que haja uma pulverização e, como venho escrevendo desde o início da corrida eleitoral em sua fase de pré-candidaturas,  remotas chances de Limeira voltar a eleger um deputado.

É vexame à vista
Esse desconhecimento revela o pouco apego dos eleitores com a política nacional. O cidadão está cansado de promessas e nenhuma ação. A possibilidade de que votos brancos e nulos superem os números de muitos candidatos é certa.

O voto minguado
Os números mostrados na edição da última sexta-feira, da Gazeta, se completam com os publicados ontem, com os porcentuais dos candidatos locais, inseridos na amostragem espontânea da pesquisa Limite (808 eleitores e registro número SP-00019/2014 no TSE). Transformando cada ponto porcentual em votos, tem-se a exata dimensão do fiasco em que pode se transformar a corrida entre os aspirantes a deputado limeirenses. Além do que, e sem apresentar nomes aos eleitores, aparecem também os de fora, que invadem o Município nessa época. Mais uma vez, a profusão de concorrentes locais vai se transformando num tiro pela culatra.

Números cruéis
As surpresas não param por aqui. Nas próximas publicações os limeirenses terão conhecimento de outras avaliações, que com certeza vão balançar a estrutura política local. Os resultados não são nada agradáveis às pretensões de muita gente.

Pergunta rápida
Por que o senador tucano mineiro, Aécio Neves, não emplacou sua candidatura?

Bolinha de prata?
Os tucanos estão esfregando as mãos com as denúncias do ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, em delação premiada, sobre o escândalo de Pasadena. Sonham em tentar reverter a situação de seu candidato à Presidência, Aécio Neves, que cai a cada pesquisa. É mais uma tentativa de editar a “bala de prata” da campanha de 2010, como as denúncias sobre Erenice Guerra, então ministra da Casa Civil de Lula, na reta final da campanha daquele ano. Só que desta vez é preciso que o projétil se divida em dois para acertar também Marina, que roubou o segundo lugar do próprio Aécio. O peso da bala pode ser o mesmo do de uma bolinha de papel.

Nota curtíssima
O volta Lula ainda não morreu. Tem muita gente sonhando com essa possibilidade.

Frase da semana
“Achei que era o Suplicy...”. De um feirante na zona norte de São Paulo, ao avistar José Serra (PSDB) fazendo campanha em feira daquela região paulistana. Na coluna Painel, da Folha de S. Paulo. Ontem, 6.

terça-feira, 2 de setembro de 2014

Aberta a temporada de caça à Marina

Com Dilma Rousseff (PT) se apresentando com as bênçãos de seu padrinho, Lula; Aécio Neves (PSDB) escondendo FHC e se postando como grande gestor (deixa muitas dúvidas sobre essa competência), Marina Silva (PSB), a herdeira do acaso, começa a nadar de braçada no mar revolto da corrida eleitoral à Presidência da República. Se os dois principais candidatos – foram, não são mais – estão pessoalizando as respectivas campanhas na mídia e durante o horário eleitoral gratuito, a terceira via, que na realidade se tornou a primeira, apresenta-se como portadora de boas notícias e da “nova política”. Que de novidade não tem nada e também é tão velha como a atual e caminha para o ranço religioso da absurda prática de jogar para debaixo do tapete temas polêmicos e avanços científicos. Somente porque vai contra a doutrina da fé que professa e para fazer coro aos seus pares de crença, que não enxergam um palmo adiante do nariz, que não seja uma leitura ultrapassada dos textos bíblicos. Isso, porém, é outra história.
Não sou eleitor de Marina Silva – e confesso não saber mais de quem sou de fato eleitor – porque ela não tem compromissos com a realidade e tem o pé dentro do barco do autoritarismo, que sua retórica carrega nas entrelinhas. Nesses últimos dias, porém, em que as pesquisas eleitorais – Ibope e Datafolha e da Gazeta-Limite, que trouxeram para o local as perspectivas eleitorais – começam a apontar o favoritismo para a ex-senadora do PT, ex-verde e mentora da Rede (que deve ser seu destino mais à frente), há um clima de caça no ar. Se o discurso – de Dilma e Aécio – não agrega valor programático, mas apenas prestação de contas da petista e de promessas (apenas promessas) do tucano, a conversa daqui para frente deve mudar de tom. Ambos vão se esquecer e devem mirar artilharia naquela que está lhes roubando o protagonismo de até então, a socialista que recebeu, em bandeja de ouro, a titularidade da legenda da qual era apenas coadjuvante. Saiu da condição de “azarão”, como costuma se dizer de quem não tem a mínima chance de vencer uma competição, para franca favorita.        
Essa condição está incomodando demais o staff de campanha dos dois partidos, que vinham polarizando as disputas. E a própria mídia começa a focar mais nas ações de Marina, tanto pela condição de personagem central, que assumiu, como também na investigação de possíveis desvios de conduta, como tentativa de desconstruir a candidata. O que sempre acontece quando há essa inversão num cenário que parecia definido. Se está aberta a temporada de caça à Marina, e tanto PT como PSDB virão com tudo para cima da agora favorita, não se pode subestimar o efeito reverso que isso pode causar. Uma velha e conhecida história do bater e fazer crescer. O que acontece com a massa de pão, que quanto mais apanha, mais encorpada fica. Com o sério risco de crescer tanto e assar antes da hora. Já na primeira fornada.