Pages

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Sejam todos bem-vindos a 2014

O Brasil deve ter um ano atípico. Copa do Mundo de futebol e eleições (quase gerais) serão os ingredientes para um 2014 quente, que já vai pelos seus primeiros dias, esbanjando o forte calor do verão. E pode também ter uma receita ainda mais apimentada, se a esses dois eventos se misturarem doses de manifestação popular, que embora muitos torçam o nariz contra, não estão descartadas. Certamente, se vierem, terão conteúdo muito mais explosivo das que marcaram 2013, a partir daquele histórico mês de junho.
Se os pré-candidatos declarados e futuros interessados em concorrer a um cargo eletivo já estão nas ruas há muito tempo, a militância está cada vez mais disposta a não deixar barato toda e qualquer provocação, seja de que lado for. Encontrando os devidos desvios e brechas que a legislação eleitoral permite e abusando das redes sociais, que estão liberadas ao uso político-partidário, as disputas devem se concentrar mesmo entre o PT, hoje no comando do País, e o PSDB, que tem alvos cobiçados entre os governos estaduais. Verdadeiras joias, que serão disputadas avidamente pelos dois partidos. Uma capital federal e outras tantas unidades da federação, de importância política estratégica à hegemonia partidária. Um querendo entrar no terreiro do outro.
Se ainda é cedo para previsões, constata-se que os blocos de petistas e tucanos já saíram para a batucada e irão aproveitar até o último segundo para fechar o desfile dentro do limite que o tempo exige. E tendo cada um, em sua comissão de frente, duas incontestáveis lideranças nacionais. Fernando Henrique Cardoso, o FHC, que ao que tudo indica foi reabilitado pelo tucanato, e Lula, que nunca foi escondido pelos petistas. Será sem dúvida uma disputa à parte e que pode ofuscar até mesmo as suas duas principais estrelas, o candidatíssimo senador mineiro Aécio Neves (se Serra não roubar-lhe o brilho no último segundo do jogo) e a presidente Dilma Rousseff, que busca sua reeleição. Tudo são conjecturas, que a ciência política nos possibilita, com suas variáveis de erros e acertos. Isso sem contar que há, ainda, uma alternativa a essa rivalidade. O governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), que corre como azarão. Assim como Luiza Erundina, então no PT, era contra Maluf, à prefeitura de São Paulo, em 1988. Esse, entretanto, ainda é um capítulo que começa a ser escrito. E Campos deve gravitar entre uma oposição light e o continuísmo petista, afinal, até há pouco ele fazia parte do governo, do qual não vai querer perder seus dividendos.
Volto agora ao ano atípico, que mencionei lá no início deste texto, e ao porquê dessa afirmação. Se nas duas eleições de Lula, e em uma de Dilma, o PSDB caminhava sem sobressaltos pela oposição, tendo como mote o questionamento da ética do petismo, neste ano isso não será possível, pois há um escândalo que envolve a base tucana paulista, que até agora o partido não tinha enfrentado. O chamado “trensalão”, ou “propinoduto dos trilhos”, originário de um cartel que se formou para obras e serviços no metrô e na CPTM. Com nomes e sobrenomes. Tem tudo para ser uma eleição com propensão ao mau cheiro. Ou não. Vai depender de quem ligar o ventilador primeiro.

0 comentários: