Pages

terça-feira, 16 de março de 2010

Altruísmo ou interesse?

Ano de eleição - ou eleições, como dizem alguns - é uma dádiva. Os pacotes de bondades começam cedo e vêm desde lá de cima até chegar cá embaixo, no município. Apesar de não movimentar candidatos a cargos locais - vereadores e prefeitos - e contemplar apenas os pleitos para o legislativo e o executivo nas duas esferas superiores, estadual e federal, nem por isso deixa de mexer com os ânimos políticos municipais. Por isso não é errado afirmar, que pelo fato de não ser geral, a escolha de deputados, senadores, governadores e presidente da República passa como um furacão pelas cidades de maior porte, em condições de eleger representantes para Assembléias e Câmara dos Deputados. E com mais de 190 mil eleitores, não dá para deixar Limeira fora desse páreo.
Como em ano de eleição se respira política por todos os poros, fica difícil de não pensar e escrever sobre a importância e as mazelas resultantes de cada modo de se fazer política. No sentido amplo que essa ciência representa, desde a origem da palavra na Grécia antiga, politéia, que se referia a polis, ou cidades-Estado, ao seu mais conhecido significado e definição: a arte de bem governar os povos. Hoje, infelizmente, esquecidos pela maioria dos homem públicos, vislumbrados apenas com o poder e os benefícios que podem tirar dela a todo instante e a custo quase zero. E se não há como falar única e exclusivamente da política como ciência, tem que se falar obrigatoriamente da política-poder, hoje incrustada na cabeça da maioria desses homens públicos, que esqueceram todos os ensinamentos sobre a arte de fazer política, optando pela arte de se fazer na política.
E Limeira não é diferente disso. Não há como desvincular a realidade daqui da vivida no resto do País. Se os pretextos utilizados são os da busca pelo bem comum, como meio para se eleger, os fins nem sempre estão atrelados a esses propósitos. Basta ver a quantidade de pré-candidatos anunciados até agora - muitos são balões de ensaio, verdadeiros blefes e até mesmo moeda de troca - o que mostra mais o interesse pessoal do que o coletivo, pela divisão de votos que vai gerar e a quase certeza, caso esse quadro se mantenha, de a “sede ao pote” matar muita gente afogada ou até mesmo quebrar esse pote. Há interesses em jogo, que vão muito além de propostas altruístas e da representatividade séria de Limeira. Há, sim, muito apego ao autobenefício político e à demarcação de território, cujo objetivo é o fortalecimento dos grupos que representam. Sejam eles situação ou oposição.
Caso tenha sido muito cruel nesta análise e crítico além do limite, lanço um desafio aos chamados pré-candidatos: que se unam todos em torno daqueles que mais chances de se eleger tenham, para garantir uma representatividade, agora real, segura e forte, ao município, tanto na Assembléia Legislativa como na Câmara Federal.

Antonio Claudio Bontorim

0 comentários: